Dia Mundial da Psoríase – 29 de outubro, por Dra. Andreia Gomes
Efeito anti-inflamatório das células estaminais do cordão umbilical na Psoríase
O que é a Psoríase?
A psoríase é uma doença crónica inflamatória da pele que leva ao aparecimento de lesões avermelhadas, espessas e descamativas. É uma doença autoimune, o que faz com que surja quando o sistema imunitário emite sinais anormais que levam ao aceleramento do ciclo de crescimento das células da pele.
A psoríase é bastante comum, não é contagiosa e é mais suscetível em pessoas com a pele mais clara.
Uma das formas mais graves e particularmente incapacitante é a que afeta as articulações e que ocorre em cerca de 10% dos doentes. Nestes doentes é caraterística a deformação das articulações das mãos, pés, membros ou coluna e dor e este tipo de psoríase chama-se artrite psoriática. A psoríase pode manifestar-se em qualquer idade, sendo mais frequente entre os 15 e 30 anos e entre os 50 e 60 anos. Esta doença atinge entre 2% a 4% da população e, estima-se que em Portugal existam cerca de 300 mil pessoas diagnosticadas com psoríase.
Causas
A psoríase pode aparecer em qualquer parte do corpo, e não existe uma causa única para o seu aparecimento. Esta é uma doença multifatorial para qual contribuem fatores imunológicos, genéticos e ambientais.
Normalmente é desencadeada por um acontecimento stressante, uma infeção, a utilização de alguns medicamentos, uma queimadura solar ou pelo tempo frio e seco, entre outras causas. Ou seja, de uma forma geral, o aparecimento da psoríase depende da existência de uma predisposição genética associada a um estímulo externo.
Diagnóstico e Tratamento
A forma mais comum e caraterística da manifestação desta doença é o aparecimento, na pele, de placas salientes, bem delimitadas, grossas, secas e avermelhadas. Estas placas podem ser extensas, normalmente distribuem-se de forma simétrica e, aparecem, maioritariamente nos cotovelos, joelhos e no couro cabeludo. O diagnóstico é realizado pela observação clínica das áreas afetadas por um dermatologista e, em alguns casos, pode haver a necessidade de confirmação através de uma biopsia.
O tratamento da psoríase depende do local do corpo uma vez que a pele apresenta diferentes características consoante o local do corpo. Existem várias opções terapêuticas que ajudam a diminuir os incómodos da psoríase e ajudam, de certa forma, a um ganho de qualidade de vida, uma vez que esta doença pode impactar bastante a qualidade de vida de uma pessoa. Dentro destas opções pode-se destacar a fototerapia e cremes que são usados nas áreas afetadas e medicamentos orais ou injetáveis que são usadas quando a doença progride e impacta a qualidade de vida do doente.
A escolha da terapêutica é realizada especificamente para cada doente tendo em conta o estado da doença, a presença de comorbilidades e o impacto na qualidade de vida do doente.
Esta é uma doença inflamatória para a qual existem cremes que ajudam a diminuir a inflamação e o incómodo, no entanto, esta doença não tem cura. É uma doença crónica e recorrente. Depois de se manifestar a primeira vez, o doente terá períodos de melhoria e períodos de agravamento e intensificação da doença.
Qual é o papel das células estaminais de tecido de cordão umbilical na Psoríase?
Sendo a psoríase uma doença da pele autoimune e inflamatória, as Células Estaminais Mesenquimais provenientes do Tecido do Cordão Umbilical são uma alternativa terapêutica promissora, uma vez que, estas células estaminais apresentam uma forte capacidade de modular o sistema imune e, portanto, exercerem um efeito anti-inflamatório.
Para além desta caraterística, as células estaminais mesenquimais derivadas do cordão umbilical possuem uma superioridade ética (quando comparada com outras fontes de células estaminais), alta capacidade de proliferação e imunossupressão. Uma vez que a colheita do tecido do cordão umbilical é realizada num momento único (no parto), a criopreservação tem proporcionado múltiplos benefícios à terapia celular na medida em que permite guardar estas células sem comprometer as suas funções e benefícios.
A prova e o estudo da eficácia das células estaminais de tecido do cordão umbilical têm sido realizados e resultados animadores estão a surgir. Em 2022, foi publicado um artigo científico referente a um ensaio clínico que avaliou o efeito da infusão de células estaminais mesenquimais de tecido de cordão umbilical em 17 pacientes com psoríase. Os autores relatam que não foram observados efeitos adversos durante o tratamento e todo o período de seguimento após a infusão (6 meses). Dos 17 pacientes, em 8 pacientes foi observado uma melhoria da doença que ronda os 40%, em 3 doentes parece que a melhoria foi completa (de 100%) uma vez que não foi observado nenhum sinal da doença. E os autores também observaram que a eficácia do tratamento das células estaminais de cordão umbilical foi maior em mulheres do que em homens.
Este resultado deve-se à capacidade que as células estaminais do tecido do cordão umbilical de modular o sistema imunológico “tornando-o não tão reativo”, o que ajuda a diminuir a inflamação caraterística desta doença.
Existem mais estudos que comprovam os benefícios destas células no tratamento da psoríase e as comunidades médicas e científicas estão a trabalhar no sentido de expandir os estudos de forma a perceber, pormenorizadamente, como atuam as células estaminais do tecido do cordão umbilical nesta doença.
Estudos como este representam passos importantes na direção de um potencial de cura ou tratamento e refletem a importância de guardar as células estaminais do cordão umbilical. Ao criopreservar estas células pode-se estar a guardar um futuro potencial tratamento.
Dra. Andreia Gomes – Diretora Técnica e de Investigação e Desenvolvimento e Inovação da BebéVida