Memórias de Portugal “Regicídio, o dia da Infâmia”

Memórias de Portugal “Regicídio, o dia da Infâmia”

Uma reflexão aos 767 anos de monarquia em Portugal

Francisco Herédia ao centro de chapéu na mão, festeja o assassínio do Rei D. Carlos I e de D. Luis Filipe.  

A 1 de fevereiro assinalam-se os 116 anos da morte de D. Carlos I e seu filho D. Luís Filipe, barbaramente assassinados a mando de um grupo de deputados que se aliaram à sinistra carbonária.

Em causa estavam motivações políticas, inveja e vinganças pessoais como toda a história dos acontecimentos veio posteriormente confirmar.

Para trás ficam mais de quatro gerações sem que a verdade tenha sido totalmente divulgada, por conveniência dos que não têm interesse, em que alguns nomes envolvidos sejam do conhecimento da opinião pública portuguesa.

Os contornos do regicídio foram levados ao pormenor com rancor e perversidade; e mereceu a condenação de toda a Europa, porque em Portugal existia uma monarquia constitucional; onde a figura do rei era central, mas por norma não se interpunha na ação governativa.

Para encontrarem algum suporte que justificasse o massacre da família Real, os criminosos decidiram provocar agitação parlamentar que resultasse em dissidências, com a finalidade de se formarem pequenos grupos por serem mais fácies de aliciar e controlar, o que veio a acontecer.

Os cabecilhas mais radicais, tinham depois a incumbência de contactar os assassinos para executarem o atentado, que culminou com a morte do rei e de seu filho o príncipe real.

Uma publicação de 2 de fevereiro de 1908

O primeiro encontro da conspiração, foi levado a cabo por alguns membros do partido republicano que tinham aderido aos ideais da carbonária, em que Francisco Herédia (Visconde da Ribeira Brava) era um membro influente, e iria ter um papel aliciador na execução do regicídio; com a agravante de ser um nobre titulado pelo pai e avô de quem ele e seus cúmplices iam intentar contra as suas vidas.

 Francisco Herédia era um conhecido espadachim, cujo título de visconde em princípio se destinava ao seu pai; tendo este pedido ao rei D. Luís I que o entregasse ao seu filho, que viria mais tarde a ser um dos principais mandantes da conjura.

Mais tarde veio ao conhecimento público que o visconde da Ribeira Brava (Francisco Herédia), terá inclusive facultado a sua casa para as primeiras reuniões da conjura, e fornecido as armas para a execução do crime; pelo qual esperou pacientemente no café Marinho da Arcádia o desenrolar dos acontecimentos, que dois anos mais tarde ditariam o fim da monarquia em Portugal.

Note-se que o príncipe Dom Manuel, também estava na mira dos assassinos; e só foi poupado porque tinha regressado dias antes de Vila Viçosa, para dar cumprimento a deveres escolares.

Existiram várias tentativas de reposição da monarquia após D. Manuel II ter seguido para o exílio no Reino Unido, com alguns levantamentos no Norte do país; mas que culminaram com a tentativa final em Monsanto, onde seria arriada a última bandeira monárquica portuguesa.

Talvez seja tempo de ser lançado um movimento de cidadania, que em princípio não será no sentido de voltarmos à monarquia; porque os portugueses foram deseducados nesse sentido, mas para elevar a autoestima dos portugueses para que tenham orgulho na sua história; e que o seu conhecimento seja útil para os jovens de hoje e as futuras gerações.

As principais figuras que planearam o regicídio foram António José de Almeida, Luz de Almeida (patrono e Grão-Mestre da carbonaria) e Afonso Costa (advogado) que foi chamado para dirigir a revolta.

Do partido republicano juntaram-se aos revoltosos, José Maria de Alpoim e Francisco Herédia visconde da Ribeira Brava que foi o braço direito de Alpoim. As armas utilizadas no atentado, foram uma Browning nº 349-432 utilizada por Alfredo Costa e a Winchester nº 2137 por Manuel Buíça, que terão sido encomendadas e pagas por Francisco Herédia a Gonçalo Heitor Ferreira (armeiro) e membro da carbonária.

OBS: Às memórias de D. Carlos I e de D. Luís Filipe o Príncipe Real; e também a Dom Manuel II, que em trágicas circunstâncias viria a ser o último Rei de Portugal e também o (último Duque de Bragança).

À História de Portugal tudo o que lhe é devido.

J. Vitorino – Jornalista – Diretor do Vila de Rei

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