Lisboa, do Glamour à mendicidade, por J. Vitorino

Lisboa, do Glamour à mendicidade, por J. Vitorino

                                                           

Mendicidade profissional no Chiado em Lisboa

 

Aquela que já foi a Cidade mais cosmopolita da Europa, e que rivalizou com Paris na moda, perdeu o “glamour” que granjeou noutros tempos; em particular, nas décadas dos anos 30 a 70.

O espaço Schengen (uma porta aberta para os cidadãos da União Europeia), transformou a Cidade de Lisboa em campo aberto de oportunismo e livre circulação, mas nem sempre pelas melhores razões.

Muitos dos novos ocupantes de Lisboa, não entraram em Portugal para procurar trabalho o que seria compreensível, porque nós também somos um país de emigrantes; mas este não é o cosmopolitismo que se quer para Lisboa, porque esta bela Cidade merece muito mais.

Nos últimos anos a Capital de Portugal mudou radicalmente, assemelhando-se mais ao Bangladesh e Vietname; a começar pelos tuk-tuk’s, que transportam os turistas em discutíveis condições de segurança, e de “vagabundos profissionais”, que depois de passarem as fronteiras as autoridades perdem-lhes o “rasto”; porque não procuram trabalho ou não querem trabalhar, para mais facilmente viverem na clandestinidade.

Não falam a nossa língua e nem sequer se esforçam para a aprender; vieram encher a Cidade de lixo, e conspurcar aquela que já foi a Cidade mais limpa de toda a Europa; o que me foi afirmado milhares de vezes por visitantes, durante mais de 40 anos da minha atividade no setor da Hotelaria e Turismo.

Os nossos pobres não se enquadram no meio daqueles, que já viviam nos seus países da “mendicidade profissional”; em Portugal “muitos simulam deficiência física” e dopam crianças que carregam ao colo, para despertarem a generosidade dos portugueses.

Não se pode estabelecer um paralelo com os pobres portugueses; onde nos últimos 14 anos foram atingidos pelo desemprego; enquanto muitos dos novos residentes de Lisboa meteram-se à estrada rumo a Portugal, um país que sabiam estar a atravessar um período difícil.

Note-se que este meu lamento nada tem de xenofobia, porque Portugal sempre deu lições nesse campo; sendo uma sociedade aberta a todos os povos do Mundo, como a nossa história o confirma; trata-se sim, de salvaguardar alguns dos valores que nos são tão carismáticos; como a limpeza física e também  moral, que não se podem dissociar uma da outra.

Eles não vieram para tirar trabalho aos portugueses, porque nem sequer o procuram; mas fazem concorrência nos centros de caridade, que já estão a entrar em rutura.

A justiça dos seus países, onde muitos deles cometeram delitos não os reclama; deixando a Portugal o ónus de ter que arquear com os custos da sua presença, e enfrentar grupos organizados, onde a prostituição por exemplo, têm feito muitos estragos na sociedade portuguesa.

Nos últimos anos, houve um exponencial aumento da mendicidade em Lisboa; muitos dos locais de maior atração turística, foram transformados em “guetos” onde os lisboetas têm receio de entrar.

Há 4 anos escrevi “A Face Oculta de Lisboa” onde coloquei esta situação a descoberto, e que se tem agravado ultimamente; porque levou muitos dos residentes de Lisboa a fugir da cidade que tanto amam; em alguns dos bairros típicos, mais de 50% tiveram que abandonar o local onde sempre viveram, porque se viram cercados por gente em quem não podiam confiar.

A Capital portuguesa até melhorou a “silhueta” com a Ponte Vasco da Gama, e o Parque das Nações como painel de fundo, quando vista pelo lado Oriental; mas perdeu nos últimos anos todo o charme e glamour que herdou do passado; onde a baixa de Lisboa e a zona do Chiado, onde na década de 60 comecei na pastelaria Benard a minha atividade profissional, passaram a locais de risco para os turistas que nos visitam e também para portugueses, onde  roubo e agressões acontecem frequentemente.

Aquela que foi a Cidade mais cantada de todo o Mundo e que o “Fado” tão bem simboliza, vai com toda a certeza continuar a ser preferida dos nossos cantores; a quem peço que em sinal de luto ao cantarem Lisboa, mantenham as vossas capas negras vestidas.

Nas minhas crónicas, tenho apelado dezenas de vezes à solidariedade para com os pobres do nosso país; em situações que não se podem comparar, com muita da pobreza endémica e promíscua da atual Lisboa, que foi estigmatizada pela mendicidade importada, que é um péssimo cartaz turístico para quem nos visita.

OBS: Aos verdadeiros pobres do nosso país; muitos deles, ainda há pouco tempo integravam a classe média em Portugal.

J. Vitorino  –  Jornalista

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