A máquina biológica, por Joaquim Vitorino
Quando em 1990 Carl Sagan se referiu na revista Parade, a uma foto enviada para terra pela Voyager 1 tirada próximo de Saturno, a 6.400 milhões de quilómetros de distância da Terra, o famoso Astrónomo comentou entusiasmado; é aqui a nossa casa!, somos nós aquele pálido ponto azul.
Carl Sagan – O Grande Astrónomo do século XX
A 19 de Julho de 2013, a sonda Cassini transmitiu para Terra uma foto idêntica, tirada a 1.400 milhões de quilómetros na periferia de Júpiter.
O astrónomo despertava com Pale Tiny Blue Dot “Pálido Pontinho Azul” a comunidade científica, para o posicionamento do homem num local insignificante algures na infinita vastidão do Universo.
Todavia foi neste pequeno pontinho azul “Planeta Terra” que eclodiu a vida; e que numa longa e complicada evolução, surgiu a mais complexa máquina biológica o homem.
Sem diminuição de valor dos nossos companheiros de habitat, que são todos os outros animais que connosco partilham a Terra; alguns deles, ainda se encontram em processo evolutivo que os pode conduzir à inteligência.
Outros estão hoje muito mais avançados do que nós estávamos há 5 milhões de anos atrás; esse tempo equivale, a menos de um milésimo de segundo na escala Universal.
O Homem é uma máquina biológica quase perfeita; um dos grandes enigmas deste fantástico ser biológico, é que para além de representar o vértice da inteligência animal é também dotado de consciência; o que lhe dá o conhecimento do seu real posicionamento na Terra face ao Universo.
Dotado de uma componente espiritual, “pressupostamente” associada à consciência, deixa todavia uma questão que divide a ciência e a filosofia; terá o Homem sido um acidente colateral no complicado processo evolutivo, ou teria sido “programada a sua evolução” há milhares de milhões de anos atrás? provavelmente ainda muito antes da formação da terra, que tem um terço da idade conhecida do Universo 13.7 mil milhões de anos.
Para além da inteligência que também a reconhecemos em menor grau a outros animais, o homem tem ao seu dispor atributos que não sabe explicar, sendo ainda muito cedo para deles tirar vantagens; ou ainda não tem condições de os utilizar em segurança, para ele e para os “Seus Criadores” vamos chamar-lhe assim.
O homem está a avançar em áreas como as da parapsicologia, manipulação da matéria, e domínio total ou parcial da física e da mecânica Quântica; o que pressupostamente o levará a patamares que ainda é difícil de prever ou mesmo imaginar.
Por curiosidade, o sol que é a Estrela que nos “alimenta” já consumiu metade da sua energia; e também da duração de vida, que irá ter aproximadamente 10.000 milhões de anos.
A continuidade do (processo se ele existir) também depende de nós; que não cuidámos deste pequeníssimo local de onde não podemos sair, porque ainda não temos tecnologia para o fazer.
Os humanos vivem numa prisão de alta segurança de onde ainda não é possível escapar, até construirmos máquinas para viajarmos para as Estrelas, em busca de um habitat em substituição da Terra, quando esta já não oferecer condições mínimas de habitabilidade.
Seria uma pena que depois de tanto sofrimento ao longo de toda a nossa existência (1,5 milhões de anos, que quase no final tudo estivesse perdido; e não podermos deixar a outras civilizações extraterrestres, a vaga possibilidade de saberem que estivemos aqui; e que esta foi a nossa casa, durante um curtíssimo espaço de tempo.
A nossa Galáxia tem 120.000 anos-luz de diâmetro, e nós estamos posicionados numa espiral situada a 30.000 anos-luz do centro; (a luz viaja a 300.000 quilómetros por segundo; se eu fosse um extraterrestre em busca de vida inteligente jamais a iria procurar neste local, mas sim no centro da Via látea.
O Sol é uma fraca “Estrela amarela”, e a Terra um insignificante planeta que num longo percurso, permitiu o desenvolvimento de seres de constituição biológica inteligentes, que contaram com condições especiais que aqui existiram e que se vão apagar no tempo; nunca chegando ao conhecimento de outras civilizações, que venham a surgir algures no Universo, ou numa zona periférica de 15.000 anos-luz de distância; o que vai acontecer senão conseguirmos sair daqui.
Se for esse o desfecho da nossa presença na Terra, então os humanos terão protagonizado num pequeníssimo espaço de tempo, o maior drama cósmico de todos os tempos.
Desde Gagarini e Amstrong respetivamente o primeiro homem a orbitar a Terra e a pousar na Lua, que se tem feito um espantoso, inexplicável e quase milagroso avanço tecnológico onde as notícias, não param de nos surpreender.
Para o cidadão comum tudo não passa de uma normalidade que a concorrência nos impõe, mas a ciência que se tem mantido reservada sobre este tema não pensa assim; está a acontecer algo que não passa ao lado da investigação científica liderada pela NASA, ESA e também as agências espaciais Russa, Japonesa e Chinesa em busca de uma pista que nos aproxime um pouco mais, da predestinação destas máquinas biológicas que são os humanos.
Não podemos perder mais tempo; precisamos no mínimo de mais 1000 anos de evolução tecnológica para podermos dar continuidade à nossa espécie; para isso temos que defender tenazmente o clima do Planeta, e poupar recursos energéticos fósseis, e avançarmos na pesquisa de outras fontes de energia como a “fusão nuclear” para termos condições de permanecer na Terra mais 2000 anos, até conseguirmos dar o (salto) para as Estrelas em busca de um Planeta que tenha as condições para o homem salvar a sua espécie.
Nunca os humanos estiveram tão perto de auto extinção como neste momento; ameaça que por ironia vem de um país que foi pioneiro na conquista do Espaço, com o primeiro humano a orbitar a Terra Iuri Alexeievitch Gagarin, no dia 12 de abril de 1961 a bordo da Vostok I.
Pale Tiny Blue Dot “Pálido pontinho azul”
OBS: À memória de Carl Sagan, o grande Astrónomo do século XX; que publicou mais de 20 obras relacionadas com o tema, entre as quais “Os Dragões do Eden”, com o qual ganhou o prémio Pulitzer.
Joaquim Vitorino – Astrónomo Amador