Castanheira de Pera: Natureza que Inspira, Resiliência que Protege!.

Castanheira de Pera: Natureza que Inspira, Resiliência que Protege!.

Castanheira de Pera, é um concelho marcado por um património natural singular, mas também por características que aumentam a vulnerabilidade do território e das suas populações, como a topografia acidentada, a elevada densidade florestal e a predominância de espécies altamente combustíveis, como o eucalipto e o pinheiro-bravo. Estas condições contribuem para a necessidade de adotar estratégias que promovam a resiliência e a segurança das comunidades locais face ao risco de incêndios florestais.

No contexto de tornar o território mais resiliente, são vários os projetos que, de forma preventiva, estão a ser implementados com o objetivo principal de garantir a salvaguarda de pessoas e bens e ao mesmo tempo acrescentarem valor ao território, que na sua esmagadora maioria, está abandonado resultante da incapacidade de realizar gestão florestal, principalmente pelas características demográficas.

Mosaicos Florestais, com uma área de intervenção de 220ha e um investimento contratado e aprovado de 212.345,00€. As operações previstas no projeto são executadas num conjunto de parcelas do concelho, estrategicamente localizadas, onde através de ações de silvicultura será efetivada a gestão dos vários estratos de combustível e diversificação da estrutura e composição das formações vegetais, com o objetivo primordial de defesa da floresta contra incêndios através da manutenção da descontinuidade horizontal ou vertical da carga combustível, da modificação ou da remoção parcial ou total da biomassa vegetal e da composição das comunidades vegetais, empregando as técnicas mais recomendadas com a intensidade e frequência adequadas à satisfação dos objetivos dos espaços intervencionados.

Castanheira Melhor Floresta, dinamizado pela Biond e com o apoio da autarquia, possui uma área de intervenção de 1500 hectares disposta no sul do concelho, com um investimento previsto de 1.200.000,00€. Neste projeto, as ações incidem nas áreas predominantes de eucalipto, com intervenções de limpeza e matos, desbaste e redução de densidades e supressão da espécie onde não pode estar plantada. Estas intervenções, para além de diminuírem a carga combustível das parcelas, permitem uma maior rentabilidade das mesmas para os proprietários.

Condomínios de Aldeia, com intervenção a decorrer em 10 aldeias e a candidatura apresentada a mais 38 aldeias, este projeto representa um investimento superior a 1.700.000,00€. A faixa de 100 metros dos aglomerados populacionais, apresenta maioritariamente ocupação florestal com predominância de áreas de monocultura de produção de rolaria de eucalipto.

Nesta intervenção, pretende-se reconverter algumas áreas envolventes às áreas edificadas que neste momento têm ocupação florestal, em áreas agrícolas através de instalação de pomares de castanheiros e outras fruteiras.

Para além destes pomares, este projeto comtempla ainda a reconversão de espaços florestais, reativando assim práticas e atividades agrícolas tradicionais nestes territórios. Numa área de intervenção próxima dos 500ha, os condomínios de aldeia alterarão positivamente a paisagem junto dos aglomerados populacionais, criando resiliência aos mesmos e acrescentando valor económico em áreas que, por motivos sociodemográficos, a esta data se encontram ao abandono.

A este conjunto de intervenções temos de adicionar todo o trabalho que é executado anualmente nas faixas de gestão de combustível (rede viária municipal e aglomerados industriais), numa área total de 180ha, com investimento estimado de 200.000,00€.

Com um investimento total superior a 3,5 milhões de euros nos últimos 3 anos, a complementaridade de todas estas intervenções, representa uma abordagem inovadora e colaborativa para a gestão dos espaços envolventes às localidades, que se baseia na união de esforços entre proprietários, autarquias e outras entidades, com o objetivo de criar zonas de proteção na zona envolvente às aldeias, reduzindo o combustível vegetal e promovendo uma paisagem mais resiliente.

Na prática, este tipo de ordenamento e de ações que lhe estão associadas, diminui a continuidade dos combustíveis, limita a propagação de incêndios em larga escala e cria refúgios seguros para as populações e os ecossistemas, contribuindo para a valorização sustentável do território, promovendo o turismo, a biodiversidade e a fixação de habitantes num território que enfrenta os desafios do despovoamento.

Castanheira de Pera é, nesta data, um exemplo de como um território pode transformar os seus desafios naturais em oportunidades para a construção de comunidades mais seguras, resilientes e preparadas para o futuro.

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Jornal Diário OnLine Vila de Rei – 17 de Janeiro de 2025

Joaquim Vitorino – Diretor

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