À beira do colapso
À BEIRA DO COLAPSO
Num discurso emocionante e cheio de realismo, o Secretário Geral das Nações Unidas António Guterres lançou o alerta; dois anos, é quanto nos resta em tempo útil para inverter a agressão ao ambiente; depois, será tarde demais.
O crescimento demográfico e industrial, tem nos últimos anos arrastado a Terra para o perigo quase irreversível da contaminação tóxica do ar que respiramos, da água que bebemos, e dos solos que nos alimentam; arrastando o planeta para uma catástrofe de dimensões de difícil previsão; sendo o primeiro alerta já dado pelo declínio dos Oceanos, em que algumas das espécies, se estão a extinguir sem darmos conta, mas que são aos milhares anualmente.
Outras vão-se afastando das orlas marítimas, para se protegerem da poluição costeira.
Quase 90% da população mundial vive à beira dos Mares e Oceanos, ou dos grandes rios onde tudo é despejado como se de lixeiras se tratasse; quanto maiores são os aglomerados populacionais, maior será a poluição periférica; forçando os pescadores a uma deslocação cada vez mais distante, para alimentarem os formigueiros humanos que habitam e poluem as grandes Cidades costeiras. Este drama, terá consequências dramáticas quando para além dos Mares e Oceanos, forem severamente afectadas as zonas agrícolas periféricas das grandes Cidades, que ficam saturadas pela poluição dos solos e da atmosfera; forçando à deslocação de grandes Metrópolis, algumas delas terão em breve duas vezes a população de Portugal.
A exemplo; só em duas Cidades como São Paulo e Cidade do México, dentro de 25 anos terão mais população juntas do que a Espanha.
Quanto ao ar que respiramos, estamos a chegar próximo do limite concebível, com a situação a agravar-se radicalmente sem que nos apercebamos; efetivamente, o que nos permite respirar oxigénio e usufruir de uma temperatura moderada, está a chegar ao fim; tendo o processo entrado em rápida aceleração. O recurso às energias fósseis, está na origem da degradação do clima; que sofreu uma exponencial ruptura, com o crescimento dos países emergentes, como a China e India, que em 10 anos duplicaram o consumo; lançado na atmosfera os ingredientes suficientes para acabar com a vida na Terra, transformando o habitat do homem semelhante a Vénus, onde as temperaturas excedem os 400 graus; e o ácido sulfúrico à superfície, mata qualquer ser biológico em menos de 5 segundos.
Uma fina película de 1000 metros que separa a crosta terrestre da zona respirável, é tudo o que temos para sobreviver; porque um pouco mais acima, as temperaturas atingem mais de 50 graus negativos; e a 3000 metros não existe oxigénio para respirar.
Os buracos na camada superior do ozono são cada vez maiores, e estão na origem do aquecimento global; colocando em perigo iminente toda a estabilidade do nosso Planeta. Lamento traçar este quadro negro mas não tenham dúvidas, de que se nada for urgentemente feito em defesa do ambiente, num futuro que não está muito distante, não haverá alguém para poder comentar o que acabo de escrever. Se não se inverter o fluxo de populações que se concentram nas orlas marítimas e nas margens dos grandes rios, a situação irá agravar-se rapidamente; colocando o planeta numa situação de insolvência alimentar, que será acompanhada de conflitos locais e globais; com já estão a acontecer um pouco por toda a parte.
Os humanos, para sustentar o avanço tecnológico onde é de realçar a corrida ao armamento; desventraram o Planeta para dele extrair minérios e petróleo, deixando grandes cavidades no subsolo; onde em alguns locais o enfraquecimento da crosta pode levar ao seu abatimento, provocando sismos; que se forem subaquáticos, podem dar origem a tsunami. O perigo de não retrocesso é mais que evidente, o que para os humanos pode parecer um processo lento, para a natureza já vai bastante avançado.
A deterioração das lixeiras oceânicas, é superior em tempo a uma civilização; e as montanhas de plásticos acumulados nos fundos dos mares e oceanos, estão a crescer a um ritmo assustador; tudo em consequência do que se extrai do subsolo para alimentar o crescimento da população mundial com grande incidência nos referidos países emergentes, que estão numa fase imparável de crescimento económico; e embora compareçam nas cimeiras do clima como aconteceu em Paris, dificilmente vão subscrever qualquer acordo que ponha em risco o seu novo estatuto, de colossos da produção Mundial. Exigir a pequenos países como Portugal algumas medidas em defesa do ambiente é para ter em linha de conta, mas apenas como exemplo; porque não representam mais que um grama de peso, no dorso de um elefante com duas toneladas.