PALESTRA EM ORCA (concelho do FUNDÃO)
A Cooperativa Pinacoteca e a Associação Raia Gerações, organizaram no dia 26 de Novembro de 2023, uma palestra subordinada ao tema “Genealogia das Gentes de Orca”, tendo como orador convidado o professor, historiador e genealogista Joaquim Candeias da Silva.
O evento teve lugar no salão da Casa do Povo da Freguesia de Orca e também sede da Associação Recreativa e Culturallocal (ARCO), palestra que contou com o apoio da Junta de Freguesia de Orca e da ARCO.
Na Mesa estiveram, para além do orador (que é também Presidente da Assembleia Geral da ARCO e académico correspondente da Academia Portuguesa da História), a Presidente da Junta de Freguesia de Orca, Maria da Ressureição Mesquita Saraiva, o Presidente da Cooperativa Pinacoteca, José Barata de Castilho (professor catedrático) e o representante da Associação Raia Gerações, Luís Duque-Vieira.
«Qualquer pessoa, tem 2 pais, 4 avós, 8 bisavós, 16 trisavós, 32 tetravós, 64 pentavós (…)»
– começou por referir o palestrante, partindo da projecção de um famoso soneto do Abade de Jazente (1719-1789), daí concluindo que, em onze gerações (cerca de 300 anos), o número dos nossos antecessores ascende já a 4096 ancestrais; e nestes, aproveitando dos bem-humorados versos do citado Abade, tanto pode entrar gente da mais fina nobreza [«marquês de tal»] como da mais vulgar e humilde plebe.
Certo é que cada um desses ancestrais teve nome, naturalidade, nacionalidade, profissão, vida própria; constituíram famílias; deixaram descendentes e, de um modo geral, heranças, memórias.
E daí que seja importante uma população interessar-se pelas suas origens, por saber quem foram os elos dessa longa cadeia que chegou até nós, pelo menos os mais próximos
Caso não tenham qualquer interesse, as nossas comunidades vão perdendo a sua identidade, acabam por se desenraizar, esquecer laços afectivos e até mesmo desintegrar-se. Então, que fazer? Como preservar o que somos, para o legar aos vindouros? Uma aposta útil pode estar, de facto, na Genealogia.
Joaquim Candeias da Silva, mostrou um acento de baptismo de um seu trisavô – António, que nasceu no dia 02 de Fevereiro de 1822 (dia de Nossa Senhora das Candeias, outrora importante festa litúrgica); e daí o aparecimento de um novo apelido, a juntar aos que vinham do progenitor: “Candeias”.
Esse trisavô António Martins Ferro Candeias faleceu a 6 de Novembro de 1873, deixou vários filhos, não fez testamento e «foi sepultado no adro da igreja, com licença do Administrador do concelho, por não haver lugar no cemitério público» (eram anos de sobremortalidade…).
E foi nesta base que o Professor / historiador se interessou por saber mais, as suas origens mais distantes, as ligações parentais e comunitárias.
A partir dos assentos paroquiais existentes na aldeia ou nos arquivos distritais e centrais, compilou centenas de dados que foi ordenando em esquemas e quadros; e, quando a confusão já era muita, recorreu ao então ainda pouco divulgado PAF (Personal Ancestral File) e ao Family Search, programas informáticos de genealogia que permitem mais facilmente integrar e agilizar informação, com milhares de nomes, datas e lugares… É, pois, a partir dessa já razoável base de dados que Candeias da Silva gosta de “navegar” com os amigos e conterrâneos.
Foi também o que aconteceu na memorável sessão do dia 26, em que nos foi mostrando o funcionamento do PAF, ao mesmo tempo que ia deliciando os presentes com os “pedigrees” que, a pedido dos próprios, iam saindo do computador.
Naturalmente que não podiam faltar apelidos dos mais frequentes de Orca, tais como: Alves, Antunes, Gonçalves, Mateus, Mendes, Mesquita, Salvado, Sanches, Santos, Silva, Boavida, Brito, Cruz, Geada, Penedo, Vinagre, Farinha, Ferro (este com origem na aldeia de Ferro – Covilhã).

Luís Duque Vieira