A outra face de Lisboa, por J. Vitorino

A outra face de Lisboa, por J. Vitorino

Lisboa vista do Parque Eduardo VII

A Cidade de Lisboa é um destino incontornável do turismo Mundial; a Capital mais Ocidental da Europa, tem a seu favor o enquadramento do Rio Tejo, e as duas grandes pontes que são as maiores da Europa; complementadas pelo Castelo, a Praça do Comércio, e as suas famosas sete colinas.

Quando do 15º aniversário da abertura da EXPO 98 e na sequência de uma atribuição do 4º lugar a Lisboa como preferencial destino turístico, escrevi “Lisboa querida Lisboa” em que defendi que esta bela Cidade merecia o 1º lugar.

Lisboa é uma das mais belas Cidades do Mundo, em parceria com Rio de Janeiro que também foi fundada por portugueses; mas um turismo de qualidade, tem que ser mais exigente na oferta dos seus serviços.

A Ponte Vasco da Gama com 18 quilómetros de extensão, 13 dos quais sobre o Rio Tejo.

Recentemente numa visita à Cidade com um pequeno grupo, fiquei surpreendido com o que vi; Lisboa está transformada num estaleiro permanente de pequenas reparações, que em nada abona em defesa do estatuto desta bela Cidade.

Dois meses antes; na companhia de dois amigos também Jornalistas numa deslocação ao Município de Lisboa, e também à Bienal do Azeite que teve lugar no Largo de Camões, comentámos a mendicidade “profissional” e delinquência naquela zona.

Foi precisamente no Chiado na Rua Garrett, que há 50 anos nasceu o Club de Turismo do Atlântico; que em colaboração com as lojas locais como Paris em Lisboa, Ramiro Leão e os Armazéns do Chiado entre outras, promoviam aquela zona mas cosmopolita de Cidade; onde as senhoras se vestiam a rigor com trajes das diversas regiões do país para oferecerem flores aos visitantes, sempre num dia de abril.

O Clube Turismo do Atlântico não tinha fins lucrativos, e promovia a Cidade de Lisboa com o Slogan “abril em Portugal”; o Jornalista Júlio Padesca foi o fundador e Presidente, enquanto eu ao tempo com 19 anos era o Secretário.

Todos os anos; o Hotel Borges sito na Rua Garrett, oferecia ao grupo de colaboradores do evento o almoço, que era sempre “cozido à portuguesa”.

Ali mesmo ao lado ainda existe a famosa Pastelaria Benard; onde ainda adolescente, iniciei a minha atividade profissional na Hotelaria e Turismo.

Presentemente Lisboa, está longe de ter condições para receber turismo de alta qualidade por muitos motivos, onde o fator segurança vai desempenhar um papel preponderante; há pouco tempo valeu a firmeza da atuação policial no Parque das Nações, que evitou consequências muito mais graves.

Acompanhado do grupo entrámos no elétrico; e num percurso de 300 metros da rua da Conceição ao Chiado, foi-nos cobrado 3.60 euros cada.

É “um assalto ao turista pobre”; que presentemente constitui a esmagadora maioria dos visitantes de Lisboa

Decidimos ir visitar o Castelo fazendo a caminhada a pé; quando chegamos à porta das muralhas deparei com mais de 200 pessoas em fila, para comprar o acesso à entrada que custava 8,50 euros só para ver Lisboa do Castelo, que para além da vista pouco mais tem.

Ponte Salazar (25 de abril), no dia da Inauguração a 6 de agosto de 1966.

O grupo optou por não entrar; demos meia-volta e caminhámos na direção de “Alfama” sempre a tropeçar com a mendicidade importada, que não procura trabalho nem fala português.

Lisboa foi transformada num paraíso para carteiristas e “pequenos negócios”, que o Estado não consegue controlar; onde os quiosques e vendas ambulantes, foram “entregues” a gentes de outras origens.

Sendo péssima a oferta alimentar; em que muitos dos restaurantes em zonas turísticas apresentam a lista com o preço, e depois cobram pelo couvert e suplementos valores que duplicam o preço.

Se nada for feito para disciplinar a atual oferta turística, não tardará que Lisboa passe a ser um destino não recomendável.

Dispenso quaisquer referência aos Tuk Tuk; que em poucos anos transforaram Lisboa, numa cidade do Vietname e Bangladesch.

Monumento das Descobertas 

Quase todos os Monumentos estão a precisar de limpeza, onde o mais visitado é o “Padrão dos Descobrimentos; o incrível é que alguém tenha decidido, que o melhor mês para o limpar seria o de agosto, precisamente quando é mais visitado.

A elegância, o glamour e requinte da “velha Lisboa”, deram lugar a lojas de conveniência e “fast food”; a comida de plástico que alimenta os turistas e os novos ocupantes desta bela Cidade, que está cada vez mais parecida com uma Cidade do terceiro mundo.

J. Vitorino – Jornalista e Diretor

 

 

 

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