EDITORIAL: Uma civilização perfeita, por J. Vitorino

Estamos nós no caminho de atingir uma civilização perfeita?

Alguns cientistas e filósofos pensam ser esse o nosso desígnio.

Atingir o centro da nossa Galáxia, e a seguir nos expandirmos pelo Universo através das máquinas inteligentes que a espécie humana irá construir no futuro, pode ser esse o objetivo a alcançar sem que o saibamos.

O homem ainda estão muito longe do pináculo da tecnologia e muito mais distante da perfeição; até porque estamos a regredir nesse objetivo, enquanto aumenta o nosso desenvolvimento tecnológico. 

Uma civilização perfeita não implica que ela seja baseada na tecnologia; que deu um enorme salto nas últimas décadas, o que tem contribuído para esgotar as reservas energéticas do Planeta que seriam necessárias, para um dia podermos partir para as Estrelas em busca de um habitat semelhante à Terra, para nele colocarmos a nossa espécie a salvo da extinção.

A espécie humana é um caso único na complexidade da Natureza, porque só ela a sabe entender; onde é pressuposto ter um papel determinante na condução de um “programa” em que a Terra teria sido a escolha, como incubadora do homem há muitos milhões de anos.

Lembro que a origem da vida iniciou a longa caminhada há 2800 milhões de anos nos Lagos salgados ricos em alcalinas. onde o fósforo, carbono, nitrogénio, hidrogénio e oxigénio para além de outros elementos, como em menor quantidade o cianeto por exemplo.

Estas são as questões que a filosofia nos seus variados campos tem colocado, para irmos ao encontro de muitas perguntas que ainda não tiveram resposta; e que a mais relevante de todas, seria um dia compreendermos quem somos, e porque fomos “selecionados”, se fomos dos últimos a aparecer na escala da evolução.

Provavelmente o homem terá recebido algumas mensagens, quando começou a abandonar as  “Grutas e Cavernas”, e seguiu em todas as direções do Globo terrestre; é provável que por algum motivo, ainda não esteja à altura de as receber; ou porque frustrámos as expectativas depositadas em nós, ou não evoluímos como inicialmente estaria previsto.

Em filosofia determinista nada nas nossas vidas é fortuito, porque tudo o que nos acontece não será um mero acaso; não sendo de excluir que barreiras nos tenham sido colocadas pelo que tivemos de passar ao plano seguinte, para atingirmos metas e objetivos que ainda não conseguimos cumprir.

Também é provável que não fossemos inicialmente incluídos no programa, e que tenhamos surgido após um imprevisto dano colateral na evolução das espécies; tendo a humana vindo a ser controlada face ao perigo, que representamos para as outras espécies e nós próprios.

A evolução tecnológica atual, não foi acompanhada na vertente social e humana; onde as duas guerras em curso na era em que teve início a (IA) inteligência artificial, confirmam o nosso retrocesso civilizacional.

Desde que abandonou as cavernas que o homem tem deixado grandes estragos por onde passa; sendo o Século XX o mais marcante de toda a história, onde mais de 600 milhões morreram vítimas de conflitos, ou em consequência deles um pouco por todo o Mundo; o que talvez tenha rompido com a confiança que foi depositada no homem, quando este foi eventualmente adotado.

Digo adotado; porque quando surgimos já a vida existia no Planeta há mais de 1000 milhões de anos, e o homem vem de um processo evolutivo, que teve início após a queda de um Grande meteorito no (Yucatán Golfo do México) há 65 milhões de anos; e quando aparece há 1,5 milhões de anos, constituiu de imediato um perigo para si próprio e para as outras espécies.

Ainda hoje predominam marcas inconfundíveis, da sua passagem pelas cavernas que se manifestavam pelo ódio e intolerância entre grupos tribos, e posteriormente territórios e nações; e mais tarde entre cultos e religiões que chegaram até aos nossos dias, e que nem os próprios sabem o porquê, de terem sido por elas arrastados.

Se é pressuposto que o homem tenha algum objetivo ou missão a cumprir, então terá que continuar a trilhar um longo caminho, para atingir uma “Civilização Perfeita”.

Bomba nuclear com 3000 vezes o poder da que destruiu Hiroshima; existem suficientes, para destruir a Terra 200 vezes.

Se refletirmos no avanço da tecnologia dos últimos 70 anos, compreendemos que os humanos se encontrem numa fase de transição comportamental; com avanços e recuos onde a razoabilidade está a perder terreno, com todas as consequências dos muitos conflitos existentes no Globo, com origens territoriais e religiosas.

São evidências de que o homem pode estar a viver a última e derradeira civilização na Terra, não obstante ter atingido um nível tecnológico surpreendente; mas ainda não conseguiu conciliar-se com a Natureza e vive permanentemente em conflito com os da sua espécie, e também com os outros animais que connosco coabitam.

Algumas das civilizações que nos procederam, não conseguiram atingir o nível tecnológico da atual; no entanto, algumas sobreviveram milhares de anos.

Os próximos 75 anos vão ser determinantes para a sobrevivência da espécie humana; onde a escassez energética e alimentar, irá colocar um grande desafio à nossa capacidade e inteligência, para pacificar o Planeta onde será mais que provável, a adoção de uma nova ordem económica Mundial, para retirar da pobreza extrema metade da população terrestre; que poderá atingir em 2050 os 15.000 milhões se um conflito nuclear em larga escala, não determinar o fim do ciclo do homem no Planeta Terra.

J. Vitorino – Jornalista – Diretor

 

 

 

 

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