EDITORIAL: Portugueses vão a votos, por J. Vitorino

EDITORIAL: Portugueses vão a votos, por J. Vitorino

Os portugueses são pouco otimistas, para poderem encarar cada ato eleitoral como uma esperança renovada; imprescindível para que o país descole da pobreza que atingiu uma grande parte da sua população.

Portugal ainda não conseguiu sair da crise que teve início em 2007; sendo ainda visíveis os efeitos de regressão na nossa economia, que tem sido um entrave ao caminho do nosso desenvolvimento.

O fluxo emigratório dos últimos 15 anos, aliado à fraca autoestima e pouca confiança em algumas instituições, tem sido uma das causas na quebra da produtividade.

Portugal perdeu numa só geração (25 anos) mais de metade da classe média, e muito do seu diverso património acumulado ao longo da história; não nos devemos esquecer, que os portugueses foram por duas vezes e em épocas diferentes, o povo mais rico do Mundo.  

Aos milhões de pobres que existem em Portugal, ainda lhes resta uma expectativa de que o futuro lhes seja um pouco mais promissor; mas essa responsabilidade cabe a quem há mais de 50 anos tem em nome dos portugueses, governado em alternância os destinos do nosso país; refiro-me aos partidos PSD e PS, que nunca se entenderam para nos retirar do fundo da Europa.

Alguns fatores externos entre os quais a nossa integração europeia, penalizaram fortemente a nossa produção na agricultura e nas pescas; mas outros motivos tiveram grande incidência, no atraso da nossa recuperação económica, onde algumas Instituições teimam em subsistir com a cobertura de constitucionalidade, mas que estão há muito tempo desenquadradas da realidade portuguesa.

Refiro-me às Fundações que absorvem milhões que deveriam ser utilizados para investir no setor produtivo.

A nossa sociedade está dividida entre ricos e pobres, com os últimos em manifesta desvantagem; em consequência de algumas políticas económicas e sociais, que têm sido ajustadas a teorias partidárias, onde os consensos de convergência para retirar o país da crise, têm dado lugar a cedências em troca de apoios no quadro parlamentar.

O atual governo tem sido sustentado por dois partidos que não o integram o PS e IL, pelo que toda a responsabilidade pelo futuro do país, cabe aos dois principais partidos portugueses PS e PSD, que devem encontrar um entendimento após o ato eleitoral, para abrir caminho a um Portugal para todos nunca esquecendo aqueles, que não devem ser os danos colaterais da nossa situação económica, que são 40 por cento dos portugueses; um aumento exponencial, nos últimos anos de governação socialista.   

Estes dois partidos PS/PSD, têm o direito e o dever de dar um novo rumo à nossa recuperação económica, que é o único caminho para erradicar a pobreza em Portugal, e relançar o nosso país para o futuro.

Portugal começou a crescer em 2024, mas é um crescimento tímido e envergonhado onde diga-se, é notória a habilidade e coragem em algumas medidas tomadas, mas que são insuficientes para devolver um país digno para todos os portugueses.

Venho do mundo rural e das pescas na zona do litoral Oeste, onde a atividade é em grande parte assegurada pela 3ª idade porque os jovens emigraram; alguns já estão desatualizados, pouco produtivos e sem recursos para aquisição de maquinaria nova; sendo urgente uma dinâmica que desperte os portugueses para o trabalho e a produtividade, complementados de incentivos materiais e sociais.

O governo que sair das eleições de 18 de maio, deve preocupar-se em implementar medidas para nivelar para cima os que têm menos; e não esconder as verdadeiras causas da pobreza em Portugal.

Muitos dos nossos pobres, integravam há poucos anos a classe média do nosso país que é a mais produtiva; e a que poderá assegurar a sustentabilidade de um Portugal mais próspero e justo.

O desequilíbrio entre ricos e pobres, não beneficia o desenvolvimento do nosso país; que ainda está sufocado por grupos e pessoas, que não abdicam de privilégios acumulados à custa do empobrecimento de muitos, que aguardam que a próxima legislatura seja de reposição de justiça, e de um futuro mais digno para todos os portugueses.

J. Vitorino – Jornalista Diretor

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