Ascensão e queda da Ordem do Templo (os Templários).
Os Templários foram a mais famosa Ordem militar de todos os tempos; em menos de 200 anos de existência acumularam uma incrível fortuna, derrubaram e recuperaram reinos com o poder das armas e receberam enormes recompensas, que iam de Castelos e Palácios a vastos territórios.
Juramento Templário, a entrega total à causa.
Temidos pela coragem e bravura nos combates, eles desafiaram os grandes exércitos medievais e o quase ilimitado poder do Papa naquela época; o que iria estar na origem da extinção da Ordem em 1314 quando sob a pressão de Filipe o Belo, o Papa Clemente V assinou a ordem que acabaria com os Templários.
Para se compreender os motivos da fundação da Ordem e da sua extinção 194 anos depois, temos que voltar ao ano de 1098 quando foi criada a Ordem de Cister, que se espalhou rapidamente graças à influência dos cruzados; tendo como Fundador Roberto de champagne, e mentor da Ordem São Bernardo de Clairvaux que renunciou à carreira de cavaleiro para em 1122 para se tornar no seu líder espiritual.
Foi a Ordem do Templo que mais tarde leva Inocêncio III a Papa, e que a seguir promoveu várias cruzadas.
Regressamos a 1113 quando surge a São Bernardo a ideia da criação de um corpo de elite, com a finalidade de proteger o Reino estabelecido em Jerusalém das frequentes investidas por forças muçulmanas; tendo sido o próprio São Bernardo a escrever os estatutos daquela que viria a ser no futuro, uma colossal máquina de guerra.
O priorado de Sião e a Ordem de Cister não dispunham de força militar, pelo que era urgente que se formasse um grupo de cavaleiros para proteger uma enigmática área, onde precisamente iria ficar a primeira Sede da Ordem dos Templários, que tinha sido oficializada em 1118.
O local escolhido seria na parte inferior do Palácio de Salomão, localizado sobre o monte Sião numa zona do estábulo onde chegavam a albergar milhares de cavalos, de onde teria desaparecido por volta do ano 586 a.C. a Arca da Aliança, que continha as tábuas com os Dez Mandamentos trazidos por David para Jerusalém.
Arca da Aliança
Existe uma forte possibilidade de um enorme tesouro onde se incluía a Arca da Aliança, o Santo Graal e o Sangue Sagrado estarem à guarda do priorado de Sião, e de que a Ordem de Cister também tinha conhecimento; e que teriam sido estes a comprometerem-se a assegurar a sua guarda em completo segredo.
Na verdade, foi oficialmente a Ordem de Sião a criar a Ordem dos Templários, que durante anos apenas tinha nove Cavaleiros, dos quais fazia parte o seu primeiro Grão-Mestre e fundador Hugues de Payens.
A Ordem de Sião, mais tarde Prieuré Notre-Dame de Sion era praticamente desconhecida, até que numa pesquisa os autores de Holy Blood e Holy Graal, descobriram documentos relacionados com ela; teria sido fundada em 1090 por Godfroi de Bouilon, a quem os cruzados mais tarde colocaram no trono de Jerusalém.
Em 1095 o Papa Urbano II decidiu organizar uma cruzada (guerra Santa), para recuperar a Tumba de Cristo em posse dos infiéis.
Em 1099 Godfroi toma Jerusalém, onde num conclave secreto que incluía Pedro o eremita o coloca no trono de Jerusalém.
Temple-of-Solomon (Templo de Salomão).
Logo após tomar posse, Godfroi manda construir uma Abadia no Monte Zião para albergar a Ordem, mas morre no ano seguinte 1100 sendo sucedido por seu irmão mais novo Balduíno, que de seguida também se tornou Rei de Jerusalém; sendo ele que em 1117 levou a constituição dos cavaleiros Templários à Ordem de Sião, que a aprovariam em 1118.
Em 1104 Hugues de Payens relata a incrível descoberta do tesouro ao Conde de Champanhe, que parte imediatamente para a terra Santa com o intuito de ser iniciado nos cavaleiros Templários.
Os Templários foram ao tempo a maior força militar.
A Cruz Merovíngia seria mais tarde substituída pela Cruz de Cristo; quando D. Dinis decidiu não acatar a ordem do Papa, para que fosse extinta a Ordem dos Templários; alterando apenas o nome para Ordem de Cristo sem tocar na sua estrutura e força, que foi fundamental para a conquista de dois terços de Portugal.
Durante a estadia em Jerusalém o Conde de Champagne e os 9 Templários tomam posse do tesouro; o Conde regressa a França para preparar uma caixa forte para guardá-lo, e em 1115 o achado é levado para a Europa para que fosse entregue aos Cistercienses, que através de São Bernardo o devolvem à Ordem do Templo, para que o guardassem em local secreto.
Mas o Conde de Champagne ficaria sempre na posse do segredo, e com controle absoluto da sua localização.
Reconhecidamente um dos homens mais inteligentes e ambiciosos da sua época, ele iria ter um papel fundamental no desaparecimento da parte mais importante do tesouro, onde se incluía a Arca da Aliança, o Holy Graal e o Holy Blood (Santo Graal e Sangue Sagrado).
O que supostamente levou ao fim dos Templários, foi o desvio do rumo que inicialmente estava previsto; que seria a guarda em completo secretismo, do fabuloso tesouro escondido debaixo do estábulo do Palácio de Salomão; o mesmo local onde por ironia centenas de anos mais tarde, é erguida a Mesquita de Al-Aqsa.
