
A Cooperativa Pinacoteca e a Associação Raia Gerações, organizaram no dia 22 de junho de 2025, no edifício da Associação Desportiva, Cultural e Recreativa (ADCR) de Caféde, uma palestra subordinada ao tema “As Invasões Francesas em Portugal”. O orador convidado foi o professor, militar e historiador Coronel António Mateus Alves.
Num evento que estiveram 15 pessoas, esteve presente o orador, o Presidente da Cooperativa Pinacoteca, José Barata de Castilho (professor universitário e Grande Oficial da Instrução), o representante da Associação Raia Gerações, Luís Duque-Vieira, por parte da Direção da ADCR de Caféde estiveram presentes: Cecília Rodrigues, Paula Prata Sousa, Ana Prata e Paulo Silva. Nesta palestra estiveram presentes pessoas de Caféde, Póvoa de Rio de Moinhos, Alcains, Freixial do Campo, São Vicente da Beira, Cardal (Estreito), Roqueiro (Estreito) e São Vicente da Beira.
O orador, antes de antes de falar das Invasões propriamente ditas, falou das causas que levaram à Revolução Francesa, entre 1789 e 1799.
As fases desse período conturbado, a queda do Antigo Regime, a execução de Luís XVl e de Maria Antonieta, Reis de França, bem como – em consequência – a generalização da guerra entre a França revolucionária e as Monarquias Europeias, que se lhe opuseram.
De seguida aludiu à Campanha do Rossilhão, em que o Exército Luso – Espanhol atacou as forças Francesas. Com a paz separada entre os Franceses e os Espanhóis, o quadro subsequente alterou-se.
A derrota da Armada Franco – Espanhola na Batalha de Trafalgar, frente aos Ingleses, leva a França e o seu aliado Ibérico, perderem, por completo o domínio dos mares e, como consequência, pretenderam impedir os seus oponentes de terem qualquer influência na Europa Continental. Napoleão decreta, assim, o Bloqueio Continental contra os Ingleses, nossos aliados há 400 anos, e perante a recusa de Portugal em obedecer ao ultimato napoleónico, um exército Espanhol invade Portugal em 1801. É a “Guerra das Laranjas” em consequência da qual perdemos Olivença.
A reiterada recusa de Portugal em obedecer a Napoleão no que toca à exigência de fechar aos Ingleses o acesso a Portugal, será pois a causa próxima das invasões de 1807, de 1809 e de 1810. Como referiu o palestrante.
A primeira invasão em 1807, foi referida com algum detalhe, já que o Exército Franco Espanhol comandado por Junot, atravessou a Beira Baixa e a sua passagem deixou um rasto de destruição e morte assinaláveis. Foram referidos os factos mais marcantes dessa passagem, nomeadamente em Castelo Branco e seus termos, onde os latrocínios do General Loyson deixaram funesta memória.
Junot, a marchas forçadas dirigia-se a Lisboa, via Abrantes, no intuito de deter a Família Real, antes que fugisse para o Brasil, com o que restava da nossa marinha de guerra e mercante, de que os Franceses precisavam imperiosamente.
No rigor desse Novembro de 1807, o exército invasor sofreu as inclemências da invernia, e os 1500 que chegaram a Lisboa com Junot em 29 de Novembro de 1807, mais parecem um bando de pedintes e malfeitores que um exército invasor.
A família Real, consegue fugir a tempo e o principal objetivo de Junot, falha. Na Armada em fuga vai também a grande Nobreza portuguesa com todos os bens que conseguiram meter a bordo.
Outros aspetos referidos pelo orador, foram o começo da contestação ao invasor, o desembarque de um contingente Inglês em Lavos, os recontros da Roliça e do Vimeiro e, enfim, a retirada dos invasores, ao abrigo da Convenção de Sintra, com o produto das suas rapinas no nosso País.
A 2ª Invasão, em 1809, sob o Comando de Soult, assolou, sobretudo o Norte do País, no eixo Chaves – Braga – Porto, foi também escalpelizada, nomeadamente nos seus aspetos mais trágicos, como o desastre da Ponte das Barcas.
Finalmente, quanto à 3ª Invasão, (1810/1812) comandada por Massena, foram referidos os aspetos mais relevantes, como o colapso da Fortaleza de Almeida, a Batalha do Bussaco e a impotência dos invasores perante o sistema de ofensivo das linhas de Torres Vedras, na sua vã tentativa de tomarem Lisboa.
Enfim: a retirada dos invasores da Península Ibérica e a sua perseguição pelas forças Anglo-Lusas e espanholas sublevavas, até ao interior do território Francês, já em 1814, selam o fim político de Napoleão Bonaparte, também derrotado pelo Inverno Russo.
A sessão terminou com um período de debate, com perguntas e respostas sobre o tema tratado.
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Publicado no Jornal Diário Digital Vila de Rei
Joaquim Vitorino – Jornalista Diretor