EDITORIAL: Memórias da nossa História, por J. Vitorino

A 10 de junho comemora-se o dia de Portugal de Camões e das comunidades portuguesas espalhadas pelo Mundo.

Meu Querido Portugal, é o pensamento coletivo de todos os portugueses que tiveram que partir em busca de uma vida mais digna, e de um futuro mais promissor para os seus descendentes; deixando sempre em aberto a esperança, de um dia ainda que longínquo, poderem regressar à terra lusitana que os viu nascer.

O povo português foi sempre sonhador e aventureiro como prova a sua história; mas também sedentário, onde o regresso às origens foi sempre uma constante que começou há 609 anos (com a tomada de Ceuta em 1415), quando Portugal teve que deixar tropas e civis nos territórios conquistados, registando ainda hoje uma das mais elevadas taxas de emigração.

A pobreza tem sido a causa mãe dos grandes fluxos emigratórios dos portugueses, que penalizaram o nosso crescimento demográfico sem o qual, Portugal nunca teria chegado tão longe na globalização como chegou.

Mas reconhecemos também, que somos um povo de contradições; pacientes mas pouco unidos nas horas difíceis, (os últimos 114 anos da nossa história falam por si); o que constitui um obstáculo à nossa realização pessoal e coletiva, porque não reagimos aos sacrifícios impostos por quem acreditámos que seriam os melhores, para encontrar as soluções para as nossa aspirações; estando estas muito longe de terem sido correspondidas, não obstante terem existido todas as condições, mas que não foram aproveitadas como outros países o fizeram.

Portugal é um país com uma frágil economia, um fator que nos arrastou para uma pobreza prolongada; a nossa recuperação dependerá sempre da conjuntura internacional, e de uma resposta enérgica por parte de todos os portugueses, o que não se tem verificado.

O país sofreu nos últimos anos uma grande quebra produtiva; por conseguinte, esvaziou na emigração muitos dos cérebros que nos vão deixado mais pobres e debilitados, para podermos inverter o estigma da pobreza, que nos deixou fortemente dependentes do exterior; dificultando a nossa recuperação económica que é a única autoestrada, para recuperarmos o atraso a todos os níveis que está na origem do nosso empobrecimento.

Brasão de Armas da dinastia de Avis

Os últimos anos foram todos eles repletos de acontecimentos negativos para os portugueses; o que lhes reserva todo o direito, de colocarem em dúvida, os autores das promessas que lhes foram feitas e que nunca foram cumpridas.

Portugal adquiriu em tempos o estatuto de país de grandes Navegadores, e os portugueses de corajosos guardiões da sua independência; mas neste momento atravessam uma crise de “rumo coletivo”; com a política económica do país a ser ajustada à ideologia de quem tem governado nos últimos anos.

Os olhos do Mundo estão postos em Portugal, porque não compreendem o porquê dos portugueses, deixarem cair em poucos anos a sua Nação sem reagirem.

 

A bela Caravela portuguesa do século XV, ficou na memória como o primeiro contacto Ocidental com o Mundo desconhecido, que o 10 de Junho hoje comemora.

O 10 de Junho reflete a memória da Grande Epopeia Marítima Portuguesa.

No passado enfrentámos ocupações e guerras impostas, e lutámos nos cinco continentes; mas atualmente assumimos uma posição “dócil” para com aqueles que contribuíram mesmo que em alguns casos involuntariamente, para nossa derrocada coletiva; o que constitui a maior falta de coragem desde a “Fundação de Portugal”; uma realid caraade que as futuras gerações nunca nos irão perdoar, mas sim condenar implacavelmente.

A língua portuguesa, é a quinta mais falada em todo o mundo; sendo das primeiras com a maior cobertura global, onde é ensinada em todos os cantos do planeta; mais concretamente em 175 países, o que vem dar consistência à nossa universalidade.

Nunca será de mais realçar, o legado cultural e patrimonial que nos deixaram os “grandes do nosso passado” e que os portugueses de hoje não conseguem preservar.

Portugal deu um grande contributo ao Mundo na divulgação de valores, que ainda hoje representam as pedras basilares da civilização ocidental; aquela que foi a maior das seis Nações que globalizaram o Planeta, em contradição hoje já pouco nos resta com que nos possamos identificar.

Infante D. Henrique, o arquiteto da grande Nação que já fomos.

A diáspora portuguesa teve início com a conquista de Ceuta por D João I em 1415; que por ironia é o único território que foi português durante 225 anos, que ainda ostenta na sua bandeira os símbolos de Portugal e também da Cidade de Lisboa; precisamente o brasão de armas da dinastia de Avis, que foi fundada pelo Rei que esteve ao comando da tomada de Ceuta, e da bandeira de Lisboa a capital de Portugal.

Hoje 10 de Junho de 2024 feriado Nacional, comemorativo do Dia de Camões e das Comunidades deve ser de (união e reflexão de todos os portugueses), para que todos juntos possamos salvaguardar alguns valores da nossa história que nos são tão carismáticos, mas que nos estão a escapar sem que nos apercebamos; vamos fazê-lo em nome das futuras gerações, para que tenham orgulho em terem nascido portugueses.

À memória de D. Afonso Henriques, D. João I (que deu o início à nossa expansão além-mar, com a conquista de Ceuta), D. Nuno Álvares Pereira, D. João II, Infante D. Henrique, D. Manuel I, D. João IV, Vasco da Gama, Pedro Alvares Cabral, D. João VI (que teve a coragem de levar a Corte para o Brasil para salvar o Império), Bartolomeu Dias, e Luís de Camões que melhor que ninguém, escreveu o povo que somos; e todos aqueles que a nossa história vem esquecendo, e que em tempos fizeram de Portugal uma Grande Nação; é a eles e aos nossos emigrantes, que o 10 de Junho de 2024 deve ser dedicado.

J. Vitorino – Jornalista e Diretor do Jornal On Line Vila de Rei – principal cronista para as nossas comunidades de 2012 a 2024 através do semanário “O Mundo Português”, com 986 publicações nas versões papel e digital. (Ex-emigrante no Reino Unido). 

 

 

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