Eles acordaram, e estão a fazer tremer o mundo; em menos de duas décadas conseguiram a uma velocidade estonteante colocarem-se na frente da produção industrial.
Ombreando com as melhores empresas ocidentais, em áreas que ainda há pouco tempo eram consideradas impenetráveis; hoje dominam 100 das 120 maiores empresas mundiais, e controlam 50% do PIB global.
Os países emergentes liderados pela China e Índia estão a fazer tremer o Mundo; levando a que os Estados Unidos e a Europa entrassem em pânico, conduzindo o Planeta a uma guerrilha nas tarifas.
As suas empresas estão geograficamente colocadas em todo o planeta, onde a seguir ao segundo conflito mundial beneficiaram de uma política de globalização lançada pelo ocidente, quando a procura de mão de obra barata, ditaram a deslocalização do melhor que tínhamos em tecnologia de ponta para os países asiáticos, e inicialmente também para o sul da Europa.
Os EUA e a União Europeia nunca terão condições para concorrer com estes “monstros da produção”, dentro do contexto económico em que estamos neste momento inseridos; estes novos gigantes nunca vão ceder em favor das suas congêneres ocidentais, porque para além de um elevado consumo interno têm o suporte dos Estados; e nos seus quadros empresariais estão muitos dos membros de topo dos partidos, como no caso da China que não tem qualquer problema para as alimentar; pois tem os cofres do país a “abarrotar de divisas” acumuladas ao longo de anos, fruto de uma severa restrição interna ao consumo.
Os ocidentais fizeram exatamente o contrário; consumiram em larga escala porque os outros produziam barato, e agora são confrontados com o reverso da medalha.
Para podermos competir com esta situação, teríamos que reduzir drasticamente o nosso nível de vida; só assim podíamos impor os nossos produtos, e seria preciso que a nossa produção fosse mais barata que a deles, e aceitarmos o padrão de vida que os emergentes tinham há 20 anos atrás, o que é de todo impossível impor a um ocidente viciado no consumismo.
Na Índia; onde se produz mais de 50% da microtecnologia de ponta, é feita uma seleção rigorosa nas suas universidades; onde os “cérebros” mais brilhantes são enviados para os EUA, e regressando ao seu país para dirigirem as empresas de topo.
Não tenho espaço para detalhadamente mencionar todas as Gigantes, que as concorrentes ocidentais têm que enfrentar, mas vou dar alguns exemplos.
China 30% do boom do crescimento Mundial: deixo aqui algumas das grandes empresas deste campeão do crescimento. Geely International, Johnson Eletronic, Wanxiang Group, Aviation Industry Corporation, China National Offshore Oil Corp, Goldwind, Petrochina, Shanghai Eletric Group, Sinopec, e Trina Solar. India 20%; Bajaj Auto, Mahindra & Mahindra, Motherson Sumi Systems, Tata Motors, Reliance Industrie, Sun Pharmaceutical Industries, Dr. Reddy’s Lupin Pharmaceuticals. Brasil; Marcopolo está entre os três maiores construtores de autocarros do mundo, Iochpe-Maxion, WEG, Embraer, Petrobras, Votarantim Group.
Ainda na linha dos emergentes a Malásia; Air Ásia e Petronas. África Sul, Aspen Pharmacare. México, Alfa. Argentina, Tenaris. Chile Latam Group. Turquia; Koc Holding e Turkish Airlines. Egypto, El Sewedy Eletric. Qatar, Thailandia, Emirados Unidos, Colombia, Arábia Saudita e Indonésia pertencem ao grupo dos que saltaram para o palco do crescimento; eles serão os novos ricos do planeta; em menos de duas décadas nós ocidentais, que fomos os seus mentores do desenvolvimento, colocando todo o conhecimento e tecnologia ao seu dispor; estamos numa situação muito difícil de ultrapassar, para ambos os lados do Atlântico em que o empobrecimento bateu-nos à porta e veio para ficar e atingiu fortemente os países do sul da Europa; mas vai estender-se aos do norte.
Os emergentes ainda sentem alguma apetência por alguns dos nossos tradicionais bens de qualidade, mas o orgulho que sentem pelos seus países, irá ditar as suas preferências no seu próprio produto.
500 anos depois chegou o momento de nos apresentarem a fatura do colonialismo, e somos confrontados com este paradigma; num curto espaço de tempo, americanos e europeus passaram de ricos a pobres, e de globalizadores a globalizados.

J. Vitorino – Jornalista Diretor