deserdados da democracia, por J. Vitorino

deserdados da democracia, por J. Vitorino

Nenhum país europeu caiu tanto em pobreza nos últimos anos como Portugal; uma realidade que nos leva para o terceiro mundismo, já não existindo na Europa por quem nos possamos nivelar.

A pobreza material, arrasta os portugueses para a perda de outros valores, um drama a que a nossa economia não consegue responder.

É preciso que ninguém se esqueça que Portugal pertence a todos portugueses; mas foi tomado de assalto por gente sem escrúpulos, e os cidadãos já não sabem em quem podem confiar, aceitando a pobreza e os outros males a ela associados como uma inevitabilidade.

É um culto adquirido (pelas piores razões), que vem viciando o nosso país; que por tudo e por nada vai mendigar à porta da União Europeia, e que como resultado vai aumentando a dívida pública e dependência da (generosidade) dos países ricos, colocando Portugal cada vez mais numa vergonhosa situação de subserviência.

A desonestidade, ambição e ganância atingiram o coração do Estado; envolvendo muitos daqueles que por dever, o deveriam defender.

A “maioria deserdada” 75% da população portuguesa, está a dar-se como vencida face às inúmeras dificuldades que as famílias portuguesas são confrontadas diariamente; onde a oferta de trabalho não é de todo inexistente, mas os portugueses estão a perder o ânimo para trabalhar, porque o Estado privilegia em subsídios os que nada fazem, para assim contabilizar o seu voto.

O administrador de uma das maiores construtoras da zona oeste pediu ao fundo de desemprego pedreiros com urgência; nenhum apareceu ao serviço, preferiram continuar a receber os subsídios de desemprego disseram alguns.

A economia miserabilista em que os últimos governos mergulhou a população portuguesa, é a causa mãe da terrível situação de pobreza em que caiu centenas de milhares de famílias em Portugal; os últimos governos apostou nela, para beneficiar as elites políticas e a classe média alta, que estão ao nível ou mesmo acima da média europeia.

A emigração é a única saída para aqueles que ambicionam um futuro digno para si e seus filhos; o que lhes foi negado no país em que nasceram e que tanto amam.

Por ironia; o que está a bloquear a recuperação económica do nosso país, são os mais baixos salários da Europa praticados em Portugal; que tem provocado nos últimos anos, irremediáveis assimetrias sociais entre portugueses.

A República portuguesa enfrenta um grave problema, com os corruptos e incompetentes que se infiltraram no aparelho do Estado há várias décadas; não sendo fácil a qualquer governo por termo a esta calamidade pública, sem criar uma rutura com o seu próprio partido.

Nos últimos anos foram arquivados centenas de milhares de processos com o objetivo de descongestionar os tribunais; indo afetar mais de 15% da população; que à medida que chegam serão arquivados na proporcionalidade dos que entram, tornando a justiça em Portugal num poço sem fundo.

Quem representa a justiça pouco ou nada pode fazer, porque choca com interesses de grupos poderosos que se julgam acima do vulgar cidadão; estigmatizando o país numa “república das bananas”,  que há vários anos espera por um “Sebastião populista” para meter a casa na ordem.

Estão enganados os portugueses que pensam ser esta a solução; porque a andam a ensaiar há 49 anos, e o resultado está bem à vista.

Os portugueses estão mais pobres e desprotegidos pela justiça e instituições, temos a mais alta taxa de emigração qualificada de todo o Mundo, e a maior dívida per-capita; e quanto ao desemprego ao certo já nem sabemos quantos são, porque dezenas de milhares de desempregados já abandonaram a “Via Sacra” que é a procura de trabalho.

Portugal regrediu em padrões que são essenciais para o nosso desenvolvimento económico; onde se acentua uma grave falta de patriotismo e a fraca educação da nossa população; a Nação Portuguesa eclipsou numa única geração (25 anos), todo o prestígio e respeito acumulado ao longo de toda a sua existência; encontrando-se à beira de não retorno.

Sem uma justiça séria e isenta, nenhum país consegue atingir o desenvolvimento e a estabilidade económica que beneficie todos os seus cidadãos; sendo muitos dos privilégios que uma minoria alcançou, em detrimento da grande maioria dos portugueses.

Muitos dos nossos pobres foram recentemente extraídos à classe média, e muitos não têm coragem para estender a mão à caridade; eles perderam tudo com uma única exceção, que é a “dignidade” que ainda lhes resta.

Portugal precisa urgentemente de alguém que tenha a total e inequívoca confiança dos portugueses; uma figura que tenha este perfil, é difícil encontrar fora da cidadania pelo que este regime, terá que ser seriamente repensado.

J. Vitorino – Jornalista – Diretor

  

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