A Ética, por Joaquim Vitorino

A Ética é uma questão prioritária a ser urgentemente levada a debate pela sociedade portuguesa.

A quebra constante de valores, que deveriam ser salvaguardados para os nossos jovens e futuras gerações, assumiram um estatuto de inevitabilidade, que os consecutivos governos não conseguiram travar; porque vão enchendo os ministérios de gente sem vocação nem ética para governar o país, o que como consequência em poucos anos o levaram a um caudal de pobreza, e uma inaceitável assimetria social.

A apetência pelo que não lhes pertence, e outras ambições pessoais e políticas, levou a que nos últimos anos fossem cometidas graves e sucessivas irregularidades; que em alguns casos parecem inofensivas, mas são preocupantes porque atingem o “coração do Estado português no seu património e segurança”, e  ferem o estado de direito e muito particularmente, a dignidade dos bons cidadãos.

Tem sido largamente comentado na imprensa mundial, situações que não abonam muito a credibilidade do nosso país; muitas vezes atingindo empresários, políticos e cidadãos honestos, que são apanhados na teia; o que vai denegrir a alta credibilidade de Portugal, que através das grandes e médias empresas, têm prestigiado durante anos o nome de Portugal, com a alta qualidade do nosso produto acabado, e a alta qualificação da última geração dos emigrantes, que nos deixaram nos últimos anos; a que se junta os cargos de topo desempenhados por portugueses, em Instituições Internacionais como a União Europeia e Nações Unidas.

A justiça portuguesa, terá que ter um papel fundamental para inverter este paradigma da desconfiança de tudo o que “cheira a português é mau”; sou um ex-emigrante no Reino Unido, e fui durante 11 anos, o principal Cronista no Semanário Mundo Português; que foi durante 50 anos a voz de Portugal junto das nossas comunidades espalhadas pelo mundo (177 países); notícias enviadas para 2000 Universidades e Politécnicos, onde se ensina a língua portuguesa.

(O Jornal Semanário Mundo Português, que teve que fechar em 2022 em consequência da epidemia Covid – 19, durante 21 anos organizou a Feira Mundial da Agricultura no Altice Arena Parque das Nações em Lisboa, e serviu a nossa emigração ao longo de 50 anos (duas gerações), sabia melhor que ninguém o prestígio de Portugal e das nossas comunidades espalhadas pelo mundo; e que eu próprio constatei, quando nas décadas de 60/70 trabalhava em grandes Hotéis no Reino Unido como Food and Beverage Manager.

No meu contacto com pessoas de todo o mundo, ao longo de 40 anos de atividade profissional, sempre me disseram e eu sabia, que Portugal era dos países com mais credibilidade e segurança de toda a Europa, precisamente o contrário do que se passa atualmente. 

Os casos de inoperância da Justiça em Portugal, afeta os nossos emigrantes que têm que enfrentar as críticas depreciativas que fazem ao seu país de origem, com sucessivas notícias de corrupção em Portugal, em que muitas vezes a “Justiça está trancada” pelas leis que foram aprovadas na Assembleia da República; onde as frequentes comissões de inquérito são sempre inconclusivas, porque muitas vezes esbarraram com o interesse dos partidos que as compõem; perdendo-se milhares de horas em reuniões para tapar os olhos aos portugueses, com as provas a caírem em alçapões, que as leis deixaram para trás; o que incentiva os faltosos, a que burlas contra o Estado sejam repetidas impunemente.

Uma situação que está a dar origem a que a imprensa estrangeira, considere os portugueses como um povo pouco confiável e sério, onde a criminalidade tem aumentado a um nível assustador.

Portugal vive num caos de pobreza; não obstante que este governo demissionário, tenha melhorado a imagem do país; em especial a situação dos reformados, e esteja a combater as grandes assimetrias sociais que se vivem em Portugal, que são incompreensivas e inaceitáveis em pleno século XXI.

É natural que nesta situação; quem tem a responsabilidade do estado de pobreza em que os portugueses se encontram, queiram a todo o custo voltar ao poder, para tentar camuflar as verdadeiras causas que colocaram Portugal no (ranking) dos mais pobres da Europa, e continuar a varrer os indícios de culpa pela “divisão dos portugueses em duas classes”; uns muito ricos, e a esmagadora maioria muito pobres.

Os portugueses foram atirados para a pobreza sem retorno por aqueles, que lhes prometeram uma sociedade justa e igualitária, onde supostamente todos teriam os mesmos direitos, mas parece que não é bem assim; como dizia “George Orwell em Triunfo dos Porcos”,  nós somos todos iguais, mas existem uns que são muito mais iguais que os outros.

Manuela Ferreira Leite disse em tempos, num quadro menos grave que o atual, que seria preciso interromper a democracia para recuperar Portugal; com toda a certeza que se referia a este regime, que voluntariamente ou por incompetência empobreceu Portugal.

Os portugueses querem viver em democracia, mas não a que apenas serve as elites políticas e seus amigos; alguns dos leitores questionam-se de quem será a culpa, e a resposta é muito simples; somos nós os culpados, porque permitimos que nos arruinassem este pobre mas belo país.

 OBS: Os nossos emigrantes são diariamente confrontados com notícias, que em nada abona o bom nome de Portugal, sendo a eles que dedico este meu artigo.

J. Vitorino – Jornalista Diretor