Em dia de Reis, quem seria hoje o Rei de Portugal?
A existência de pretendentes ao trono de Portugal (vacante desde 1910, que como se sabe foi em consequência do assassínio do Rei Dom Carlos I e de Seu filho Dom Luís Filipe Príncipe Real, o que levou D. Manuel II o último rei de Portugal a abandonar o seu país para o exílio dois anos mais tarde, continua a deixar em aberto o regresso à Monarquia.
De início o povo português, pensou ser um afastamento provisório do jovem Rei até que a “casa fosse arrumada”, mas, os seus defensores internos não mexeram uma palha, para inverter a trágica situação; a seguir a conjuntura internacional determinou, que não existiam condições para o regresso do Rei D. Manuel II.
O que se passou a seguir todos nós sabemos; as revoluções internas a sucederam-se umas às outras num ritmo devastador, e várias Nações a serem destruídas com a primeira Grande Guerra em que Portugal também foi tragicamente envolvido.
Com o país no ponto mais baixo de sempre, seria fácil o aproveitamento de alguém que em nome da ordem, governou o país como entendeu durante mais de quatro décadas.
Hoje em democracia, todos sabemos que o atual regime “a República” falhou o compromisso com os cidadãos portugueses, porque, não obstante a monstruosa dívida contraída em seu nome, não os tirou da pobreza e colocou Portugal no ranking dos países mais subdesenvolvidos da Europa, com a mais baixa taxa de literacia, e mantendo há 10 anos sem interrupção uma alta taxa de emigração de licenciados; o que nos retira a possibilidade de levantarmos Portugal, sem um enorme sacrifício das duas próximas gerações; o que será uma tremenda injustiça, porque não foram as beneficiárias da enorme dívida que esta geração (25 anos) contraiu.
Neste contexto, só um amplo movimento de cidadania poderia devolver Portugal a um regime Monárquico, o que não deverá acontecer nos próximos 50 anos (duas gerações), porque os portugueses foram deseducados e (bloqueados no Art 288 da Constituição da República) para não poderem ter um Rei.
Todas as vantagens para os portugueses de uma Monarquia Constitucional, que foi interrompida em 1910, teria que começar imediatamente a ser ensinada nas escolas de infância e primária, para que as duas gerações seguintes, compreendessem a história do seu país; e o que se passou após o regicídio de 1908, para livremente poderem escolher em referendo a melhor opção para o seu futuro.
Contam-se pelos dedos de uma mão, aqueles que nascidos num país rico tivessem à época algum interesse em vir para o nosso país, que acabava de iniciar a mais dramática fuga para a Europa, Brasil, EUA, Argentina e resto do Mundo.
Este drama, ficou tristemente conhecido como “O SALTO” quando aldeias inteiras ficaram quase desertas, e a pobreza extrema em Portugal atingiu o limite. A revolta silenciosa dos portugueses por motivo da guerra no Ultramar, levou a que Salazar utilizasse a polícia de Estado (PIDE) contra o descontentamento popular; o que obrigou muitos portugueses a emigrar, até porque não existiam outras alternativas. A República que se resguardou no Artigo 288 acima referido, e com o qual empobreceu e endividou o país, não deixou aos portugueses uma ténue esperança de um regresso à monarquia, que os retirasse de um tremendo cativeiro onde a única opção era a fuga.
Em todo o Mundo, se sabia que Portugal estava no ponto mais baixo da sua História, e tinha caído no descrédito total, tendo sido poucos os portugueses que tiveram autorização para sair as fronteiras, o que transformou o nosso país num verdadeiro “Arquipélago de Gulag”. Entretanto vindos do exílio decretado há mais de 100 anos, chegava a Portugal (com a autorização do Estado Novo) a família de Duarte Nuno que logo se assumiu como um dos pretendentes ao trono de Portugal numa estratégia provavelmente concertada entre acolhedores e acolhidos, que viria a penalizar gravemente o futuro dos portugueses, que por na sua esmagadora maioria não conhecerem a História do seu país, foram involuntariamente aliados de Salazar ao não lutarem por uma Monarquia Constitucional.
Portugal que ao tempo se degradava em pobreza e descrédito, foi inclusive condenado nas Nações Unidas por unanimidade dos Estados, pelo caudal de pobreza em que o povo português estava mergulhado, e o cerco apertava-se contra Portugal com o país a ficar no isolamento com exceção da Rodésia e da Africa do Sul; o que deu origem a uma onda de descontentamento interno, com a PIDE (polícia de defesa do Estado) a prender pessoas num simples critério de suspeição, que deu lugar a uma dramática e desordenada fuga do país, que começou a formar guetos um pouco por toda a Europa; sendo o mais tristemente famoso, o “Bidonville português de Champigny” em França.
É neste contexto, que a história de Portugal tem que ser lembrada, para que as gerações seguintes possam avaliar e julgar, o papel desempenhado pelas partes; ou para ser mais claro, que nestas condições quem não se colocou ao lado dos portugueses, ou que apenas se remeteu ao silêncio e conforto, não pode reclamar para si algum papel preponderante na história futura do nosso país.
Duarte Nuno e seu filho Duarte Pio, há mais de 60 anos que se instalaram em Portugal; acompanharam a evolução da tragédia do povo português, que enfrentou uma guerra de 14 anos no Ultramar que à partida já se sabia perdida pelos estrategas militares, mas, nunca se assumiram como uma alternativa, para poderem servir Portugal e os portugueses.
Este compromisso e postura foi (provavelmente determinante), para que Salazar autorizasse a sua vinda para Portugal, alterando assim o curso da história deste pobre país, que hoje podia ser uma Monarquia Constitucional próspera e rica, e com a verdade devidamente reposta.
Deixo aqui um desafio a todos os pretendentes à Coroa, para que seja sua a iniciativa, de um movimento de cidadania pacífica, visando esclarecer os portugueses da incomensurável vantagem em viver numa Monarquia.
J. Vitorino – Jornalista – Diretor
OBS: À memória de D. Carlos I de Portugal, do Príncipe Real Dom Luís Filipe e de seu irmão D. Manuel II o último Rei de Portugal.