“2024”, Ano de Esperança e incerteza
Os portugueses não têm motivos para grande otimismo, mas devem encarar 2024 como “um ano de esperança”, imprescindível para que o nosso país, descole da pobreza que atingiu grande parte da sua população.
Portugal regrediu em padrões essenciais para o nosso desenvolvimento; para o qual contribuiu a alta taxa de emigração de mão de obra qualificada nos últimos anos, os salários mais baixos praticados na Europa e também, alguma falta de resiliência que é uma consequência direta, da quebra de investimento e perspetivas pouco animadoras de mudança, a não ser que tudo venha mudar, a seguir às eleições de 10 de março de 2024.
Aos portugueses deserdados da “democracia”, que são os milhões de pobres existentes no nosso país, ainda lhes resta uma ténue esperança, de que o futuro lhes seja um pouco mais promissor; mas essa decisão ainda continua nas mãos, de quem há quase 50 anos tem ditado a sua sorte.
Portugal tem sido governado pelos mesmos partidos políticos, que o sujeitaram a uma maré de imprevisibilidade e de interesses, a que se junta alguns fatores externos como o caso da epidemia e o conflito russo-ucraniano, e mais recentemente a guerra Israel-Palestina.
Deixo para trás a crise económica mundial 2008/2015, de onde todos os países saíram à exceção de Portugal; portanto, tem que existir uma causa-efeito.
Muitas das instituições que têm a cobertura de constitucionalidade, como (Fundações e subvenções vitalícias), estão há muito tempo desenquadradas da realidade portuguesa; porque Portugal está a cair muito rapidamente em pobreza sem retorno, com o mais baixo desenvolvimento nos últimos 20 anos; um entrave à nossa recuperação económica, que é fundamental para dar esperança às nossas crianças e às futuras gerações.
A nossa sociedade está dividida entre ricos e pobres, com os últimos em manifesta desvantagem; em consequência das políticas económicas e sociais, estarem há vários anos a serem ajustadas às teorias partidárias; nunca existindo um consenso de convergência para que Portugal deixe de ser o país mais pobre e subdesenvolvido da Europa; uma marca indelével muito negativa, para quem nos representa lá fora o (corpo diplomático) e também, os nossos emigrantes que muito dignificam o seu país.
E se as principais forças políticas de oposição ao governo PS, continuarem em conflito de interesses, então podemos dizer com toda a segurança, que o futuro dos portugueses continua a ser adiado, até que os movimentos de cidadania despertem para a realidade.
Há anos que o crescimento em Portugal é tímido e envergonhado; tenho residência no mundo rural e das pescas na zona do litoral Oeste, onde a atividade é em grande parte assegurada pela 3ª idade, porque os jovens ou emigraram ou estão há anos desativados, a receberem subsídios de desemprego; cabendo aos idosos (alguns já estão desatualizados, pouco produtivos e sem recursos para aquisição de maquinaria nova) a terem que trabalhar a terra, para reforçarem as miseráveis reformas que recebem, que não são atualizadas decentemente há 16 anos.
É urgente uma dinâmica que desperte os portugueses para o trabalho e a produtividade, complementados de incentivos materiais; o atual governo não deve apenas preocupar-se com os que têm um pouco mais, mas implementar medidas para nivelar para cima os que têm menos; e não esconder as verdadeiras causas da pobreza, que têm nomes e destinatários.
O desequilíbrio entre ricos e pobres está na origem de muito do descontentamento que não beneficia o desenvolvimento do nosso país, que ainda está sufocado por grupos que não abdicam dos privilégios que adquiriram durante anos, acumulados à custa do empobrecimento da grande maioria dos portugueses; se esta situação não for invertida, então a (incerteza continuará a sobrepor-se à esperança).
Muitos dos nossos pobres foram recentemente extraídos à classe média; sendo urgente a sua recuperação para ajudarem na difícil tarefa de colocar Portugal nos caminhos da sustentabilidade, o mínimo que se deve fazer pelas gerações futuras, que vão herdar da atual uma mão cheia de nada.
Os portugueses aguardam que 2024 seja o ano da esperança e da reposição da justiça; é por isso que as eleições de 10 de março de 2024, são encaradas com muita expectativa, alguma esperança, e uma grande incerteza.
É urgente devolver a dignidade aos portugueses; são palavras (vagas) frequentemente ditas por muitos que por ironia, foram os partidos a que pertencem, que colocaram milhões de portugueses na pobreza.
J. Vitorino – Jornalista e Diretor
