Os Templários, por J. Vitorino

A Ordem do Templo, foi a mais famosa Ordem militar de todos os tempos; em menos de 200 anos de existência, os Templários derrubaram e recuperaram reinos com o poder das armas, e receberam enormes recompensas; que iam de Castelos e Palácios, a vastíssimos territórios.

Temidos pela coragem e bravura nos combates, desafiaram os grandes exércitos medievais, e o quase ilimitado poder do Papa naquela época; o que iria estar na origem da extinção da Ordem em 1314, quando sob a pressão de Filipe o Belo, o Papa Clemente V decidiu acabar com a Ordem do Templo.

Para se compreender os motivos da fundação da Ordem, e da sua extinção 194 anos depois, temos que regressar ao ano de 1098 quando foi criada a Ordem de Cister, que se espalhou rapidamente graças à influência dos cruzados; tendo como Fundador Roberto de champagne, e mentor da Ordem São Bernardo de Clairvaux; que renunciou à carreira de cavaleiro, para em 1122 se tornar no seu líder espiritual.

A famosa Janela do Convento de Cristo

O Convento de Cristo em Tomar foi fundado pelo Frade Gualdim Pais, nascido em Amares em 1118 e falecido em 13/10/1195 em Tomar, foi o mais distinto Cavaleiro Templário ao serviço de D. Afonso Henriques 1º Rei de Portugal; foi esta Ordem que mais tarde leva Inocêncio III a Papa, e que a seguir viria a promover várias cruzadas.

Regressamos a 1113 quando surge a São Bernardo a ideia da criação de um corpo de elite, com a finalidade de proteger o Reino estabelecido em Jerusalém das frequentes investidas por forças muçulmanas; tendo sido o próprio São Bernardo a escrever os estatutos daquela que viria a ser uma colossal máquina de guerra.

O priorado de Sião e a Ordem de Cister não dispunham de força militar, pelo que era urgente que se formasse um grupo de cavaleiros para proteger uma enigmática área, onde precisamente iria ficar a primeira Sede da Ordem dos Templários, que tinha sido oficializada em 1118.

A Arca da Aliança

Esse local era nem mais nem menos, que na parte inferior do Palácio de Salomão localizado sobre o monte Sião, numa zona do estábulo onde chegavam a albergar milhares de cavalos, de onde teria desaparecido por volta do ano 586 a.C. a Arca da Aliança, que continha as tábuas com os Dez Mandamentos trazidos por David para Jerusalém.

Existe uma forte possibilidade de um enorme tesouro onde se incluía a Arca da Aliança, o Santo Graal e o Sangue Sagrado estarem à guarda do priorado de Sião e de que a Ordem de Cister também tinha conhecimento; e que teriam sido estes a comprometerem-se a assegurar a sua guarda em completo segredo.

Na verdade; foi oficialmente a Ordem de Sião a criar a Ordem dos Templários que durante anos apenas tinha nove Cavaleiros, dos quais fazia parte o seu primeiro Grão-Mestre e fundador Hugues de Payens.

A Ordem de Sião, mais tarde Prieuré Notre-Dame de Sion era praticamente desconhecida, até que numa pesquisa os autores de Holy Blood e Holy Graal, descobriram documentos relacionados com ela; teria sido fundada em 1090 por Godfroi de Bouilon, a quem os cruzados mais tarde colocaram no trono de Jerusalém. Em 1095 o Papa Urbano II decidiu organizar uma cruzada (guerra Santa) para recuperar a Tumba de Cristo em posse dos infiéis.

Gualdim Pais

Em 1099 Godfroi toma Jerusalém, onde num conclave secreto que incluía Pedro o Eremita, o coloca no trono de Jerusalém.

Logo após tomar posse, manda construir uma Abadia no Monte Zião para albergar aquela Ordem, mas morre no ano seguinte 1100; sendo sucedido por seu  irmão mais novo Balduíno, que de seguida também se tornou Rei de Jerusalém; sendo ele que em 1117, levou a Ordem dos cavaleiros Templários à Ordem de Sião que a aprovariam em 1118.

Em 1104 Hugues de Payens relata a incrível descoberta do tesouro ao Conde de Champanhe, que parte imediatamente para a terra Santa, com o intuito de ser iniciado nos cavaleiros Templários.

Juramento de Templário

Durante a estadia em Jerusalém o Conde de Champagne e os 9 Templários tomam posse do tesouro; o Conde regressa a França para preparar uma caixa forte para guardá-lo, e em 1115 o achado é levado para a Europa, para que fosse entregue aos Cistercienses que através de São Bernardo o devolvem à Ordem do Templo, para que o guardassem em local secreto; mas o Conde de Champagne ficaria sempre na posse do segredo e com controle absoluto da sua localização.

Reconhecidamente um dos homens mais inteligentes e ambiciosos da sua época, ele iria ter um papel fundamental no desaparecimento da parte mais importante do tesouro, onde se incluía a Arca da Aliança, o Holy Graal e o Holy Blood (Santo Graal e Sangue Sagrado).

O que supostamente levou ao fim dos Templários, foi o desvio do rumo que inicialmente estava previsto; que seria a guarda em completo secretismo, do fabuloso tesouro escondido debaixo do estábulo do Palácio de Salomão; o mesmo local onde por ironia centenas de anos mais tarde, é erguida a Mesquita de Al-Aqsa.

