Os anos perdidos, por J. Vitorino
Os anos perdidos por Portugal em subdesenvolvimento e atrasos a outros níveis, em comparação com a média na União europeia, e que alguns políticos justificam serem compensados com a devolução da democracia, é uma inconsequente falácia; até porque o 25 de abril de 1974 foi há 50 anos, e ainda hoje serve de desculpa para justificar o caudal de pobreza em que o país está mergulhado.
Ao fim de duas gerações ainda existem partidos políticos com assento parlamentar, que continuam a viver no romantismo revolucionário desse longínquo dia de abril.
Portugal caminhou penosamente durante anos para as urnas de voto em nome da democracia; para em parte muitos se justificarem, o terem-se servido dela em benefício próprio, como é do conhecimento de todos os portugueses.
É urgente pensar no Portugal atual, sem descuidar o futuro das nossas crianças e jovens; e também os idosos, que estão condenados a passarem o resto das suas vidas em condições de pobreza indescritíveis.
Portugal é um país adiado, e a paciência dos portugueses está a chegar ao limite.
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Os motivos que atiraram os portugueses para cauda da Europa, onde não existe atualmente um único país a viver em ditadura, precisam de uma séria e urgente reflexão; por isso, vai sendo tempo de não ser explorada por uns quantos aquela data, para justificarem os atropelos de que este povo tem sido vítima em parte para enriquecer alguns; enquanto a maioria do povo português caminha para a pobreza sem retorno; nada mais lhes restando que os tortuosos caminhos da emigração, que vão esvaziando os poucos cérebros que temos que seriam imprescindíveis, para retirar Portugal desta intolerável situação de pobreza.
O líder de um partido político disse recentemente, que o 25 de abril era uma revolução inacabada e tem toda a razão; porque na altura foi visto pela imprensa internacional não como uma revolução mas sim um assalto ao poder; e o verão quente de 1975, assim o veio comprovar.
Se o seu partido tivesse em altura própria, aliviado a carga ideológica que o caracteriza hoje Portugal seria um país próspero, e estávamos longe da situação que vivemos neste momento; não obstante alguns dos militares de boas intenções, tivessem pensado o contrário; hoje todos sabemos o rumo que os acontecimentos tomaram, e contra os factos não existem argumentos.
Patriotismo; é defender a independência e a prosperidade do seu país, para que todos os seus cidadãos e futuras gerações, tirem o legítimo benefício dela.
Como exemplo; Santiago Carrilho ajudou na democratização da Espanha; um ato patriótico que sacrificou em pouco tempo 80% do seu eleitorado-
A ele e a Adolfo Suarez (já falecidos), se deve a Espanha democrática de hoje; é esta a diferença abismal, entre a ideologia política que conduz aos caminhos da Venezuela e Cuba.
Portugal precisa de ter estabilidade orçamental é certo; mas vai sendo tempo de ser colocada de parte as diferenças ideológicas, (que respeito), e pensar na maioria dos portugueses; que com toda a razão, se sentem deserdados da democracia.
Ainda hoje (23 de agosto de 2024, no Bombarral o concelho do meu nascimento, e no Cadaval onde tenho residência, não existia um único médico de serviço.
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OBS: A livre opinião que é a única mais valia em Portugal que nos deixa “esta democracia”, mas não mata a fome a um terço dos portugueses.
J. Vitorino – Jornalista e Diretor