Honorabilidade Histórica da Princesa Maria Pia de Bragança
Princesa Maria Pia de Bragança
A Princesa Maria Pia de Bragança de Saxe-Coburgo Gota, (Lisboa 13 de março de 1907, Verona Itália 6 de maio de 1995) fechou o ciclo Monárquico em Portugal, que passou recentemente pelos piores anos da sua existência como Nação.
O atual regime não soube responder às grandes dificuldades e privações a que os portugueses foram sujeitos, com todas as dramáticas consequências para as futuras gerações.
Os pretendentes do regresso à monarquia, e mais concretamente os ocupantes do Ducado de Bragança, assistiram ao desmoronar de Portugal sem terem levantado um único dedo em defesa do povo português; porque sabem não ter o suporte da legitimidade para o fazer.
O exílio forçado de Maria Pia de Bragança e sua mãe imediatamente a seguir à sua nascença, constitui um dos mais dramáticos episódios de sempre da monarquia em Portugal.
Filha de uma relação extraconjugal do Rei D. Carlos I com Maria Amélia Laredó e Murça, a fuga da Princesa para Espanha sob as ordens do Rei para sua proteção, revestiu-se de algum vexame Real que simultaneamente foi acompanhado de um movimento de solidariedade para com a criança e sua mãe; em que ambas são forçadas a sair de Portugal para se protegerem da rainha D. Amélia.
A pequena Maria Pia foi levada para Espanha, onde seria entregue à proteção de S M Alfonso XIII a pedido de D. Carlos I de Portugal que lhe pediu que cuidasse da Princesa, a mandasse Batizar e tutelasse a sua educação o que aconteceu até aos 17 anos de idade.
Todos os portugueses sabiam da existência da Infanta Maria Pia incluindo os meio irmãos D. Luís Filipe Príncipe Real, e o Infante D. Manuel Príncipe da Beira, que viria em trágicas circunstâncias a ser o último Rei de Portugal.
D. Carlos I com toda a certeza, informou sua mãe a Rainha Maria Pia de Saboia avó da recém-nascida a quem deu o seu nome, que a ia colocar sob a proteção do seu primo Alfonso XIII.
A mãe de D. Carlos I D. Maria Pia de Saboia, tinha conhecimento da relação do filho com Maria Amélia Laredó e Murcia, e terá ido despedir-se da neta a quem foi dado o seu nome antes da fuga para Espanha.
Maria Pia de Bragança nasceu num período conturbado da História de Portugal, e é desde logo marcada pela adversidade, não obstante ser conhecida na Corte a sua existência, e obviamente da rainha D. Amélia que nunca como se compreende reconheceria uma criança resultante de um caso fora do matrimónio.
Esta postura da rainha D. Amélia à época não era de todo condenável.
Como se sabe ela teve a infelicidade de perder uma filha, a Infanta Maria Ana de Bragança.
Após o assassinato do Marido D. Carlos I e do seu Filho o Príncipe Real D. Luis Filipe o poder do Reino transitou para D. Manuel II, sobre quem a Rainha sempre exerceu uma forte influência; sendo na época do conhecimento público que o terá proibido de qualquer contato com a meia Irmã Maria Pia, que à altura da morte súbita de D. Manuel II tinha 25 anos de idade, e já era conhecida em toda a Europa como a herdeira do Trono de Portugal; passando de imediato a usar o título de Princesa Real de Portugal, após a morte do seu Irmão D. Manuel II.
Inteligente, determinada e lutadora, e possuidora de vincada personalidade como sua avó D. Maria Pia de Saboia, assume-se por direito a Princesa Real de Portugal e Duquesa de Bragança, e inicia uma luta sem tréguas para repor a verdade histórica e a sua legitimidade; pois sabe ser este o seu desígnio, e a vontade do seu pai e irmão Manuel.
Ainda com D. Manuel II no exílio e para proteger a sua ascendência Real, escolhe o pseudónimo de Ilda Toledano e torna-se na mais Ilustre Jornalista do seu tempo; aguardando sempre a oportunidade, de se apresentar aos portugueses como uma alternativa à república que levou Portugal à pobreza, ao analfabetismo e ao descrédito em que o Estado Novo transformou o seu belo país.
Maria Pia é um símbolo da luta pela liberdade e democracia, preferindo continuar no exílio a ter que pactuar com Salazar e o seu regime, que lhe abririam todas as portas se fosse sua subserviente como outros fizeram a partir de 1953.
A resposta a Salazar foi o seu apoio a Humberto Delgado, em especial quando este se encontrava no exílio.
O único General que ameaçou “decapitar” o regime e devolver a liberdade aos portugueses; e posteriormente, a Coroa a D. Maria Pia a exemplo do que aconteceu com Espanha.
D. Carlos I foi um Homem culto e de Grande dignidade, ao reconhecer a paternidade de Maria Pia; é muito possível que sua mãe D. Maria Pia de Saboia tenha tido alguma influência na sua decisão; mas D. Amélia ferida na sua honra, terá pressionado D. Manuel II a não reconhecer a irmã enquanto a mãe estivesse viva; só que, o destino quis que ele partisse primeiro.
Amélia de Orleães foi uma Grande Senhora e rainha; mas por ciúmes, marcou negativamente o curso e a verdade histórica da monarquia em Portugal, que atualmente não tem (ou não se apresentaram ainda legítimos descendentes), por opção dos familiares diretos de D. Maria Pia.
Maria Pia a XXI e última Duquesa de Bragança, travou toda a sua vida uma luta solitária em defesa da verdade e da da sua ascendência Real contra o Estado novo, e os que tentaram por todos os meios impugnar o assento de D. Carlos I no seu registo batismal; que seria mais tarde recusado pelo Tribunal da Rota de Roma, o único que pode opinar e decidir sobre questões monárquicas.
Depois da sua morte, e por recusa dos (descendentes diretos) em dar continuidade à sua luta pela reposição da verdade, a filha e irmã dos últimos Reis de Portugal, colocou um ponto final numa possível solução monárquica para uma alternativa de regime em Portugal; deixando na ilegitimidade os pretendentes primos em 6º grau, que já nem pertencem à árvore genealógica de D. Carlos I e de D. Manuel II, porque os laços de consanguinidade extinguem-se na 5ª geração; e ainda outros, que por não serem portugueses, nunca seriam aceites como soberanos de uma Nação que não é sua por nascimento.
Neste Contexto; não existe em Portugal ou ainda não se apresentou, qualquer representação direta e legitima ao trono de Portugal; porque ela extinguiu-se com a morte de D. Maria Pia de Bragança, e posteriormente a recusa de sua filha e netos de se apresentarem como os verdadeiros herdeiros da Casa de Bragança e do trono de Portugal.
Essa representação terá que ser escolhida pelos movimentos monárquicos portugueses, num amplo e esclarecido debate, onde todas as tendências tenham uma voz ativa.
J. Vitorino – Jornalista – Diretor