Dia de Reis, comemora-se a 6 de janeiro

Dia de Reis, comemora-se a 6 de janeiro

                                                     

D. Manuel II o último Rei de Portugal

A existência de pretendentes ao trono (vacante desde 1910), coloca aos portugueses esta questão; quem teria hoje Dia de Reis, a legitimidade para ser Rei de Portugal?

Como se sabe, a Monarquia foi interrompida em consequência do assassínio do Rei Dom Carlos I, e de Seu filho Dom Luís Filipe Príncipe Real; o que levou D. Manuel II o último rei de Portugal, a abandonar o seu país para o exílio dois anos mais tarde.

Tendo o bárbaro acto sido executado por uma minoria de radicais, e como a República em quase 114 nunca nunca se submeteu a um referendo, continua em aberto o regresso à Monarquia constitucional; o que na realidade já era o sistema vigente em Portugal, o que por ironia, foi o que levou ao assassinato do Rei e do Príncipe Real.

Brasão de Armas da Dinastia de Avis

De início; o povo português pensou ser um afastamento provisório do jovem Rei até que a casa fosse arrumada”, mas os seus defensores internos não mexeram uma palha, para inverter a trágica situação; a seguir a conjuntura internacional determinou, que não existiam condições para o regresso do Rei D. Manuel II.

O que se passou a seguir todos nós sabemos; as revoluções internas a sucederam-se umas às outras num ritmo devastador, e várias Nações a serem destruídas com a primeira Guerra Mundial em que Portugal, também foi tragicamente envolvido.

Com o país no ponto mais baixo de sempre, seria fácil o aproveitamento de alguém que em nome da ordem, governou o país como entendeu durante mais de quatro décadas.

Hoje todos sabem que o atual regime falhou o compromisso para com os cidadãos portugueses; porque não obstante a monstruosa dívida contraída e património público alienado, não tirou os portugueses da pobreza, e colocou Portugal no ranking dos países mais subdesenvolvidos da Europa, com a mais baixa taxa de literacia, e mantendo há 15 anos sem interrupção uma alta taxa de emigração. 

Dom Afonso Henriques, o 1º Rei de Portugal

Neste contexto só um amplo movimento de cidadania poderia devolver Portugal a um regime Monárquico, o que não deverá acontecer nos próximos 50 anos (duas gerações), porque os portugueses foram deseducados e (bloqueados no Art 288 da Constituição da República) para não poderem regressar à Monarquia.

As vantagens para os portugueses de regressarem a uma Monarquia Constitucional interrompida em 1910, teria que começar imediatamente a ser ensinada nas escolas de infância e primária, para que as duas gerações seguintes compreendessem a história do seu país; e o que se passou após o regicídio de 1908; para livremente poderem escolher em referendo, a melhor opção para o seu futuro.

Brasão de Armas da Casa de Bragança, a última a reinar em Portugal

A fuga dos portugueses do seu país logo após o fim da Monarquia, teve consequências que ainda hoje se sentem, só que muito mais grave; porque nos últimos 15 anos deixaram Portugal 1 milhão e 200 mil licenciados, que estariam na linha da frente para o ajudarem a recuperar.

Nas décadas de 60/70, Portugal enfrentou a segunda grande vaga de emigração; a primeira teve lugar em 1919, imediatamente a seguir ao termo da primeira grande guerra; o ano em que os meus Avós naturais de Aljubarrota – Alcobaça, rumaram a Fall River Massachusetts USA, onde meu Pai nasceu 2 anos depois.

Entretanto; contam-se pelos dedos de uma mão, aqueles que nascidos num país rico a Suíça, tivessem à época algum interesse em vir para o nosso país, que acabava de iniciar a mais dramática fuga para a Europa, Brasil, EUA, Argentina e resto do Mundo; quando muitos dos nossos jovens alguns acompanhados de seus pais, fugiam da mobilização do trágico conflito do Ultramar, que teve início em Goa India em 1959; e estendeu-se às ex-colónias de 1961 até 1974/1975, quando Portugal aumentou a população em 12 por cento, com a fuga das zonas de conflito.

Uma tragédia que a República não soube acautelar, e que eu pessoalmente vivi com dezenas de milhares de fugitivos a chegarem a Portugal em fuga desordenada; causando o caos nas unidades hoteleiras que tinham que alojar os milhares que chegavam diariamente; e que eu ao tempo, tinha responsabilidades de Administrador num dos maiores grupos hoteleiros em Portugal.

A revolta silenciosa dos portugueses por motivo da guerra no Ultramar, levou a que Salazar utilizasse a polícia de Estado contra o descontentamento popular; o que obrigou muitos portugueses a emigrar, até porque não existiam outras alternativas e eu fui um deles.

D. Carlos I de Portugal, e seu filho D. Luis Filipe Príncipe Real

A República que se resguardou no Artigo 288 acima referido, e com o qual empobreceu e endividou o país, não deixou aos portugueses uma ténue esperança de um regresso à Monarquia, que os retirasse de um tremendo cativeiro onde a única opção era a fuga.

Em todo o Mundo se sabia que Portugal estava no ponto mais baixo da sua História, e tinha caído no descrédito total, tendo sido poucos os portugueses que tiveram autorização para sair as fronteiras, o que transformou o nosso país num autêntico “cativeiro”.

Entretanto vindos do exílio decretado há mais de 100 anos, chegava a Portugal (com a autorização do Estado Novo) uma família que logo se assumiu como pretendente ao trono de Portugal, numa estratégia provavelmente concertada entre acolhedores e acolhidos, que viria a penalizar gravemente o futuro dos portugueses; por na sua esmagadora maioria não conhecerem a História do seu país, foram involuntariamente aliados do regime, ao não lutarem por uma Monarquia Constitucional e seus legítimos pretendentes.

Recordo; que dos 10 países mais ricos e desenvolvidos da Europa, 7 são Monarquias.

Portugal que ao tempo se degradava em pobreza e descrédito, foi inclusive condenado nas Nações Unidas por unanimidade dos Estados, pelo caudal de pobreza em que o povo português estava mergulhado, e o cerco  apertava-se contra Portugal com o país a ficar no isolamento total com exceção da Rodésia e da Africa do Sul; o que deu origem a uma onda de descontentamento interno, com a  (polícia de defesa do Estado) a prender pessoas num simples critério de suspeição, que deu lugar a uma dramática e desordenada fuga do país, que começou a formar guetos um pouco por toda a Europa; sendo o mais tristemente famoso, o “Bidonville português de Champigny” em França. 

É neste contexto, que a história de Portugal tem que ser lembrada no 6 de janeiro, para que as gerações seguintes possam avaliar e julgar, o papel desempenhado pelas partes; ou para ser mais claro, que nestas condições quem não se colocou ao lado dos portugueses, ou que apenas se remeteu ao silêncio e conforto, não pode reclamar para si algum papel preponderante na história futura do nosso país, porque nunca se assumiram como uma alternativa para poderem servir Portugal e os portugueses.

Deixo aqui um desafio a todos os pretendentes à Coroa, para que seja sua a iniciativa de um movimento de cidadania pacífica, visando esclarecer os portugueses da incomensurável vantagem em viverem numa Monarquia Constitucional que já existia, quando do assassínio do Rei e do Príncipe Real.

OBS: À memória de D. Carlos I de Portugal e do Príncipe Real Dom Luís Filipe, e também de seu irmão D. Manuel II que em trágicas circunstâncias, viria a ser o último Rei de Portugal.

J. Vitorino – Jornalista e Diretor

 

 

 

 

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