Terra é um Planeta Enfurecido, por J. Vitorino

Terra é um Planeta Enfurecido, por J. Vitorino

A Terra está a transformar-se num Planeta enfurecido; o processo já foi desencadeado e será extremamente difícil de travar, porque os países com grande peso industrial, e que dariam o maior contributo para atenuar o “Holocausto do Ambiente” que se aproxima, não estão dispostos a sacrificar as suas políticas de crescimento, que estão inevitavelmente ligadas à agressão do nosso Habitat a Terra.

O “Berço do Homem” está a ser vítima de uma feroz violação; não só a atmosfera que respiramos e os solos que nos alimentam, mas sobretudo, a poluição dos Mares e Oceanos, que estão a ser desventrados para a extração de toda a matéria prima que é necessária, para alimentar os formigueiros humanos, resultante de uma civilização sem regras nem planeamento demográfico; tudo em nome de um “falso benefício” que não se compadece com o ecossistema global.

Existem situações que já não têm retorno, como é o caso das dezenas de milhares de outras espécies que levámos à extinção, e que poucos falam nelas, porque somos todos culpados pelo seu desaparecimento.

Sacrificámo-las em nome do desenvolvimento tecnológico que não levou em conta os danos colaterais causados pelas três revoluções industriais, em que a primeira começou há mais de 300 anos.

As recentes cheias no centro da Europa e também em Espanha, zonas do Pacífico, América latina e África, são pequenos indícios do que nos espera.

Alguns povos no Norte de África estão a ser são fustigados com secas prolongadas, enfrentando grandes dificuldades no abastecimento de água, sendo apenas o princípio do que está para vir, se não houver uma viragem na persistente utilização do plástico e combustíveis fósseis, que são os principais agressores do ambiente.

O degelo nos polos da Terra indiciam que Nações inteiras terão que sair das suas fronteiras para fugir à subida das águas, que irá provocar uma alteração climática a nível global, onde o abastecimento alimentar será muito penalizado.

Terra um Planeta enfurecido, porque está a ser mal tratado pela espécie humana.

Noutros locais a escassez da água obriga as populações a fixarem-se à beira dos grandes rios, que em pouco tempo serão poluídos e as suas águas contaminadas, obrigando a consecutivas deslocações de povos, que serão “empurrados para guetos dentro dos seus próprios países”; onde inevitavelmente acontecerão lutas pela sobrevivência, que como consequência haverá violação dos direitos humanos, que em casos extremos de sobrevivência serão palavra morta.

Os cientistas sabem o que têm pela frente e lançam o alerta; mas pouco podem fazer, porque não têm poder decisório para tentar inverter o mal que está feito; mas que ainda podia ser atenuado se as grandes potências assim o decidirem, porque a escolha será simples; ou contribuem para a salvação do Planeta Terra e o futuro dos seus povos num contexto imediato, sabendo que a catástrofe que estão a provocar levará a longo prazo ao desaparecimento da espécie humana, ou preferem unir esforços para continuarmos por aqui mais uns milhares de anos até conseguirmos sair em busca de outro habitat com condições mínimas de podermos dar continuidade à “espécie humana” se for esse o nosso desígnio.

Um fenómeno de que poucos cientistas falam, são os “Sinkholes” (buracos no solo), que estão a aparecer um pouco por toda a parte, em que uma das causas pode ser o desventrar contínuo da crosta terrestre em busca de minérios, gás e petróleo, que pode causar abatimento de terras em grande escala, sendo no fundo dos mares e Oceanos o mais preocupante; pois pode originar marmotos que levarão à destruição de Cidades costeiras com milhões de habitantes.

Nunca existiram no Planeta tantas zonas em risco e outras com danos irreversíveis; limitar os estragos é tudo o que se pode fazer e terá que ser quanto antes, onde as mentalidades terão que mudar 360 graus para remediar um pouco o mal que já feito; pelo que vamos aguardar, o que se vai decidir nas próximas cimeiras sobre o clima.

Vivemos numa civilização do plástico, que leva milhares de anos para se degradar; e andamos em carros e vestimos roupas também de plástico, e passamos em breve a viver do plástico, que compõe as lixeiras oceânicas e nos solos de onde extraímos a alimentação para 8000 milhões de humanos; o que levará inevitavelmente a que no futuro, também será de plástico a nossa alimentação.

Nota: O Autor é Astrónomo Amador, com dezenas de Artigos publicados em defesa do clima e do ambiente, que não é bem a mesma coisa.

Em 2017 o Papa Francisco mandou organizar no Vaticano uma Cimeira sobre o Clima, com a participação de dezenas de cientistas; e as conclusões divulgadas foram de grande preocupação, muitas das recomendações foram ocultas pelos países mais poluidores o que é de certa forma compreensível; porque o mundo tecnológico atual, é todo ele fruto das matérias primas extraídas do subsolo e dos Oceanos; pelo que não é possível, um retrocesso radical, sem terríveis custos humanos; pelo que, são precisos no mínimo 40 anos para a transição dos fósseis para energias limpas.

J. Vitorino – Jornalista – Diretor – Astrónomo Amador

 

Share