Portugal quem te acode? por J. Vitorino
Portugal está mergulhado num injusto e inaceitável pantanal de pobreza; de onde a maioria da sua população dificilmente conseguirá sair nas próximas duas décadas, porque fomos há vários anos afastados da rota do desenvolvimento.
Os portugueses são um dos três povos mais pobres da Europa; nos últimos 22 anos, pagaram milhões de euros de prejuízos da banca privada, que colocou o país numa pobreza de longa duração.
Mas esta é apenas uma das muitas causas com que podemos identificar (o ciclo negativo) que atingiu Portugal, quando estiveram reunidos todos os condicionalismos para termos saído dele.
A situação económica continua a ser preocupante, não obstante o governo esteja a tentar colmatar algumas situações de injustiça que se arrastam há vários anos, como os salários no setor público que nos envergonha, se comparados com os nossos parceiros europeus por exemplo.
É preciso que se fale aos portugueses com toda a clareza para que não fiquem entorpecidos pela notícia de que estamos a sair da crise.
Portugal está há vários anos com o crescimento sempre condicionado à monstruosa dívida pública, e a garantia inequívoca da sua continuidade, se queremos sobreviver como uma Nação independente.
Com graves problemas estruturais na economia onde o investimento do Estado é praticamente nulo, dificilmente se encontrará uma saída para colmatar os graves problemas a enfrentar.
Foram vários e sucessivos os fracassos dos últimos governos em políticas de crescimento; que como consequência, conduziu o país ao recurso e dependência da dívida.
Portugal sustentou o esforço de uma guerra no ultramar durante 14 anos, sem recorrer a este escandaloso endividamento; tendo forçosamente, que existir uma razão que justifique esta galopada, incomportáveis para um país com fracas condições de sustentabilidade.
As nossas Universidades estão a formar quase exclusivamente para a emigração, deixando o país mais pobre em literacia, e enfraquecendo a reposição demográfica que atingiu um nível alarmante; onde em alguns locais do interior, existem 300 pessoas idosas por cada 100 crianças e jovens no seu conjunto.
Os portugueses continuarem em fuga; sendo o recurso à emigração a única saída, que também transmitem aos filhos e netos que será este o seu futuro.
Muitos tiraram benefícios da calamidade social a que o país chegou, e a crise económica e financeira não foi a causa única da situação a que chegámos; sendo a mentalidade consumista que se enraizou na nossa sociedade de difícil inversão, porque passou muito tempo ao lado de quem a poderia ter corrigido.
Nos últimos anos assistimos a uma nova elite de ricos, com fortunas meteóricas inexplicáveis; algumas delas, os seus titulares passaram pelo exercício em cargos públicos, enquanto a maioria dos portugueses, espera-os no final do mês os miseráveis vencimentos que são dos mais baixos da União Europeia.
A Holanda que tem mais 5 milhões de habitantes que Portugal, e um dos países mais ricos da União Europeia, tem 150 deputados versus 230 da assembleia da República portuguesa; 60% dos seus membros deslocam-se de bicicleta para o Parlamento, e os restantes por meios próprios.
É urgente retirar os portugueses da inaceitável situação de pobreza; quase metade da população vive com grandes dificuldades, sendo que muitos dos casos, não chegam ao conhecimento público por uma questão de dignidade pessoal.
J. Vitorino – Jornalista e Diretor