A violência doméstica em Portugal, por J. Vitorino
O 7 de março foi dedicado por decreto à violência doméstica, antecedendo o Dia da Mulher que se comemora a 8.
Os portugueses estão mais pobres, mais incultos e violentos; a situação económica em que muitas famílias caíram não justifica a espiral de violência doméstica que todos anos faz dezenas de vítimas, deixando para trás um número muito superior de crianças órfãos de mãe.
Não vamos esconder-nos atrás de causas subjacentes, como a situação económica que atingiu com severidade a classe média; que foi a principal responsável pela maior percentagem de divórcios no nosso país, o que nem sempre é bem digerido por uma das partes.
Os filhos são forçados a assistir aos constantes atos de violência, que depois transportam para as escolas; onde um aluno violento é suficiente para desestabilizar toda uma turma, como tem sido noticiado em casos frequentes; enfraquecendo a motivação dos professores e a qualidade do ensino.
As consequências do trauma na sociedade e famílias, pode ser um entrave à recuperação do ânimo coletivo, para podermos sair rapidamente do desespero em que se encontram muitos portugueses; e partirmos em busca da paz social, que nos conduza ao desenvolvimento económico imprescindível para o equilíbrio mental daqueles, que se refugiam na violência gratuita; faltando-lhe muitas vezes a coragem, para enfrentar um novo rumo nas suas vidas.
As mulheres portuguesas, não devem nem podem ser o elo mais fraco tradicional nas sociedades latinas, porque há muito tempo que já deram provas da sua afirmação nos campos profissional e socio cultural; é um direito adquirido, e merecidamente reconhecido nas civilizações ocidentais.
Os homens não são donos das mulheres e dos filhos; é um abuso feudal que não pode ser praticado em pleno século XXI; esta barreira tem que ser quebrada, para que acabe o machismo grosseiro que ainda existe na cultura portuguesa, que não é justificável ou tolerável numa sociedade democrática; sendo a agressão verbal também inaceitável, do ponto de vista social e humano.
Muitas das mulheres que conseguem divórcios litigiosos, optam por abandonar o nosso país; levando consigo os filhos com medo de perseguições e represálias, procurando abrigo em países onde a legislação local as proteja; o que não impediu que recentemente um português se deslocasse à Suíça, para assassinar a ex-mulher e o companheiro desta.
A nossa sociedade está desagregada e à beira do colapso; mais pobre a todos os níveis e sem objetivos concretos, vai rumando contra a maré sempre na tentativa de encontrar culpados para as suas próprias frustrações; enganam-se os que se desculpam com a crises, porque as dificuldades unem as pessoas não as divide.
O nosso país; está a perder o leme do barco, que nos referenciava como um povo generoso e pacífico, e não existe justificação ou causa para matar, porque ninguém é dono de uma vida seja ela quem for.
A legislação portuguesa tem vindo a dar alguma proteção os infratores, porque só age depois do crime consumado; esta bola de neve só terá um fim, depois de ações severas contras os prevaricadores; uma calamidade social que se tem agravado, com o abandono do país de centenas de milhares dos nossos licenciados, que vão empobrecendo a nossa educação; onde já se nota um tremendo vazio.
É preciso não esquecer que em percentagem inferior. também os homens são vítimas de violência doméstica por parte das mulheres, ou de homens a mando destas como tem sido reportado pelos órgãos de informação.
As crises recentes deixaram grandes mazelas na sociedade portuguesa, onde futuramente o ensino terá um papel preponderante para as cicatrizar; sendo neste setor que teremos que apostar o nosso futuro.
Portugal terá que seguir em frente; é uma exigência que se nos impõe em nome das próximas gerações e das crianças e jovens de hoje, porque serão elas a quem caberá a missão de levantar este país de novo.
OBS: Às mulheres portuguesas vítimas da irracionalidade e da intolerância, aqui lhes deixo a minha sincera homenagem.
j. Vitorino – Jornalista
Diretor do Vila de Rei