Bento XVI, o Papa da Transição

Bento XVI, o Papa da Transição

                                             

BENTO XVI, o PAPA da TRANSIÇÃO.

 

Não estarei longe da verdade, se afirmar que Joseph Ratzinger “Bento XVI” faz parte da trilogia de Papas que está na origem da grande viragem, que se está a assistir em Roma (Vaticano).

Este extraordinário Homem, dotado de rara inteligência e de grande perceção, sabia que a sua ascendência alemã ditaria a interrupção do Seu Pontificado, para poder levar em frente a mudança urgente de que a Igreja tanto necessita.

Bento XVI possui as características ímpares exigíveis ao momento conturbado da humanidade; como a coragem e o sentido do dever.

Em apenas dois anos 2011/2012, “numa grande limpeza” expulsou da Igreja 400 padres por abuso de crianças, e “orquestrou” com o seu antecessor, a abertura do caminho rumo à grande mudança.

 

Joseph Ratzinger aos 14 anos de idade

 

Joseph Ratzinger alistou-se na força aérea alemã aos 14 anos de idade, tendo sido feito prisioneiro pelos Aliados pouco tempo depois; este seu passado nunca pesou na grande amizade que o unia a Karol Wojtyla de origem polaca, e perdurou antes e durante o Pontificado de João Paulo II, que foi o primeiro desta “Trilogia da Mudança”.

Não obstante eu não ser um determinista convicto, vergo-me perante a evidência de que os últimos três Papas fazem parte de um “puzzle”, em que cuja missão é uma alteração profunda na Igreja Cristã, e em todo o conceito que envolve o Cristianismo desde há 2.000 anos.

O tempo urge e os sinais já foram dados; o que está a acontecer em todo o Mundo são mais que uma preocupação para Roma; a situação reveste-se de total emergência e o Papa Francisco a seu pedido, reuniu recentemente com os Líderes Mundiais de outras religiões; tendo inclusivamente visitado o Iraque, uma viagem de alto risco para a sua vida.

O médio Oriente foi desde a antiguidade, um local de grandes conflitualidades civilizacionais e religiosas e palco dos grandes acontecimentos que marcaram a humanidade; sendo ali que surgiram as pedras basilares de duas das maiores religiões do Mundo a Católica e Muçulmana; em que os conflitos locais e regionais foram sempre um entrave à sua aproximação.

Quando da elevação de Francisco a Papa, escrevi dois artigos sobre esta zona em permanente conflito; Mártires e Heróis de Lampedusa, imediatamente a seguir à proclamação de Francisco que fez a sua primeira visita à ilha mártire, e Quo Vadis Síria “para onde vais Síria” pouco tempo depois do início da guerra civil naquele país.

A situação reveste-se de uma enorme gravidade, porque o radicalismo está a estender os tentáculos aos países da região; não se tratando em ambos os casos de apenas um conflito religioso, mas sim de uma limpeza étnica.

O grande caudal de povos em deslocação permanente no Norte de África e nas zonas controlados pelo Autoproclamado Estado Islâmico, é um desafio nunca colocado ou sequer pensado pela civilização moderna; em que as fileiras dos radicais são repostas com massivas adesões e recrutamento fácil através das redes sociais.

O medo e o terror chegou a toda aquela vasta área, e está a estender-se em todas as direções; mesmo aqui às portas da Europa.

Francisco e Bento XVI sabem o que têm pela frente, porque não se trata apenas de um conflito de carisma religioso; as proporções deste drama humanitário, está a configurar tratar-se de um conflito muito mais amplo e grave; que em comparação com a “Guerra Santa” convocada pelo Papa Urbano II no ano 1095 para a libertação de Jerusalém, esta parecerá um conflito religioso de relevância limitada.

PS: À memória de João Paulo II; e à grande coragem e humildade do Papa Francisco e de Bento XVI, que abdicou ao serviço da grande “Causa” que ultrapassa no atual contexto uma religião, passando a um escalão muito superior; em que os direitos humanos e a própria sobrevivência da nossa espécie está em risco iminente.

 

J. Vitorino  –  Jornalista  –  Diretor

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