Memórias de Portugal, nos trilhos da Venezuela por J. Vitorino

A 4 de outubro de 2015, Passos Coelho e Paulo  Portas preparavam-se para formar governo, mas iam ter uma desagradável surpresa; porque o PS não tinha intenções de deixar governar o partido mais votado, e já tinha dado os primeiros passos de entendimento com o BE e PCP, abrindo caminho à tristemente conhecida “geringonça”.

Convém recordar que na (sexta feira 2 de outubro, o último dia da campanha eleitoral das legislativas de 2015), durante o almoço na cervejaria Trindade e antes da arruada pelo Chiado, figuras de destaque no PS fizeram duras referências aos partidos posicionados à esquerda do Partido Socialista.

Também é verdade que a geringonça durou uma legislatura, mas com um elevado custo para o futuro dos portugueses; o que acabou por estar na origem de uma maioria absoluta do PS, cujos resultados estão à vista de todos.

Hoje, ouvem-se discursos inflamados de hipocrisia dos que têm a responsabilidade, da injusta e inaceitável situação de pobreza em que a maioria da população portuguesa se encontra.

É confrangedora a retórica que em nome da democracia, os portugueses em tão pouco tempo, tenham sido colocados no (ranking) dos povos mais pobres e subdesenvolvidos da Europa.

A causa está mais que identificada; nos últimos anos os portugueses tiveram que pagar mais de 20.000 milhões de euros de prejuízos da banca privada, para além de prejuízos nas empresas públicas que ao certo os contribuintes não sabem, mas que somam milhares de milhões; onde se destacam em primeiro lugar a TAP, RTP e Fundações, que ao todo ninguém sabe quantas são, mas existem muitas outras causas que ajudaram a colocar Portugal numa rota de pobreza de longa duração, que nos vai conduzir aos tortuosos caminhos da Venezuela, se os portugueses não acordarem para os perigos de uma nova geringonça.

No entanto; esta será apenas uma das muitas causas com que podemos identificar o ciclo de pobreza que atingiu Portugal, quando estavam reunidos todos os condicionalismos, para termos começado a sair dela há 8 anos no mínimo.

Mas então, onde estava a oposição enquanto o país definhava a olhos vistos em todos as vertentes? essa é a questão que preocupa a esmagadora maioria dos portugueses; é que o PSD de Rui Rio foi um “torrão de açúcar da geringonça” e posteriormente do governo de maioria absoluta de A. Costa, porque esperou pacientemente que o governo caísse em vários (alçapões) sendo o caso TAP o principal, sem ter em conta a emergência da grave situação social e económica do país.

É preciso que se fale aos portugueses com toda a clareza, para que não fiquem entorpecidos pela notícia de que Portugal vai sair rapidamente da crise, porque os danos ainda estão por contabilizar; e qualquer que seja o próximo primeiro ministro, não resolverá os problemas do país com (uma varinha mágica).

Os dados económicos como todos sabemos não são animadores; a prova está na dificuldade que o governo de António Costa teve na aprovação do orçamento para 2022, que não fez cedências a comunistas e bloquistas; o que deixaria ainda mais condicionada a saída para o relançamento do crescimento, a que se juntam problemas estruturais na economia portuguesa, onde o investimento do Estado é praticamente nulo; o que como consequência a engenharia política de António Costa levou o país a eleições antecipadas, de que resultou a maioria absoluta para o seu partido o PS.

As nossas universidades estão a formar quase exclusivamente para a emigração; deixando o país mais pobre em literacia, e enfraquecendo a reposição demográfica que atingiu um nível alarmante; onde no interior do país existem 300 pessoas idosas por cada 100 crianças e jovens no seu conjunto; o próximo governo terá que travar esta hemorragia que nos empobrece, e não continuar a  fazer a reposição demográfica de fora para dentro.

Portugal vai ter pela frente um longo e penoso caminho, para competir com as economias mais fortes da União Europeia; um derradeiro teste com pouca probabilidade de sucesso por falta de motivação dos portugueses, que veem continuamente o esforço do seu trabalho para manter as mordomias de classes privilegiadas, enquanto centenas de milhares das nossas crianças e idosos, estão a enfrentar situações inimagináveis.

É neste contexto; que todos os portugueses sem exceção, têm o dever inalienável de se dirigirem às urnas de voto no dia 10 de março; para que seja de todos o contributo, para darmos aos nossos jovens e futuras gerações, um Portugal mais próspero e justo.

 

J. Vitorino – Jornalista – Diretor

 

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