Exclusão social no ensino em Portugal

O direito no acesso ao ensino público, constitui uma porta de igualdade, e caminho aberto para professores e alunos, que lutam pelo reconhecimento do seu trabalho os primeiros, e o acesso ao ensino gratuito para aqueles, que não têm condições económicas, para frequentar o ensino superior privado.

A solução só tem disponível uma única via; que é o empenho de todas as partes no combate à pobreza e exclusão por motivos puramente económicos, “dois males associados” que colocam os alunos numa situação de desigualdade, desenquadrada da Constituição da República, que consagra o direito á escolaridade de todos os seus cidadãos; sendo o ensino decisivo, para sairmos do atraso a todos os níveis em que nos encontramos.

A Educação em Portugal está no ponto mais baixo de sempre; o apoio do Estado ao ensino particular criou um fosso assimétrico entre ricos e pobres, e não resolveu uma questão de fundo; que para além de ter empobrecido o rendimento escolar dos alunos, e a motivação de professores, provocou um grande desânimo em todo o país; deixando a descoberto as causas que as partes envolvidas não querem reconhecer como suas, mas que já foram devidamente identificadas.

As dramáticas condições socio económicas de 40% das famílias portuguesas, têm um reflexo determinante no insucesso escolar; muitos dos alunos transportam para as salas de aula o “selo da exclusão social”, estando à partida condenados ao fracasso escolar, assumindo comportamentos que mexem com toda uma turma; um peso tremendo na autoestima dos professores, que ficam sensibilizados com situações que todos os dias são obrigados a enfrentar; quebrando-lhes muitas vezes a coragem, de exigir de um aluno que chegue à aula de estômago vazio, ou que deixou em casa os irmãos com fome, tendo muitos deles os progenitores desempregados.

O ensino, a saúde e a justiça são os três (pilares de uma verdadeira democracia); Portugal descuidou a resposta mais importante à recuperação económica, que é investir na educação dos seus cidadãos, para depois poder exigir deles.

Os professores sentem-se ofendidos pelas deficientes condições de trabalho a que estão sujeitos, e os estudantes desiludidos e sem perspetivas de futuro; que frequentemente massacram os pais com um não vale a pena estudar, porque os espera o desemprego; uma desmotivação que exige do Estado uma resposta urgente e sem vacilações, que é relançar a economia do país em detrimento da austeridade; e reconhecer que a contenção de investimento público, é um veículo de pobreza e de estagnação.

Os professores são uma classe essencial à recuperação do país e não os podemos hostilizar; muitos em situação desesperada, deixaram-se arrastar por alguns dirigentes da classe, que os levaram a tomadas de posições de litígio com a tutela, que depois acabam por ter um efeito inverso, o que vai fortalecer o ensino privado.

A tensão entre esta classe e o governo vem agravando ainda mais as condições de empregabilidade no setor, que deu lugar à seleção e reciclagem de professores; uma medida impopular e até vexatória, para responder à fuga de “cérebros” para o ensino privado e para fora do país; uma estratégia política que já foi abandonada por este governo, e que tem servido os objetivos de alguns representantes da classe, mas nunca os interesses da esmagadora maioria dos professores.

O objetivo teve um efeito completamente oposto, que foi alargar o ensino superior ao privado; que na atual crise do setor optam por contratar não direi os melhores, mas aqueles que para além de bem qualificados, afastaram-se de alguma demagogia sindical; preferindo o certo, pelo atual instável ensino público.

O ensino em Portugal tem sido um fracasso nos últimos anos; a alta tensão entre professores e a tutela não é o caminho certo para sairmos deste impasse, onde a taxa de abandono e insucesso é a mais elevada da Europa; é preciso dignificar o estatuto dos professores, e abrir a todos os alunos uma oportunidade; não podemos esquecer, que quando a escola falha é o país que está a falhar; por isso é preciso o empenho de todos os portugueses, a uma reforma inteligente do ensino público; sendo mais que certo, que o benefício a longo e médio prazo será para todos os portugueses.

É justo reconhecer que as nossas Universidades apesar das inúmeras dificuldades, têm conseguido passar pelos intervalos da chuva; encontrando-se no Ranking das 50 melhores nos campos da investigação científica; por algum motivo os nossos recém licenciados, são os mais cobiçados em todo Mundo, o que levou a que desde 2013 mais de um milhão, tenham deixado o país mais pobre em literacia e conhecimento. 

 J. Vitorino  – Jornalista

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