Portugal continua em Fuga

Portugal continua em Fuga

                                              

Portugal em Fuga          

Portugal ocupa o primeiro lugar “per-capita” de cidadãos que vivem fora do seu país; são quase cinco milhões, um terço da população portuguesa; metade dos nossos emigrantes, são licenciados que deixaram para trás as suas famílias, por motivo da crise financeira 2007/2015 da qual o nosso país foi o único, que ainda não conseguiu sair. 

Se a emigração continuar a este ritmo e tudo indica que sim; vai ter um efeito devastador na recuperação económica, e na reposição demográfica do território em particular no interior, porque não existe investimento no país para dar destino, ao produto acabado de sair das Universidades e Politécnicos portugueses.

A fuga de “cérebros” de Portugal para os países ricos da Europa, e também para a Arábia Saudita e os Emiratos Árabes, estão a atingir proporções alarmantes; sendo urgente estancar esta “hemorragia” de gente altamente qualificada e com vontade de trabalhar, de quem se esperava um valioso contributo, para nos ajudar a levantar de novo.

Pouco antes de ter início a pandemia Covid-19, uma notícia alertava que diretores hospitalares estavam a caminho de Portugal, para contratar médicos, enfermeiros e radiologistas; precisamente os que estariam na linha da frente, para minimizar o terror vivido nos Hospitais portugueses, quando do primeiro impacto da pandemia.

Esta terrível fatura foi-nos apresentada, quando nos picos epidémicos os hospitais não deram resposta por falta de profissionais; lançando o país em pânico generalizado, com um custo de milhares de vidas que poderiam ter sido poupadas.

No entanto; a emigração de gente qualificada a que podemos chamar de uma tragédia que nos tem empobrecido, apresenta um falso lado compensador, que nos deixa cair numa certa vaidade; a classe emigrante portuguesa é de longe, a mais distinta de todas as outras; onde os novos emigrantes e as duas gerações de descendentes do salto nas décadas de 60 e 70,  são dos mais cultos de todos os portugueses de sempre; porque estão no topo a níveis de escolaridade média-superior que ultrapassa de longe a europeia, e duplica a residente no nosso país.

Esta elite da nova emigração, a que se juntam os filhos e netos de muitos dos que nos deixaram há mais de 50 anos, eleva o estatuto dos nossos emigrantes, que desde gestores ao serviço de grandes Bancos no estrangeiro, à investigação e desporto, e altos cargos em instituições internacionais como é o caso do Secretário Geral das Nações Unidas.

Só para dar um exemplo, que a esmagadora maioria dos portugueses não sabe; o responsável pela “School of Business and Economics” (Escola de economia e negócios) de uma das 10 melhores Universidades do Mundo o “Imperial College London” é um português.

Os nossos emigrantes de hoje, são a coqueluche do momento em todo o Mundo; levando o nosso país a ser o mais “badalado” dos pequenos Estados, que prestam serviços para além das suas fronteiras.

O motivo dos portugueses se afirmarem fora de portas, e de internamente sermos o povo mais improdutivo de toda a União Europeia, tem as causas mais que identificadas; cabendo parte da culpa aos eleitores, que vão deixando que os outros decidam pelo futuro de seus filhos; e o resultado está simplesmente à vista.

Mas os verdadeiros culpados estão há muito identificados; e até podem afirmar, que não contribuíram para o estado de calamidade em que nos encontramos, mas a verdade é bem diferente; porque sempre se alimentaram de votos na baixa taxa de escolaridade da maioria dos portugueses, e no descontentamento dos menos politicamente esclarecidos.

Eles sabem; que no dia em que a miséria a todos os níveis for totalmente erradicada de Portugal, também ditará o fim dos partidos políticos, que incrivelmente ainda vivem, ao sabor romântico da euforia revolucionária de 1974.

OBS: Ao meu avô paterno natural da mítica Vila de Aljubarrota, de onde partiu para os Estados Unidos em 1919; morreria dois anos depois em Fall River Massachusetts com 31 anos de idade, tinha o meu pai nascido 6 meses antes.

A grande recessão na América, ditaria o regresso a Portugal da minha avó tinha o meu pai 11 anos de idade; na bagagem veio com eles a crise, que atingiu a Europa em cheio em 1933 começando pela Alemanha.

O resultado todos nós sabemos; começou com a Guerra Civil de Espanha, e três anos mais tarde a Segunda Guerra Mundial, que provocou mais de 60 milhões de vítimas em todo o Mundo.

A lição só a aprende, quem não comete duas vezes o mesmo erro.

J. Vitorino – Jornalista

Ex-emigrante no Reino Unido

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Share