A Ordem do Templo, por J. Vitorino

A Ordem do Templo, por J. Vitorino

 

Abadia de Santa Maria em Alcobaça                                                                            

Recentemente assinalou-se os 706 anos sobre a data do processo que levou à extinção da célebre Ordem dos Templários; cuja natureza e ação, tem motivado um mar imenso de literatura de ficção e de cinema; este interesse tem contribuído para mitificar a Ordem dos Templários e o papel histórico daquela que foi até aos dias de hoje, a mais poderosa máquina de guerra de todos os tempos.

A Ordem Militar do Templo (assim se chamava), foi fundada em França na (região de Champagne) no ano de 1120, quando da realização do Concílio de Nablus; tendo como objetivo proteger os movimentos de peregrinação aos lugares Santos do Cristianismo no médio oriente, que estavam sob a ameaça crescente do poderio da confissão Islâmica.

Portugal tem um vasto historial de ligação às Ordens, onde existem vestígios um pouco por todo o país; em especial nas regiões do Norte e Centro com marcas bem evidentes em muitos locais, como a exemplo no Convento do Santo Sepulcro em Trancozelos-Penalva do Castelo, Alcobaça e Tomar.

Os Templários tiveram inicialmente na dependência dos Cónegos do Santo Sepulcro, vindo rapidamente a autonomizar-se com a liderança do seu primeiro Grão-Mestre “Huges de Payns”.

Guardiões do Templo, Freires de Cristo, ou Freires do Templo de Salomão como também eram designados, associavam à consagração religiosa os conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência, com o solene compromisso de entregarem as suas vidas em favor da proteção dos peregrinos, e na defesa da Cristandade contra a ameaça do poder islâmico que afrontava os cristãos.

Leça do Balio – Casa dos Hospitalários

A Ordem do Templo, estava ao lado de outras como a de Santiago, Calatrava, e as Ordens do Hospital e de Avis; estas Ordens cooperavam com os exércitos dos Reis e dos grandes Senhores nas (Grandes Cruzadas), num combate sem tréguas travado no Médio Oriente e na Península Ibérica; procurando reconquistar os territórios do antigo domínio cristão, que entretanto tinham sido conquistados pelos muçulmanos; e eram constituídas como uma tropa de elite, bem treinada e altamente motivada.

O serviço prestado por estas instituições aos monarcas cristãos, com especial destaque para a Ordem do Templo, foi largamente recompensado com a atribuição de bens; nomeadamente terras, castelos e outras regalias que as tornaram ricas, poderosas e influentes.

Em Portugal a Ordem do Templo a par das suas congéneres, tiveram um papel ativo na formação do Reino; com grande relevância na conquista, povoamento e controlo do território.

Em 1308 uma bula papal a que se seguiu uma outra em 1309, decretava a prisão de todos os “Freires de Cristo” a que se seguiu a bula Ad Providum em março de 1312, que ordenava a anexação e transferência de todos os bens dos Templários para a posse da Ordem do Hospital.

Jacques de Molay

O processo cheio de vicissitudes, foi liderado pelo Rei de França Filipe “o Belo” que contou com a conivência do Papa Clemente V, que levaria posteriormente à extinção da Ordem; sendo o golpe fatal dado em 1314 com a morte na fogueira do seu último Grão-Mestre Jacques de Molay; no entanto, a extinção Universal da Ordem pelo Papa Clemente XIV só aconteceu 459 anos depois em 1773.

D. Dinis que ao tempo reinava em Portugal resistiu à diretiva papal, que mandava extinguir a Ordem do Templo; consciente do serviço que tinham prestado e continuavam a prestar na defesa e povoamento do território,  o Rei através de uma hábil ação diplomática, conseguiu obter do Papa uma solução para acatar a extinção mas sem extinguir a Ordem, porque não convinha à estratégia política do Reino de Portugal.

Convento de Cristo  em Tomar

A solução passou por manter os mesmos efetivos e bens e a estrutura organizativa, mas teria que mudar o nome da Ordem que passou a chamar-se de “Ordem de Cristo”.

Sabemos hoje toda a importância deste empenho político de D. Dinis em evitar a extinção dos Templários em Portugal; mais tarde, a sucedânea Ordem de Cristo irá liderar a promoção de uma das mais importantes e significativas epopeias de toda a história de Portugal e do Mundo, que marcou a Humanidade com as viagens marítimas dos descobrimentos; onde a Nação portuguesa teve o papel principal, ficando para a história da humanidade como o primeiro povo globalizante.

Através da liderança de um dos mais famosos Grão Mestres da Ordem de Cristo o Infante D. Henrique, Portugal ficou na história Universal como o primeiro império global da humanidade, e o pioneiro da construção da globalização.

Templo de Salomão – Jerusalém 

Os Templários nunca foram esquecidos pelos portugueses; tendo as Naus de Vasco da Gama, Afonso de Albuquerque e Pedro Álvares Cabral, ostentado a Cruz da Ordem dos Templários nas suas Armadas.

Freires de Cristo, Ordem do Templo (Templários) ou Ordem de Cristo, todas elas estiveram subjacentes a uma causa única a Cristandade.

No Monte do Templo em Jerusalém, funcionou a primeira Sede dos Cavaleiros Templários; precisamente no mesmo local, onde posteriormente foi construída a Mesquita de Al-Aqsa.

OBS: À memória de meu avô paterno nascido em Aljubarrota no ano de 1891.

  J. Vitorino – Jornalista 

  Diretor do Vila de Rei    

 

 

 

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