
A dúvida, tem que dar lugar à esperança, por Joaquim Vitorino

Papa Francisco I
Vivemos na religião mais desigual do Mundo; palavras ditas pelo Papa Francisco, quando se referia à grande assimetria social que se vive dentro da comunidade cristã, de que ele é o líder máximo, e, também um dia afirmou, que muitos de nós trata melhor os seus cães, do que os seus irmãos.
Eu compreendo Francisco, porque ambos sabemos o que é a pobreza; eu que a vivi na pessoa, e Francisco, que conviveu diariamente com ela, nos guetos pobres de Buenos Aires – Argentina o seu país Natal.
Os verdadeiros cristãos, não podem deixar o Papa Francisco isolado com o “ónus” desta denúncia; porque quebra toda a essência de valores e deveres de um cristão.
Francisco sabe, que está em grande desvantagem face às forças em presença; que apostam na pobreza dos outros para fazerem fortuna; e ainda os que angariam os votos no meio dela para chegarem ao poder.
Não faz sentido que países como Portugal e Espanha que há mais de 500 anos foram pioneiros no missionarismo, tenham em poucos anos transformado as suas Nações, nas maiores fábricas de pobreza do mundo cristão, onde se juntam a Itália e a Grécia.
Tem sido precisamente nestes países, onde ultimamente mais tem crescido o número de milionários; a grande maioria deles, saídos das elites políticas que em nome do socialismo e da social-democracia, têm governado estes países.
Através dos tempos, a pobreza teve sempre destinatários e quem lucre com ela; mas não faz sentido que nos dias de hoje, se assista à maior assimetria de sempre no mundo cristão; que tem o dever de marcar a diferença sem a qual, está a perverter os ensinamentos de Jesus.
O Papa Francisco, “tocou frontalmente” nos verdadeiros artífices da pobreza Mundial, ou mais concretamente naqueles, que nada fazem para a debelar porque tiram benefícios dela.
Muitos fazem-no em nome da democracia, cujas leis são eles os próprios obreiros, para enriquecerem à custa delas; tudo em nome da “liberdade”, do socialismo e da democracia dos povos, onde muitos dos ideais resvalam para a ganância e a insensibilidade ao sofrimento alheio, em nome do poder do dinheiro que tudo compra; até a dignidade que muitos vão perdendo, sem se darem por conta. Francisco sabe que “Deus entrega as mais importantes Batalhas aos Seus melhores soldados”, mas ninguém vence sozinho na vida; como um dia desabafou.
A dimensão de Francisco, há muito que ultrapassou a religião a que pertence que é o Cristianismo e tornou-se na voz Universal dos povos; em prol da justiça, da igualdade, e da fraternidade.
Francisco tenta sensibilizar o Mundo para o flagelo da fome, uma consequência da grande assimetria social no Planeta, que nunca sofreu como neste momento uma tão grande concentração da riqueza; não só entre pessoas, mas também Estados; muita desta assimetria nem é do conhecimento público.
Metade da riqueza do Planeta está concentrada em apenas 62 pessoas, 8 das quais, possuem no seu conjunto 426 mil milhões de dólares, tornando cada vez mais difícil e inacessível, a sua distribuição a quem vive no limiar ou na pobreza extrema.
Francisco está determinado, a romper com alguns velhos paradigmas dentro da própria Instituição a que Preside, onde a postura perante a situação dos migrantes, lhe granjeou inimigos internos; mas ele é acima de tudo um missionário, que não irá desistir da sua missão; que é levar a esperança aos injustiçados, que já não são uma pequena minoria da população Mundial; que estão na origem dos muitos conflitos em curso, e de outros “mais graves” que nos esperam.
A notícia da possibilidade de Francisco vir a renunciar é falsa.
O Papa é um Homem corajoso, que não teme pela sua vida; como várias vezes o demonstrou, ao fazer-se transportar em carro aberto em países como o Brasil e as Filipinas entre outros.
O Papa Francisco, é a única voz firme e credível no combate sem tréguas contra a pobreza extrema; e muito poucos foram aqueles, que estiveram tão perto de Deus como ele.
- Joaquim Vitorino, Director
