A “Estrela da Manhã”: Planeta Vénus, por J. Vitorino

A “Estrela da Manhã”: Planeta Vénus, por J. Vitorino

                                                  

O Planeta Vénus há 2000 milhões de anos

Cientistas da NASA anunciaram que o planeta Vénus, atualmente um verdadeiro inferno tóxico, podia em tempos ter sido um local habitável.

De acordo com os modelos climáticos desenvolvidos pelo Instituto Goddard para Estudos Espaciais da NASA, atualmente Vénus é considerado um local terrível onde nada sobrevive; mas durante dois mil milhões de anos teria tido condições, para o desenvolvimento de vida conforme a conhecemos.

É essa a conclusão a que chegaram os cientistas da agência espacial norte americana, que afirmaram numa conferência de imprensa, que no planeta existiam temperaturas compatíveis com a existência de vida, e até um Oceano de águas pouco profundas.

Os resultados publicados na revista Geophysical Research Letters, foram obtidos com um modelo semelhante ao do tipo usado para prever futuras mudanças climáticas na Terra. 

Muitas das mesmas ferramentas que usamos podem ser adaptadas para estudar climas noutros planetas, tanto do passado como do presente, disse Michael Way investigador do GISS e autor principal do estudo.

Os resultados mostraram inequivocamente que Vénus no passado foi muito diferente do que é hoje; com uma atmosfera de dióxido de carbono 90 vezes mais espessa que a da Terra; atualmente em Vénus não existe vapor de água, e as temperaturas atingem 462º à superfície.

A grande mudança terá sido provocada por estar mais perto do Sol que a Terra acabando por receber mais luz solar, que como consequência o Oceano inicial evaporou-se, e as moléculas de vapor de água foram quebradas pela radiação ultravioleta, dando origem a que o hidrogénio se escapasse para o Espaço.

O Planeta Vénus atualmente

Sem água à superfície, o dióxido de carbono acumulou-se na atmosfera levando o Planeta ao efeito de estufa, transformando Vénus num forno terrível.

Há muito que os cientistas suspeitavam de que Vénus teria sido formado com ingredientes semelhantes aos da Terra; mas a maior proximidade do Sol e os mares pouco profundos, foi determinante, para que seguisse num caminho diferente.

Estudos anteriores demonstraram que a rapidez com que um Planeta gira sob si próprio; um dia em Vénus corresponde a 117 terrestres, o que lhe retira a possibilidade de no futuro poder vir a ser habitável.

Até há pouco tempo pensava-se que era necessária uma atmosfera espessa como a de Vénus, para que o Planeta tivesse a rotação lenta de hoje; no entanto, novas investigações mostraram que uma atmosfera fina como a da Terra, poderia ter produzido o mesmo resultado. 

Os investigadores acrescentaram que as informações sobre a topografia de Vénus, foram obtidas pela sonda da missão Magalhães na década de 1990.

O estudo teve em conta um Sol mais jovem e 30% mais ténue; Vénus recebia 40% mais energia solar do que a Terra recebe hoje.

Na simulação do modelo do GISS, a rotação lenta de Vénus expõe o seu lado diurno ao Sol durante quase dois meses; esta exposição prolongada, aquece a superfície e produz precipitação; criando uma camada espessa de nuvens que funciona como um guarda-chuva, que protege a superfície do aquecimento solar.

O resultado, terá propiciado temperaturas climáticas médias em Vénus no passado; na verdade, até alguns graus inferiores às da Terra.

J. Vitorino – Astrónomo Amador

 

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