
Berço de Palha, o selo do infortúnio
Berço de Palha
Marginalizados pela sociedade à nascença e vistos como futuros criminosos, eles são todos aqueles que tiveram a infelicidade de terem nascido em berço de palha; a quem no futuro, os bafejados pela sorte irão chamar de marginais.
As assimetrias entre ricos e pobres que também se fazem sentir entre as Nações, atingiram um nível preocupante.
Para dar enfase a esta desigualdade, os países foram rotulados de Norte e Sul; sendo os primeiros os novos senhores da Europa, enquanto no passado os segundos a exemplo de Portugal e Espanha, espalharam cultura e conhecimento pelos cinco continentes, foram também marcados como do Sul.
Nunca é demais lembrar que Espanha e Portugal, dominaram os mares dezenas de anos antes de outras Nações lhes seguirem a peugada.
Vamos até à parte oriental do Continente europeu e encontramos a Grécia que foi o berço da atual Civilização, que também é rotulada pelos do Norte como um país do Sul; fazendo parte do grupo onde se juntam a Espanha, Portugal e Itália, todos considerados uma espinha na garganta dos povos “agora ricos” do Norte da Europa.
Os países do Sul como Portugal, que receberam dos parceiros ricos da Europa milhares de milhões de euros a fundo perdido, nada serviu para retirarem as suas populações da pobreza extrema, em consequência de políticas de integração europeia mal avaliadas e a pouca transparência de quem as aplicou, transformaram em poucos anos os seus países em “fábricas de pobreza” sem fim à vista; arrastando dezenas de milhões para a miséria e a marginalidade, que é uma porta aberta ao crime e degradação social.
Nas grandes Cidades os efeitos são de fácil imaginação; onde crianças e idosos abandonados à sua sorte vão ser às dezenas de milhares; tudo em nome da austeridade imposta por quem se esqueceu que num passado recente, foi a generosidade dos países do Sul que os ajudou na recuperação económica, e também na sua independência.
Num discurso direcionado para os países do Sul que visava Portugal e Grécia; uma líder do Norte afirmou que a austeridade nos países do sul será para continuar; sentindo-se apoiada pelos seus parceiros ricos, e sem medir as consequências que mais austeridade pode trazer aos países do Sul, não teve uma palavra ou um gesto de solidariedade para com os países que estão sujeitos a grande pressão social, em consequência da pandemia e à situação económica e financeira motivada pela dívida pública.
O tratamento que está a ser dado aos povos do Sul da Europa não é o normal entre Nações Soberanas, que não devem aceitar serem tratadas como lixo.
A entrada precipitada de Portugal na União Europeia, foi um vendaval que varreu Portugal por várias gerações; comprometeu a nossa independência, e arrastou para a pobreza mais de 6 milhões que estavam a sair dela; muitos dos portugueses, eram pessoas decentes que agora foram compelidos para o crime e a delinquência; muitos dos seus filhos ao contrário dos pais, vão nascer em “berços de palha” já marcados com o selo do infortúnio.
O país tem que começar a contabilizar os custos da nossa passagem pela união e do euro, e apurar quem tirou os verdadeiros dividendos; não restam dúvidas que muitos dos responsáveis sabiam que Portugal não estava preparado para entrar no club dos ricos.
Quando da nossa adesão; os portugueses eram o povo menos letrado de toda a europa o que diz tudo; no entanto, o pior que pode acontecer a um país não é a pobreza é a ignorância; a primeira pode ser recuperada numa década, a segunda precisa de duas gerações; e Portugal sofre de ambas.
Portugal terá que ser repensado e refeito dos falhanços dos sucessivos governos após 1974, sendo tempo de pensar seriamente, se estivéssemos integrados numa comunidade Lusíada não estaríamos muito melhor.
Joaquim Vitorino – Jornalista
Diretor do Vila de Rei
