A Diáspora Lusitana

A Diáspora Lusitana

Após o fim do Império, a incrível história de Portugal continuou sustentada na diáspora lusitana espalhada por todo o Mundo; dando a conhecer o país que hoje somos, quem foram os portugueses no passado, e a influência que tiveram na cultura de outros povos.

Não obstante o terrível drama associado às migrações, de que os portugueses também têm sido protagonistas ao longo da sua longa história, existe um lado compensador; porque foram os nossos missionários, levados pelos grandes navegadores portugueses, que pela primeira vez deram a conhecer em nome de Portugal, a cultura ocidental e o Cristianismo.

O nosso país possui hoje, a mais elevada taxa de emigração de toda a União europeia; em 2015 já existiam 5 milhões de portugueses a viverem além-fronteiras, números que não incluem os descendentes de emigrantes, que optaram pela nacionalidade dos países de acolhimento dos seus progenitores.

A Pobreza tem sido a causa mãe dos grandes fluxos migratórios, que penalizaram fortemente o nosso crescimento demográfico sem o qual Portugal, não teria chegado tão longe como chegou.

Se juntarmos as guerras e batalhas que os portugueses tiveram que travar, para manterem unido o vasto Império que possuíam e a independência da vizinha Espanha, a que se junta as grandes epidemias da história que tivemos que enfrentar, com efeitos devastadores no despovoamento do território, onde aldeias inteiras ficaram praticamente desertas, fica mais que justificada a baixa taxa de população que temos hoje se for comparada com outros países da Europa.

As grandes vagas de emigração, tiveram início nas décadas de 20, 60 e 70 do século XX, e mais recentemente de 2008 à presente data; sendo esta última, a mais penalizadora da história da emigração portuguesa, com a fuga de licenciados que deixaram o país mais pobre e inculto.

Os anos que mais marcaram os portugueses, foram os coincidentes com os 14 anos de “guerra no Ultramar”, que mergulhou o país num caudal de sofrimento e pobreza; o que levou o povo lusitano à mais dramática fuga para a Europa, Brasil, EUA, Argentina, Venezuela e resto do Mundo; uma tragédia que ficou tristemente conhecida como “O SALTO”.

Salazar ao tempo presidente do Concelho de ministros, sabia que Portugal estava no ponto mais baixo da sua história; tinha caído no descrédito total.

A onda de descontentamento deu lugar a uma fuga do país em larga escala, que começou a formar guetos um pouco por toda a Europa, com a Cidade francesa de Pau a servir de rota estratégica, para seguirem depois rumo a Paris, Lyon entre outras cidades europeias, concentrando-se em bidonvilles (bairros de lata), sendo o mais tristemente famoso o de “Champigny”.

Nos finais de década de 60 mais de 450.000 portugueses viviam “empilhados” em bairros de lata sem condições higiénicas, e a viverem da caridade dos franceses e de instituições internacionais.

A interrupção do Estado Novo a 25 de abril de 1974 também não foi um mar de rosas para os nossos compatriotas, que viviam no Ultramar português.

Em apenas 18 meses Portugal recebeu mais de 600.000 retornados das ex-colónias,  naquela que ficou conhecida como a maior fuga aérea de África de sempre.

Até 1980 a população portuguesa cresceu mais de 10 por cento, com o regresso de 1.2 milhões pessoas; que apesar de todos os dramas de que se revestiu esta chegada massiva, a sua posterior integração foi considerada um sucesso pela imprensa internacional; como  foi também a “ponte aérea e marítima de África”, porque não há a registar um único acidente.

Hoje Portugal, deve à diáspora do seu povo espalhado por todo o Mundo, a riqueza do seu património linguístico, e a afirmação de todos os valores que nos diferencia como uma Nação acolhedora e pacífica, que tem a nossa representação em altos cargos mundiais e europeus; sendo também portuguesa, a atual elite da emigração Mundial, com a mais alta taxa de emigrantes licenciados.

É difícil para os seus familiares, verem os nossos jovens saírem das Universidades e Politécnicos e partirem de seguida; mas a emigração de hoje não é a mesma que chegou a Pau e a Champigny na década de 60; eles vão prestigiar o nosso país, espalhando pelo Mundo o melhor que temos, que é a riqueza da nossa língua e a cultura portuguesa.

O dia de Camões e das comunidades, será sempre recordado pelo povo aventureiro que sempre fomos; sendo os nossos emigrantes espalhados por todo o Mundo, os nossos melhores embaixadores, que onde quer que estejam prestigiam Portugal.

Nota: Ao meu avô paterno; que emigrou para os EUA e faleceu dois anos depois de ter chegado a Fall River Massachusetts, tinha o meu pai um ano de idade.

 

 

 

 

 

 

J. Vitorino – Jornalista

 

 

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