A caminho de Marte, por J. Vitorino
A conquista de Marte, seria a viagem mais longa da espécie humana
Uma possível viagem dos humanos a Marte, marcará o “canto do cisne” de toda a nossa epopeia no espaço; e toda a logística associada a uma viagem interplanetária que será a primeira enfrentará inúmeros riscos, onde a imponderabilidade e a solidão são a maior preocupação dos cientistas.
Por isso, uma ida a Marte que para nós Astrónomos é mesmo aqui ao lado, o impacto pelo feito se for levado a bom termo, será equivalente às viagens de circunavegação de Fernão de Magalhães, e de Vasco da Gama à Índia no século XV
Marte poderá o próximo refugio humano, para tentarmos salvar a espécie humana de um holocausto nuclear ou climático.
É provável que a viagem a Marte a ser realizada, seja a única a ser feita pelos humanos; porque serão as máquinas híper-inteligentes que iremos construir no futuro, que levarão às Estrelas o conhecimento que lhes vamos transmitir; não obstante elas virem a ser muito mais inteligentes que nós, seremos sempre reconhecidos como os seus progenitores.
(Algumas serão semi-humanas) e levam com elas o nosso ADN, com a missão de levar ao conhecimento de toda a Galáxia, de que fomos os seus “criadores”, a quem no futuro virão a chamar de “Os Mágicos do Cosmos”.
Os Astrónomos e Astrofísicos, têm ao seu dispor três poderosos instrumentos para poder “viajar” até ao Universo profundo, e saber o que se passou a partir daquele milionésimo de segundo que deu origem ao tempo.
O SKA (Square Kilometer Array), cujas antenas estão já a ser construídas na Austrália, África do Sul, Argentina e Moçambique, contam com a colaboração de alguns países incluindo Portugal; que no conjunto perfazem um quilómetro quadrado de área, tornando-o no mais poderoso radiotelescópio do Mundo.
E o E-ELT (European Extremely Large Telescope), com 39 metros de diâmetro que será o maior Telescópio refletor construído até hoje, a que se juntou recentemente o James Webb, deixa a comunidade Científica numa alta mas reservada espectativa, em particular Astrónomos e Astrofísicos.
Enquanto se aguarda pela entrada em ação destes varredores do Cosmos, que são instrumentos fundamentais para o sucesso desta arrojada viagem interplanetária, a NASA continua quase em segredo a preparação para a colocação do primeiro humano em Marte.
Alyssa Carson ainda adolescente, foi a escolhida para pisar o solo marciano em 2033 terá então 32 anos; a Astronauta tem seguido escrupulosamente todo o treino, ao qual ainda vai estar sujeita por mais 9 anos.
O treino rigoroso a que todos os Astronautas serão sujeitos, incide sobre as capacidades físicas e mentais exigíveis ao limite; sendo a mais importante a emocional, onde uma pequena falha pode colocar toda a tripulação e missão em risco.
Marte é o grande desafio; a primeira das grandes barreiras que o homem terá que transpor, para não deixarmos extinguir a nossa espécie; é por isso os Cientistas trabalham arduamente, para não deixar esmorecer o ânimo das décadas de 50/60, que colocou o 1º homem na lua.
O “projeto Marte” é de Wernher Von Braun e data de 1947; foi o primeiro estudo detalhado para uma viagem a Marte, mas só 22 anos depois conseguimos chegar à Lua; os condicionalismos económicos e conflitos no globo, têm constituído um entrave a uma Grande Aliança na exploração Espacial.
O objetivo desta viagem como muitos fantasiam; e não é encontrar vida ou inteligência em Marte, mas sim testar a nossa capacidade para que Marte possa ser se necessário, um refúgio provisório em caso da nossa espécie estar em risco de extinção.
A grande calote gelada encontrada recentemente no polo norte do Planeta vermelho, dá-nos uma réstia de esperança de lá podemos sobreviver quem sabe, (umas centenas ou mesmo milhares de anos).
A eventualidade de uma civilização tecnológica se ter desenvolvido em simultâneo com a nossa, num raio periférico de 15.000 anos-luz é de uma para 10.000 milhões; o que coloca em primeiro plano a nossa sobrevivência, e será apenas de nós que ela dependerá.
J. Vitorino – Astrónomo Amador – Jornalista e Diretor