
A terra, o Homem e o Universo
A Terra, o Homem e o Universo
A Aula Magna da Universidade de Lisboa, foi aberta para o tema a “Ciência e Universo”.
O evento que teve o patrocínio da Fundação Francisco Manuel dos Santos, não foi por motivos que desconheço divulgado a toda comunidade científica; para que a presença dos nossos investigadores cuja ausência foi notada, pudesse enriquecer o encontro com os ilustres convidados.
Notei que as Universidades de Aveiro, Minho e Porto só para dar um exemplo, não estavam ali representadas; ou se estavam, não interferiram no debate.
Os 4 convidados são reconhecidos cientistas e também excelentes oradores, com destaque para Michio Kaku a quem tive oportunidade de cumprimentar, e Carolyn Porco que foi conselheira do filme “O Contato” com Jodie Foster na principal protagonista, uma história adaptada do livro com o mesmo nome, do famoso astrónomo americano Carl Sagan.
Michio Kaku foi a vedeta do Forum, que contou com a apresentação do astrofísico Vitor Cardoso.
Michio subiu ao palco em conjunto com Carlo Rovelli o que não devia, porque a teoria que cada um defende para a expansão e contração do Universo não é a mesma; o que em caso de haver perguntas, as respostas teriam que contrariar um dos dois intervenientes.
Criança em busca do Universo desconhecido
Coube à astrobióloga Zita Martins, a apresentação de Carolyn Porco.
Zita que domina muito bem o inglês que foi a língua utilizada no Evento, deu pouco espaço à convidada; passando parte do tempo a tirar partido naquela grande montra que é a Aula Magna da Universidade de Lisboa; quando a meu entender deveria limitar-se à apresentação da convidada, mas compreende-se que aquele é o local ideal, para a elevação pessoal de qualquer professor.
Os outros dois intervenientes foram Adam Rutherford e Carlo Rovellie, que mesmo com o tempo limitado deixaram entender que vinham muito bem preparados para este debate.
Estão em curso grandes acontecimentos que não foram ali abordados, como é o caso dos dois Telescópios gigantes que estão a ser construídos nos desertos do Atacama no Chile, na Austrália e Africa do Sul respetivamente, e foi pena que por falta de tempo, não tivesse sido abordada as grandes expectativas da comunidade científica acerca dos dois maiores instrumentos que vão estar ao dispor da ciência brevemente; porque vão dar uma possível resposta a tudo o que foi abordado e especulado neste encontro sobre “Ciência e Universo”.
Adam Rutherford foi apresentado por Maria Manuel Mota, e Vitor Cardoso esteve muito bem na apresentação de Michio Kaku e Carlo Rovelli.
Lembro que Zita Martins e Vitor Cardoso, foram agraciados em 2015 pelo então Presidente da República Professor Aníbal Cavaco Silva, com a Ordem Santiago de Espada.
Falar do tema Universo é sempre um salto no desconhecido, como é também a origem da vida como foi levada ao pormenor por Carolyn Porco, mas podia ter ido um pouco mais longe; porque a vida não foi forjada na Terra, mas sim no interior das Estrelas de neutrões há biliões de anos.
A cientista americana, falou ainda da incrível complexidade que é chegar ao ser biológico que é o homem, que atingiu um inacreditável nível de inteligência que lhe dá o privilégio de entender e pensar o Universo.
Falou-se do Big Bang que na opinião de Michio Kaku, teria tido a origem numa “colisão” com outro mundo paralelo; uma teoria que defende no seu livro Mundos Paralelos.
Carolyn Porco, foi brilhante ao apresentar a vida como um puzzle e enigma de difícil explicação, pela sua complexidade estrutural; desde o Big Bang há 13,8 mil milhões de anos ao aminoácido que é a mais pequena partícula de vida, que posteriormente em processo evolutivo dará origem ao homem e evidentemente a toda a vida animal na terra.
A Terra vista do horizonte lunar em 1968
Não se falou da existência Deus, porque essa seria, a pergunta que eu teria colocado a Michio Kaku e a Carolyn Porco.
Quando os grandes Telescópios E- ELT e Square Kilometer Array estiverem ao serviço da ciência em 2025, terão como objetivo não só a busca por inteligência extraterrestre, como também uma tentativa de contacto com seres muito superiores ao homem.
Esperamos sinceramente que esses eventuais seres, sejam muito melhores que nós humanos; porque se nós constituirmos qualquer ameaça para eles, será o fim da nossa espécie; este cenário, há muito que está a ser equacionado na NASA.
Com toda a certeza que não coube à Fundação Francisco Manuel dos Santos a quem agradeço a minha presença no evento, a responsabilidade da decisão de quem deveria ter sido convidado para poder enriquecer o debate do encontro “Ciência e Universo”.
Foi pena não se ter aproveitado a presença em Lisboa dos convidados acima referidos, para dar ânimo aos nossos investigadores e professores, nestas áreas tão importantes em que tudo se jogará muito em breve.
Não obstante os reduzidos apoios e meios que têm, as nossas Universidades teimam em dar o melhor aos seus alunos; que como disse Michio Kaku, os portugueses foram os pioneiros em tantas coisas no passado, que é um privilégio e prazer estar ali naquele momento.
Quem sabe estamos a reviver a época quinhentista, que foi a única de ouro para Portugal; em que os nossos navegadores, se orientavam pelas Constelações e Estrelas que eles tão bem conheciam.
Na verdade, os portugueses foram os grandes astrónomos daquela época.
J. Vitorino – Diretor
Astrónomo Amador