Cruz Merovíngia
Em 1146 a Ordem do Templo adotou a Cruz Merovíngia vermelha, que iria acompanhar Luis VII da França na segunda Cruzada.
Em 1188/1220 o Priorado de Sião tinha adotado a Cruz vermelha de Ormus como emblema, passando a ser designada de “L Ordre de Ia Rose-Croix Veritas” Ordem da Verdadeira Cruz Vermelha.
Os sionistas alegam ter sido Jean de Gisors a fundar o Rose-Croix “Rosacrucianismo”, ao mesmo tempo Sião adotou o “olho que tudo vê”de Osíris, que os Templário também adotaram; tendo sido estas similaridades que permitiram aos sionistas penetrar nas reuniões Templárias, o que abriu o caminho para a sua extinção 100 anos mais tarde.
E não foi mais cedo; porque tudo indicava que a Ordem do Templo ainda tinha à sua guarda um enorme tesouro, do qual faziam parte as relíquias Sagradas acima referidas.
Tudo se encaixa no desenrolar dos acontecimentos que abordarei de seguida.
O Conde de Champagne “Hugues de Champagne”, que participara na descoberta do tesouro Templário tinha uma parente chamada Marie Condessa de Champagne, filha de Eleanor Aquitaine mulher de Luís VII de França, e de um relacionamento com Henrique II de Inglaterra, onde Chrétian de Troyes que vivia na corte inglesa o contou pela primeira vez.
A caça ao tesouro e em especial a história do Santo Graal e as outras relíquias Sagradas, iriam colocar a Ordem do Templo em situação de vigilância permanente, porque muitos Reis pensavam que eles eram os detentores do tesouro.
O segredo espalhou-se, e o próprio Papa não fazia ideia onde paravam as relíquias Sagradas; por exemplo, quando o Conde de Flandres Philippe d’Alsace tentou casar-se com Marie em 1182, o poema Percival de Chrétien sobre o Santo Graal é-lhe dedicado.
Depois do Cisma, os Templários relacionaram-se com os cátaros que eram conhecidos pelas práticas de gnosticismo onde eram frequentes o uso de magia negra e bruxaria, vista pela Igreja Católica como os inimigos de Jesus.
Abadia de Santa Maria – Mosteiro de Alcobaça
O tesouro foi disperso, e os Templários começaram a perder força e credibilidade; sendo que o grande beneficiado teria sido a Ordem de Cister, que de um momento para o outro construíram várias Catedrais e Igrejas um pouco por toda a parte.
Foram eles os primeiros ocupantes de Mosteiro de Alcobaça, mandado construir pelo primeiro Rei de Portugal já no final da sua vida; mas o dinheiro para o construir só podia ter tido uma origem, a da Ordem de Cister.
No ano de 1291 em Acre, o último baluarte dos cruzados na Terra Santa foi tomado pelos sarracenos, e o Reino de Jerusalém que começou com Godfroi deixou de existir.
Janela do Convento de Cristo em Tomar
A primeira presença dos Templários em Portugal deixou vestígios numa vasta área, em particular Alcobaça, Tomar, Santarém, vale do Tejo e em todo o Distrito de Castelo Branco.
Os Templários perdiam assim o seu local de operações e também a razão de existir, e nos quinze anos que se seguiram entraram em profundo declínio.
A Ordem de Sião estava sem fundos e recorria frequentemente a empréstimos dos Templários, a quem acusavam de terem traiçoeiramente roubado do bunker do Palácio de Salomão o tesouro à sua guarda.
Filipe IV e o Papa Clemente v
Filipe IV o belo era um monarca inseguro e falido, que invejava a fortuna dos Templários e não pensou duas vezes; com a ajuda clandestina de Sião pediu ao Papa Clemente V seu amigo, que recentemente tinha sido proclamado Papa, que ordenasse a supressão dos cavaleiros Templários.
Filipe ficaria com a fortuna dos Templários, e Sião queria de volta o Santo Graal e as outras relíquias Sagradas, que supostamente estavam na posse dos Templários, onde se presumia estar também a Arca da Aliança.
Na madrugada de sexta feira 13 de outubro de 1307, às ordens de Filipe IV os Templários de França foram capturados e todos os bens da Ordem confiscados.
Jacques de Molay, último Grão Mestre da Ordem dos cavaleiros Templários
Em 1314 Jacques de Molay é queimado vivo por ordem de Filipe IV, com a conivência do Papa Clemente V.
Já tomado pelas chamas lançou aos dois uma maldição; ao seu lado estava Geoffroy de Charnay que estava na posse do Sudário de Turim roubado em Constantinopla.
A Arca da Aliança, o Holy Graal e o Holy Blood nunca apareceram; dizem que a Catedral de Valência possui o Holy Graal, e a Basílica de Bruges na Bélgica o Holy Blood, que teria sido trazido da Terra Santa por Thierry da Alsácia Conde da Flandres, o que nunca foi cientificamente provado.
Existindo uma forte probabilidade, do tesouro continuar na posse de uma sociedade secreta; que seria a continuidade da Ordem de Sião que nunca teria sido extinta.
Quanto à maldição lançada por Jacques de Molay; Filipe IV o belo morreu um mês depois, e o Papa Clemente V não chegou ao final desse fatídico ano de 1314.
Joaquim Vitorino – Jornalista Diretor do Vila de Rei