Hoje 6 de Janeiro é dia de Reis, por J. Vitorino
A existência de pretendentes ao trono (vacante desde 1910), coloca aos portugueses esta questão; quem teria hoje Dia de Reis a legitimidade para ser Rei de Portugal?
Como se sabe, a Monarquia foi interrompida em consequência do assassínio do Rei Dom Carlos I e de Seu filho Dom Luís Filipe Príncipe Real; tendo o bárbaro acto sido executado por uma minoria de radicais, e como a república em quase 115 nunca nunca se submeteu a um referendo, continua em aberto o regresso à Monarquia constitucional, o que na realidade já era o sistema vigente em Portugal.
Brasão de Armas da Dinastia de Avis
De início; o povo português pensou ser um afastamento provisório do jovem Rei até que a “casa fosse arrumada”, mas os seus defensores internos não mexeram uma palha, para inverter a trágica situação; a seguir a conjuntura internacional determinou, que não existiam condições para o regresso do Rei D. Manuel II.
O que se passou a seguir todos nós sabemos; as revoluções internas a sucederam-se umas às outras num ritmo devastador, e várias Nações a serem destruídas com a primeira Guerra Mundial, em que Portugal também foi tragicamente envolvido.
O Estado Novo 1928/1974
Com o país no ponto mais baixo de sempre, seria fácil alguém em nome da ordem, governar o país como entendeu durante mais de quatro décadas.
Hoje todos sabem que o atual regime falhou o compromisso para com os cidadãos portugueses; porque não obstante a monstruosa dívida contraída e património público alienado, não tirou os portugueses da pobreza, e colocou Portugal no ranking dos países mais subdesenvolvidos da Europa, com a mais baixa taxa de literacia, e mantendo há 15 anos sem interrupção uma alta taxa de emigração.
Dom Afonso Henriques, o 1º Rei de Portugal
Neste contexto só um amplo movimento de cidadania poderia devolver Portugal a um regime Monárquico, o que não deverá acontecer nos próximos 50 anos (duas gerações), porque os portugueses foram deseducados e (bloqueados no Art. 288 da Constituição da República) para não poderem regressar à Monarquia.
As vantagens para os portugueses de regressarem a uma Monarquia Constitucional interrompida em 1910, teria que começar imediatamente a ser ensinada nas escolas de infância e primária, para que as duas gerações seguintes compreendessem a história do seu país, e o que se passou após o regicídio de 1908, para livremente poderem escolher em referendo a melhor opção para o seu futuro.
Brasão de Armas da Casa de Bragança a última a reinar em Portugal
A fuga dos portugueses do seu país logo após o fim da Monarquia, teve consequências que ainda hoje se sentem só que muito mais grave; porque nos últimos 15 anos deixaram Portugal 1 milhão e 200 mil licenciados, que estariam na linha da frente para o ajudarem a recuperar.
Nas décadas de 60/70, Portugal enfrentou a segunda grande vaga de emigração; a primeira teve lugar em 1919, imediatamente a seguir ao termo da primeira grande guerra; o ano em que os meus Avós naturais de Aljubarrota – Alcobaça, rumaram a Fall River Massachusetts USA, onde meu Pai nasceu 2 anos depois.
Entretanto; contam-se pelos dedos de uma mão, aqueles que nascidos num país rico a Suíça, tivessem à época algum interesse em vir para o nosso país, que acabava de iniciar a mais dramática fuga para a Europa, Brasil, EUA, Argentina e resto do Mundo; quando muitos dos nossos jovens alguns acompanhados de seus pais, fugiam da mobilização do trágico conflito do Ultramar, que teve início em Goa Índia em 1959; e estendeu-se às ex-colónias de 1961 até 1974/1975, quando Portugal aumentou a população em 12 por cento, com a fuga das zonas de conflito.
Uma tragédia que a república não soube acautelar, e que eu pessoalmente presenciei as dezenas de milhares de fugitivos a chegarem a Portugal em fuga desordenada; causando o caos nas unidades hoteleiras que tinham que alojar os milhares que chegavam diariamente; e que eu ao tempo tinha responsabilidades de administrador num dos maiores grupos hoteleiros em Portugal.
A revolta silenciosa dos portugueses por motivo da guerra no Ultramar, levou a que Salazar utilizasse a polícia de Estado contra o descontentamento popular; o que obrigou muitos portugueses a emigrar, até porque não existiam outras alternativas e eu fui um deles.
D. Carlos I de Portugal e seu filho D. Luis Filipe Príncipe Real
Ao tempo a república que se resguardou no Artigo 288 acima referido, e com o qual empobreceu e endividou o país, não deixou aos portugueses uma ténue esperança de um regresso à Monarquia, que os retirasse de um tremendo cativeiro onde a única opção era a fuga.
Em todo o Mundo se sabia que Portugal estava no ponto mais baixo da sua História, e tinha caído no descrédito total, tendo sido poucos os portugueses que tiveram autorização para sair as fronteiras, o que transformou o nosso país num autêntico “cativeiro”.
Recordo que dos 10 países mais ricos e desenvolvidos da Europa 7 são Monarquias.
Deixo aqui um desafio a todos os pretendentes à Coroa, para que seja sua a iniciativa de um movimento de cidadania pacífica, visando esclarecer os portugueses da incomensurável vantagem em viverem numa Monarquia Constitucional que já existia, quando do assassínio do Rei e do seu filho o Príncipe Real.
Recordo que Portugal é dos países mais pobres e subdesenvolvidos da Europa, e com a mais baixa literacia da União Europeia, e a mais alta taxa de emigração de licenciados; o que será um entrave à recuperação económica do nosso país, não obstante sermos o mais privilegiado em termos geográficos, com a acesso direto à costa Atlântica e Mediterrânica.
OBS: À memória de D. Carlos I de Portugal, e do seu filho Príncipe Real Dom Luís Filipe e de D. Manuel II, que em trágicas circunstâncias viria a ser o último Rei de Portugal.
J. Vitorino – Diretor do Vila de Rei