Memórias de Portugal, “Batalha de La Lys”.

Memórias de Portugal, “Batalha de La Lys”.

CEP (Corpo Expedicionário Português)

A seguir à Batalha de Alcácer Quibir, a Batalha de La Lys foi o maior desastre militar português, não obstante as ilustrações com exaltação de heroísmo na época, como por exemplo o (soldado milhões), quando a realidade foi bem diferente.

Na história francesa e apesar de existir em Paris uma Avenida de Portugal, há muito desconhecimento do que foi a participação portuguesa na Primeira Guerra Mundial.
O (CEP)  Corpo Expedicionário Português com duas divisões, combateu na Flandres entre Novembro de 1917 e 9 de Abril de 1918 e ocupou um sector da frente entre Armentiéres e Bethune, compreendendo uma distância de doze quilómetros.

Portugal não quis deixar dúvidas de que estava empenhado em lutar ao lado dos aliados, e para isso treinou e mobilizou para França uma divisão reforçada de 35 mil homens, sobretudo infantaria apoiada por artilharia de campanha, com a designação Corpo Expedicionário Português.

Esta força passaria mais tarde a duas divisões, num total de 55 mil homens.

Em todo o conflito (de 1914 a 1918) Portugal destacou pouco mais de 105 mil homens; 55 mil para o teatro europeu, e os restantes para África sobretudo Angola.
Em Janeiro de 1917 Norton de Matos que em março de 1916 ocupou a pasta da Guerra, e era partidário da intervenção de Portugal na Primeira Guerra, organizou em tempo recorde, conjuntamente com o general Fernando Tamagnini de Abreu e Silva, a Divisão de Instrução em Tancos da qual resultou o CEP.

Este episódio ficou conhecido como o “milagre de Tancos”.

O primeiro Corpo Expedicionário partiu em 26 de janeiro de 1917 para a Flandres; uma vez declarado o estado de guerra pela Alemanha a 9 de março de 1916, o Governo de Afonso Costa tratou de acelerar urgentemente a preparação dos primeiros contingentes.

Portugal treinou e mobilizou para França uma divisão reforçada de 35 mil homens com a designação CEP.

Para aumentar o número de soldados o mais rapidamente possível, a 24 de maio de 1916 o Ministério da Guerra mandou reinspeccionar todos os cidadãos com idade inferior a 45 anos, que tinham anteriormente sido declarados não aptos.

O Governo “em busca da aprovação pública e do sossego dos soldados e das suas famílias”, chamou à preparação relâmpago dessas tropas “o milagre de Tancos”.

Ao longo dos anos de 1917 e 1918 o CEP participou em vários combates.

A sua intervenção ficou marcada pela Batalha de La Lys travada a 9 de Abril de 1918, data prevista para a rendição do efetivo militar português.

Com material danificado pelo inverno de 1917, desmoralizado e sem reforços enviados de Lisboa, o contingente português foi submetido a uma forte barragem de artilharia, e dizimado pelas divisões alemãs.

A 8 de Abril o comando do CEP, era surpreendido com uma nova ordem que mandava proceder de imediato a alterações no sector à responsabilidade da 2ª Divisão portuguesa, conducentes à rendição de algumas unidades.

E quando ainda nesse dia as primeiras tropas inglesas surgiram, a notícia da rendição próxima correu como um rastilho por todo o dispositivo português.

Foi durante o desenrolar dessa operação de substituição de forças, cuja fase intermédia decorria a 9 de abril de 1918, que os germânicos depois de uma intensa barragem de fogo de artilharia e de metralhadoras de que não havia memória, com várias Divisões esmagaram a linha portuguesa, apanhando-a numa situação vulnerável.

Naquele dia 9 de abril de 1918, Portugal perdeu 7.500 soldados em La Lys.

As forças portuguesas perderam, entre mortos, feridos, desaparecidos e prisioneiros, 327 oficiais e cerca de 7.500 soldados dos 721 e 20.359 respetivamente, que haviam entrado em combate.

Foi uma derrota humilhante, apesar da forte resistência dos portugueses e de algumas histórias individuais de heroísmo, que marcou o início do fim da participação portuguesa na I Guerra Mundial.

Os efetivos ainda aptos do CEP foram posteriormente formados em três batalhões de infantaria, e integrados no exército inglês, no qual lutaram até ao armistício em novembro de 1918.

A seguir à Batalha de Alcácer Quibir, a Batalha de La Lys foi o maior desastre militar da história de Portugal.

O CEP foi destroçado pelo exército alemão e inúmeros dos seus efetivos feitos prisioneiros.

Desde a entrada de Portugal na guerra, até à assinatura do Armistício a 11 de Novembro de 1918, Portugal mobilizou mais de 75.000 homens para a Flandres.

   J. Vitorino – Diretor

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