A ética e a moral, são dois valores indissociáveis no exercício do serviço público; a quebra constante desta regra, é uma questão prioritária a ser urgentemente levada a debate pela sociedade portuguesa.
A violação destes valores, por quem aceita uma função ao serviço do Estado ou na carreira política, deveria ser severamente penalizada mas não é, e dificilmente o será porque assumiu um estatuto de inevitabilidade, que os consecutivos governos não conseguem travar; porque vão algumas vezes involuntariamente enchendo as fileiras dos seus partidos, e quando são governo os ministérios e autarquias de gente sem vocação, que em muitos casos não têm ética nem moral para o cargo; que como consequência em poucos anos, levaram Portugal a uma tremenda desigualdade social.
A apetência pelo enriquecimento a qualquer custo, levou à prática de graves e sucessivas fraudes algumas das quais, atingiram o “coração do Estado português” no seu património, e numa perspetiva de um futuro melhor para as gerações seguintes.
Os emigrantes portugueses, enfrentam diariamente as críticas depreciativas que fazem ao seu país, com sucessivas notícias de casos de corrupção em Portugal; onde a “Justiça está trancada” pelas leis que foram aprovadas na Assembleia da República, com as frequentes comissões de inquérito a esbarrarem com o interesse de alguns partidos que as compõem; perdendo-se milhares de horas em reuniões; com algumas provas a caírem em alçapões, o que incentiva a que crimes e burlas contra o Estado e Instituições públicas, sejam repetidas sem quaisquer consequências para os faltosos.
Uma situação que está a dar origem, a que alguma imprensa estrangeira considere os portugueses como pouco sérios; um epíteto que se vai manter por muitos anos, e que nos marca a todos como um selo indelével.
A dívida pública portuguesa, esteve em parte na origem do estado de pobreza em que Portugal mergulhou nos últimos anos, onde reformas e subvenções milionárias estão a ser pagas a quem se deve a responsabilidade do atraso a todos os níveis em que nos encontramos; sendo um crime para com aqueles que ainda não nasceram, a que se junta os mais jovens que não têm direito a voto, e todos aqueles que vão para as universidades desmotivados e sem perceptivas de futuro.
“Os portugueses estão divididos em duas classes”; os que têm vindo a tirar benefício da dívida, e a esmagadora maioria que a terão que pagar; até porque se não o fizerem, ficarão subservientes dos credores por várias gerações.
O povo português foi nos últimos anos atirado para a pobreza sem retorno, por aqueles que lhes prometeram uma sociedade justa e igualitária; onde supostamente todos teriam os mesmos direitos, mas parece que não é bem assim.
Portugal é o país da Europa com a maior assimetria social; nos últimos 10 anos perdeu mais de metade da classe média, que veio engrossar o caudal da pobreza; tendo em parte beneficiado a classe política e o setor público, criando um tremendo desequilíbrio entre os portugueses com as mesmas habilitações; como dizia “George Orwell em o Triunfo dos Porcos”, existem uns que são mais iguais que os outros.
Todos nós portugueses queremos viver numa democracia que não sirva apenas as elites e seus amigos, e alguns dos leitores questionam-se de quem será a culpa?, e a resposta é muito simples; somos todos culpados porque estamos há dezenas de anos, a permitir que nos destruam o país.
A democracia portuguesa tem contornos que nos fazem refletir, se o voto dos portugueses merece o respeito que lhes é devido; evidentemente que não mereceu, e muitos sentem-se frustrados porque foram defraudados por aqueles em quem há dezenas de anos têm confiado o seu voto.
Portugal só renascerá das cinzas, com mulheres e homens honestos e patriotas; empenhados em deixar aos seus descendentes um país digno e respeitado, como o foi durante quase oito séculos de Monarquia, que não obstante alguns maus momentos ainda hoje todos nos orgulhamos; e que também dá para refletir, qual o benefício para as duas últimas gerações, que o assalto ao poder há 51 anos trouxe aos portugueses?

J. Vitorino/Jornalista Diretor