A quem obedecemos nós?
Os filósofos estão muito divididos neste campo, desde a antiguidade até aos pensadores contemporâneos; mas os defensores da relação de causalidade e efeito são suficientes, para manter esta apaixonada discussão em aberto.
Os deterministas são defensores acérrimos da inevitabilidade; e afirmam que o destino é uma lei cega, que escapa ao controle do homem.
Não estou em nada virado para este terrível paradigma, porque acredito que existe algo Superior às leis implacáveis da natureza; e a história tem-nos dado exemplos inquestionáveis, das vitórias do Bem sobre o mal.
Veja-se episódios como foi o caso dos grandes conflitos mundiais, em que os agressores acabaram por perder; e as grandes epidemias que dizimaram nações inteiras, mas que depois se extinguiram.
O livre arbítrio é a liberdade do homem versus determinismo; e não faria sentido que o bem fosse nivelado pelo mal, ou mais concretamente que o Céu fosse aberto a um criminoso, enquanto a um Filantropo o esperaria o inferno; sendo o bem simbolizado pelos valores da equidade e da Justiça, e o mal uma inquestionável aberração.
O livre arbítrio tem uma prestimosa ajuda que é a nossa consciência, que nos avisa sempre que se apresenta uma decisão difícil de tomar; nem sempre decidimos bem, mas não podemos dizer que não nos foi dado o alerta; muitas vezes estas mensagens, são transmitidas ao nosso subconsciente sem que delas nos apercebamos.
Existirá sempre um conflito latente entre o livre arbítrio e a nossa consciência, e não são raras as vezes em que a razão é colocada como a segunda opção; neste contexto o mal levou a melhor, em detrimento do bem.
É provável que os humanos estejam a viver uma fase de transição, ainda distantes do produto acabado a perfeição.
Os deterministas acreditam que ninguém pode fugir às leis implacáveis da natureza, e que todos nós temos o destino marcado desde os primórdios dos tempos; sendo Cristão, não posso acreditar que esta teoria tenha alguma consistência.
Todos os dias somos confrontados com notícias desagradáveis; as mesmas certamente, não acontecem para cumprir um capricho da natureza; aceito alguns danos colaterais no percurso das nossas vidas, mas jamais acreditaria na sua inevitabilidade.
O determinista defende que dar uma esmola a um pobre não é um ato meritório, mas sim o simples efeito de uma causa que lhe está subjacente; portanto do seu ponto de vista, esta não é uma atitude benemérita que lhe abrirá o Reino dos Céus.
O agente determinista pensa que o pobre tem fome porque existe uma causa; que foi a perda do emprego que estava determinado há milhões de anos, ainda muito antes de ele nascer.
Deixei aqui como exemplo acidentes do percurso não determinado das nossas curtíssimas vidas; e danos colaterais nas nossas existências, onde tudo se joga neste complexo palco, desde o nascimento até à morte.
O mundo em que vivemos pode ser sem que o saibamos, uma escola para atingir a perfeição; que até poderá ser virtual e que temos que o partilhar com mundos “paralelos”, coexistentes no mesmo espaço e tempo; e que a esmagadora maioria de todos nós acredita ser um “Mundo Espiritual”, defendido por diversos credos e religiões.
Em suma, quando uma criança nasce não está predestinada a ser um criminoso; porque terá o livre arbítrio de decidir o seu próprio caminho; saberá que a prática do Bem terá um efeito inverso ao do mal, e que este se for praticado será sempre punido.
Ninguém é condenado à nascença a ser pobre, como defendem os deterministas; o que a ter alguma consistência esta teoria, teríamos que ir mais ao fundo da questão que é encontrar, a causalidade que esteve na origem da própria causa.

Joaquim Vitorino – Jornalista Diretor
Jornal Diário Digital Vila de Rei