EDITORIAL : 8 de Março Dia da Mulher

Com toda a solidariedade do Jornal Vila de Rei, para com as mulheres portuguesas vítimas de violência doméstica.

Os portugueses estão a ficar mais pobres, incultos e violentos; a situação económica em que muitas famílias caíram nos últimos anos, não justifica a espiral de violência doméstica que tirou nos últimos 10 anos a vida a centenas mulheres, que deixaram órfãos de mãe um número muito superior de crianças.

Não vamos esconder-nos atrás de causas subjacentes, como o desemprego e a degradante situação económica de grande parte dos portugueses, que atingiu com severidade a classe média; que foi a principal responsável pela maior percentagem de divórcios no nosso país, o que nem sempre é bem digerido por uma das partes.

O mais grave; é os filhos serem forçados a assistir aos constantes atos de violência, que depois transportam para as escolas; onde um aluno violento é suficiente para desestabilizar toda uma turma, como tem sido noticiado em casos frequentes; o que vai enfraquecendo a motivação dos professores, e consequentemente a qualidade do ensino.

As consequências do trauma na sociedade e famílias, pode ser um entrave à recuperação do ânimo coletivo, para podermos sair rapidamente do desespero em que se encontram muitos portugueses; e partirmos em busca da paz social, que nos conduza ao desenvolvimento económico imprescindível para o equilíbrio mental daqueles, que se refugiam na violência gratuita; faltando-lhe muitas vezes a coragem, para enfrentar um novo rumo nas suas vidas.

As mulheres portuguesas, não devem nem podem ser o elo mais fraco tradicional nas sociedades latinas, porque há muito tempo que já deram provas da sua afirmação nos campos profissional e socio cultural; é um direito adquirido, e merecidamente reconhecido nas civilizações ocidentais.

Os homens não são donos das mulheres e dos filhos; é um abuso feudal que não pode ser praticado em pleno século XXI; esta barreira tem que ser quebrada, para que acabe o machismo grosseiro que ainda existe na cultura portuguesa, que não é justificável ou tolerável numa sociedade democrática; sendo a agressão verbal também inaceitável, do ponto de vista social e humano.

Muitas das mulheres que conseguem divórcios litigiosos, optam por abandonar o nosso país; levando consigo os filhos com medo de perseguições e represálias, procurando abrigo em países onde a legislação local as proteja; o que não impediu que recentemente, um português se deslocasse à Suíça para assassinar a ex-mulher e o companheiro desta.

A nossa sociedade está desagregada e à beira do colapso; mais pobre a todos os níveis e sem objetivos concretos, vai rumando contra a maré sempre na tentativa de encontrar culpados para as suas próprias frustrações; enganam-se os que se desculpam com a pobreza, porque as dificuldades unem as pessoas não as divide.

O nosso país está a perder o leme do barco que nos referenciava como um povo generoso e pacífico; e não existe justificação ou causa para matar, porque ninguém é dono de uma vida seja ela quem for.

A legislação portuguesa tem vindo a dar alguma proteção os infratores, porque só age depois do crime consumado; esta bola de neve só terá um fim depois de ações severas contras os prevaricadores; uma calamidade social que se tem agravado, com o abandono do país de centenas de milhares dos nossos licenciados, que vão empobrecendo a nossa educação onde se nota um tremendo vazio.

A crise económica que há mais de uma década se instalou em Portugal, deixou grandes mazelas na sociedade portuguesa, onde futuramente o ensino terá um papel preponderante para as cicatrizar; sendo neste setor e na educação, que teremos que apostar o nosso futuro.

Portugal terá que seguir em frente; é uma exigência que se nos impõe, em nome das próximas gerações e das crianças e jovens de hoje, a quem caberá a missão de levantar este país de novo.    

     J. Vitorino – Diretor                             

 

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