
A pobreza envergonhada, por J. Vitorino
Inércia total; tem sido uma constante dos últimos governos, no combate ao maior flagelo no nosso país que é a pobreza.
Portugal é o maior produtor de pobres em tempo de paz; em apenas 10 anos foram atirados para a pobreza extrema um em cada 10 portugueses, enquanto 20% da população ativa abandonou a classe média, para irem engrossar o rol dos pobres.
Recentemente a Santa Casa da Misericórdia lançou no terreno um grupo de voluntários para se inteirar desta dramática situação; percorreram à noite as ruas de Lisboa e o que viram é aterrador; famílias inteiras vindas da classe média vivem enroladas em cartões, a suplicar por comida nas arcadas do terreiro do paço, Pavilhão de Portugal, e galerias da Gare do Oriente no Parque das Nações em Lisboa; para não mencionar os bairros “problemáticos”, onde são poucos aqueles que têm coragem de lá entrar.
Os últimos anos marcaram negativamente os portugueses.
Os nossos governantes e também muitos de nós, vangloriam-se dos grandes exemplos de sucesso que alguns portugueses tiveram além fronteiras; administradores de bancos, investigadores e futebolistas, comissários das Nações Unidas e da União europeia, são posições muito pomposas para os interessados; alguns deles, adquiriram licenciaturas pagas pelos contribuintes do seu país; outros emergiram politicamente com os votos de muitos incautos, dos quais tiraram grandes benefícios pessoais como é do conhecimento público.
A imprensa escrita e áudio visual em Portugal, perde o seu tempo em divulgar sucessos de mediocridades pessoais, que vagueiam num pequeno e incipiente mundo de ilusões, e nem um gesto para denunciar a pobreza, que está a atingir centenas de milhares das nossas crianças e idosos; porque simplesmente, remetem-se ao mais fácil que é o silêncio.
Os apelos do Papa Francisco e da Igreja, têm sido completamente ignorados; Portugal transformou-se numa irreversível fábrica de pobreza.
O Mundo tem os olhos postos no nosso país e não é por boas razões, em especial os europeus que nos vêm como os novos pelintras, que começaram a invadir as ruas das cidades nos países ricos do Norte da Europa, a estender as mãos á caridade.
Alguns ex-governantes têm a cumplicidade dos meios de comunicação, que os colocam em antena aberta ou nas colunas de Jornais, para se desculparem da caótica situação em que deixaram o país, para ocuparem cargos pomposos na União Europeia e Nações Unidas.
A pobreza não chegou a Portugal por mero acaso, porque tem os seus responsáveis; que deixaram Portugal a afogar-se na dívida pública, venda do património e atraso a todos os níveis, a que se junta a perda de credibilidade, que se vai refletir nas futuras relações com outros Estados; sendo os jovens de hoje e as futuras gerações duplamente penalizados.
A dívida contraída de nada nos serviu para eliminar as bolsas de pobreza existentes em Portugal; o que por ironia teve como consequência, feito subir o número de milionários.
J. Vitorino – Jornalista Diretor