Em 1146 a Ordem do Templo adoptou a “Cruz Merovíngia vermelha” na imagem, acompanharam Luís VII da França na segunda Cruzada; já em 1188 – 1220, o Priorado de Sião tinha adotado a Cruz vermelha de Ormus como emblema, passando a ser designada de “L Ordre de Ia Rose-Croix Veritas” Ordem da Verdadeira Cruz Vermelha.

Os sionistas alegam ter sido Jean de Gisors a fundar o Rose-Croix “Rosacrucianismo”.

Ao mesmo tempo Sião adotou o “olho que tudo vê”de Osíris”, que os Templário também adotaram; tendo sido estas similaridades que permitiram aos sionistas penetrar nas reuniões dos Templários, o que abriu o caminho para a sua extinção 100 anos mais tarde; não o foi mais cedo, porque tudo indicava que a Ordem do Templo ainda tinha à sua guarda um enorme tesouro, do qual faziam parte as relíquias Sagradas acima referidas.

Templo de Salomão

Tudo se encaixa no desenrolar dos acontecimentos; o Conde de Champagne “Hugues de Champagne”, que participara na descoberta do tesouro Templário tinha uma parente chamada Marie, a Condessa de Champagne filha de Eleanor Aquitaine mulher de Luís VII de França, e de um relacionamento com Henrique II de Inglaterra, onde Chrétian de Troyes que vivia na corte inglesa o contou pela primeira vez.

A caça ao tesouro; e em especial a história do Santo Graal e as outras relíquias Sagradas, iriam colocar a Ordem do Templo em situação de vigilância permanente, porque muitos Reis pensavam que eles eram os detentores do tesouro.

O segredo espalhou-se e o próprio Papa não fazia ideia onde paravam as relíquias Sagradas; por exemplo, quando o Conde de Flandres Philippe d’Alsace tentou casar-se com Marie em 1182, o poema Percival de Chrétien sobre o Santo Graal é-lhe dedicado.

Depois do Cisma, os Templários relacionaram-se com os cátaros que eram conhecidos pelas práticas de gnosticismo onde eram frequentes o uso de magia negra e bruxaria, vista pela Igreja Católica como os inimigos de Jesus.

Mosteiro de Alcobaça, que teve na Ordem de Cister os primeiros ocupantes

O tesouro foi disperso, e os Templários começaram a perder força e credibilidade; sendo que o grande beneficiado teria sido a Ordem de Cister que de um momento para o outro construíram várias Catedrais e Igrejas um pouco por toda a parte; foram eles os primeiros ocupantes de Mosteiro de Alcobaça mandado construir pelo primeiro Rei de Portugal já no final da sua vida, mas o dinheiro para o construir só podia ter tido uma origem, a da Ordem de Cister.

No ano de 1291 em Acre, o último baluarte dos cruzados na Terra Santa foi tomado pelos sarracenos; e o Reino de Jerusalém que começou com Godfroi deixou de existir; os Templários perdiam assim o seu local de operações e também a razão de existir, e nos quinze anos que se seguiram entraram em profundo declínio.

Filipe IV o Belo e o Papa Clemente V, estiveram na origem da extinção dos Templários – 

A Ordem de Sião estava sem fundos; e recorria frequentemente a empréstimos dos Templários, a quem acusavam de terem traiçoeiramente roubado do bunker do Palácio de Salomão o tesouro à sua guarda.

Filipe IV o belo; era um monarca inseguro e falido, que invejava a fortuna dos Templários e não pensou duas vezes; com a ajuda clandestina de Sião, pediu ao Papa Clemente V seu amigo, que recentemente tinha sido proclamado Papa, que ordenasse a supressão dos cavaleiros Templários.

Filipe ficaria com a fortuna dos Templários, e Sião queria de volta o Santo Graal e as outras relíquias Sagradas, que supostamente estavam na posse dos Templários, e onde se presumia estar também a Arca da Aliança.

Na madrugada de sexta feira 13 de outubro de 1307, às ordens de Filipe IV os Templários de França foram capturados e todos os bens da Ordem confiscados.

 Jacques de Molay – supliciado na fogueira

Em 1314 Jacques de Molay é queimado vivo por ordem de Filipe IV, com a conivência do Papa Clemente V. Já tomado pelas chamas lançou aos dois uma maldição; ao seu lado estava Geoffroy de Charnay, que estava na posse do Sudário de Turim roubado em Constantinopla.

A Arca da Aliança, o Holy Graal e o Holy Blood nunca apareceram; dizem que a Catedral de Valência possui o Holy Graal, e a Basílica de Bruges na Bélgica o Holy Blood; que teria sido trazido da Terra Santa por Thierry da Alsácia Conde da Flandres, o que nunca foi cientificamente provado.

Existindo uma forte probabilidade, do tesouro continuar na posse de uma sociedade secreta que seria a continuidade da Ordem de Sião, e que nunca teria sido extinta.

Filipe IV o belo morreu um mês depois, e o Papa Clemente V não chegou ao final do ano de 1314.

J. Vitorino – Diretor do Vila de Rei

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