A grande assimetria social em Portugal
Quando em fevereiro de 2018 Rui Rio assumiu a presidência do PSD, afirmou de imediato que o seu partido seria a única alternativa democrática, para retirar Portugal (dizia ele), da injusta e inaceitável situação de pobreza em que a maioria da população se encontrava.
Os portugueses são neste momento um dos povos mais pobres e subdesenvolvidos da Europa, estando as causas mais que identificadas; nos últimos anos tiveram que pagar milhares de milhões de euros de prejuízos da banca privada, para além das empresas públicas que ao certo os contribuintes não sabem, mas que somam milhares de milhões onde se destacam a TAP, RTP e várias Fundações, que os portugueses também não sabem quantas são; mas existem muitas outras causas, que ajudaram a colocar Portugal numa rota de pobreza de longa duração.
No entanto, esta será apenas uma das muitas causas com que podemos identificar o ciclo de pobreza que atingiu Portugal, quando estavam reunidos todos os condicionalismos, para termos começado a sair dela há 10 anos no mínimo.
Mas então onde está a oposição? é esta a questão que preocupa a esmagadora maioria dos portugueses; é que o PSD de Rui Rio que entretanto mudou de líder, foi um “torrão de açúcar da geringonça” e continuou com a maioria PS, como se viu na recente moção de censura em que optou pela abstenção.
É que, se Luis Montenegro fica pacientemente à espera que o governo caia, sem ter em conta a emergência da grave situação económica e social em que o país se encontra, cometerá um erro que até o poderá levar a primeiro ministro em 2026; mas será uma reedição do governo de Passos Coelho, que teve que o partilhar com a troika de má memória, que os portugueses querem esquecer.
É preciso que se fale aos portugueses com toda a clareza, para que não fiquem entorpecidos pela notícia de que estamos a sair da crise; essa missão não cabe como é óbvio a António Costa, mas sim ao líder do maior partido da oposição o PSD, se quiser ser governo não em 2026 mas antes disso; porque os últimos acontecimentos no governo de António Costa que dispensam comentários, nunca sobreviviam numa verdadeira democracia.
Os dados como já todos compreenderam não são animadores; a prova está na dificuldade em que o governo teve na aprovação do orçamento para 2022, que não permitiu cedências a comunistas e bloquistas; o que deixaria ainda mais condicionada a saída para o relançamento do crescimento, a que se juntam problemas estruturais na economia portuguesa, onde o investimento do Estado é praticamente nulo; que como consequência leva o país continuamente à dependência da dívida, e aos caminhos tortuosos da emigração para os jovens licenciados; precisamente aqueles que estariam na linha da frente, para ajudarem Portugal a sair deste ciclo de pobreza inaceitável.
As nossas Universidades estão a formar quase exclusivamente para a emigração, deixando o país mais pobre em literacia e enfraquecendo a reposição demográfica, que atingiu um nível alarmante; onde no interior do país existem 350 pessoas idosas por cada 100 crianças e jovens no seu conjunto, estando esta a ser feita de fora para dentro com migrantes pouco qualificados para substituir os que foram obrigados a partir por não terem trabalho, e sobretudo um salário digno para quem acabou os estudos universitários com conhecimentos e ambições profissionais, que lhes são negadas no seu país.
Rui Rio na tomada de posse como presidente do PSD em 2018 disse e bem, que se não ganhasse as próximas eleições encarava a possibilidade de viabilizar um governo do PS se fosse em benefício de todos os portugueses; acabando assim com a coligação de esquerda, mas o PS nunca aceitou essa (oferta).
Entretanto, a situação de pobreza em que Portugal está mergulhado não permite essa benesse do PSD ao PS; pelo que se a situação se agravar e tudo indica que sim, todo o ónus cairá sobre o presidente dos sociais democratas.
Mesmo que Luis Montenegro ganhe as eleições em 2026 terá que fazer alianças para poder governar; pelo que a abstenção na moção de censura, poderá ter sido um erro que vai sair caro aos portugueses; que com toda a certeza o vão culpar, pelo agravamento da situação de pobreza dos portugueses, que já são os mais pobres da união europeia
Portugal vai ter pela frente um longo e penoso caminho, para competir com as economias mais fortes da União europeia; um derradeiro teste com pouca probabilidade de sucesso, por falta de motivação dos portugueses; que veem continuamente o esforço do seu trabalho para manterem classes privilegiadas, enquanto dezenas de milhares das nossas crianças e idosos, estão a enfrentar situações de carência inimagináveis, que envergonha os nossos emigrantes e quem nos representa no exterior, (o corpo diplomático português para ser mais concreto).
J. Vitorino – Jornalista
Ex-emigrante no Reino Unido