Para onde vais Portugal?

Para onde vais Portugal?

D. Manuel II – último Rei de Portugal

A prosperidade é a principal aglutinadora do orgulho e do patriotismo de um povo; mas não é o caso do português, que nos últimos 20 anos caiu para o ponto mais baixo de sempre; estes são os dois sentimentos essenciais, para que todos sintam que valeu a pena, terem nascido ou optarem por viver neste país.

Questionados; 70 por cento dos que aqui nasceram, dizem que gostariam que as mães os tivessem dado á luz num outro país; sendo esta desilusão expressa por muitos que ultimamente tiveram que partir, em busca de um futuro mais promissor para si e seus descendentes; muitos deles irão cortar as raízes com Portugal, quando os seus ascendentes perecerem.

Vendido a retalho, (onde se inclui as melhores empresas como a EDP Bancos e Companhia das Águas), e mergulhado numa das maiores dívidas públicas do mundo, Portugal entrou em crepúsculo de desenvolvimento; uma situação que terá um desfecho trágico, para a mais velha Nação da Europa.

Tudo será uma questão de tempo, que inexoravelmente não vai perdoar àqueles que traíram os ideais e o sonho de um Portugal livre, que foi conquistado com coragem e sacrifícios que não passa pela cabeça daqueles, a quem os portugueses incautamente entregaram o seu destino e das próximas gerações.

Os longos 750 anos de Monarquia foram todos eles de altos e baixos, mas com um incontestável sentido de Estado; que fez com que um pequeno país de um milhão de habitantes (no século XV início dos descobrimentos) se espalhasse pelo mundo.

Em 1550 (duas gerações após a descoberta do Brasil), já estavam consolidadas e reconhecidas as posições portuguesas ultramarinas; e aquele que até 1415 estava confinado ao pequeno retângulo atual, Portugal detinha a incrível capita de um português por cada 140 quilómetros quadrados, se tivermos em conta a área marítima sob o controle das “Cinco Quinas”.

Tudo isto sem os meios de que hoje dispomos em comunicações e transportes; só para estabelecer um paralelo, o feito para aquela época, teria a mesma equivalência de os humanos chegarem à próxima Estrela Alpha Centauri que fica a 4.364 anos-luz da Terra; e para se ter a verdadeira noção da distância, um avião a jato levaria 30 milhões de anos a lá chegar.

Os portugueses marcaram a diferença no passado; mas há duas gerações com forte incidência nos últimos anos, começaram a ser deseducados da sua história, por quem quer esconder o fracasso dos últimos anos das políticas de desenvolvimento e bem-estar dos portugueses, para dar lugar a decisões ideológicas que nos empobrece, e sem se vislumbrar objetivos definidos para o futuro.  

O porquê de os portugueses deixarem o seu país cair a pique nos últimos anos, merece uma profunda reflexão; este “desleixo e alheamento” já vem de longe, mas agravou-se exponencialmente nos últimos 6 anos.

Lembro 1910 quando o Rei D. Manuel II queria dirigir-se ao Porto, pada dali iniciar o combate aos opositores da rotunda, o seu tio Afonso Duque do Porto, apontou-lhe a Ericeira para o caminho do exílio; é que nessa manhã, os oficiais do reino e os soldados ficaram na cama, enquanto a “arruaça” iniciava a destruição de uma Nação com uma incrível história.

Decorridos 112 anos e durante este período, grandes patriotas portugueses tentaram inverter o que hoje é inevitável; é que, Portugal atingiu o ponto do não retorno.

Não estou nada inclinado para o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa, quando afirmou em Londres no dia 10 de Junho, que sem a (arraia miúda) não teria havido Portugal; porque foram os grandes assinalados na nossa história e o povo português que construiu este país, e não a (arraia miúda).

Recordo o ex-primeiro-ministro Marcelo Caetano que na partida para o exílio, vaticinou o empobrecimento do povo português; que a situação resultante do 25 de abril, nos conduziria ao atraso a todos níveis; hoje podemos confirmar que os portugueses são os mais pobres da Europa, e que Portugal leva 20 anos de atraso em inovação e desenvolvimento, dos países mais avançados da União europeia.

OBS: À memória de D. Manuel II – Lisboa Palácio de Belém 1889 – Londres 1932 – o último Rei de Portugal que lutou no exílio para recuperar a “glória” dos 767 anos de monarquia; tendo recusado sempre o uso da força, embora tivesse todo o direito para o fazer.

Joaquim Vitorino – Jornalista 

Diretor do Vila de Rei

 

 

Share